Intuições - Poesias Espiritualistas
Quando o poeta escreve seu trabalho intelectual o faz em seu Plano Físico através das percepções sensações, emoções e sentimentos no cotidiano de sua trajetória ou, de vidas passadas. Quando o trabalho intelectual é direcionado ao Plano Espiritual usa como veículo, o corpo astral (perispírito), que pode ser nomeado viagem da alma ou ascensão espiritual onde ocorrem, as intuições e consegue, entender o abstrato de forma intuitiva e descrevê-lo.
01 – Anjos das Trevas
Na vastidão negra noite
Escondidos obscuros nichos
Agitados Anjos das Trevas
Infiltram-se entre homens,
alterando presente e futuro
Cerceando fartura e fortuna
Terra treme catastrófica
Ventanias avivam labaredas
Que consomem colheita que brota
Exala odor de asas queimadas
Parcos pássaros que sobrevoam
Secas árvores desnudas galhos
Noite esconde escudos nocivos
Dos cavaleiros guerras ímpias
Semeadores mazelas na terra
Regozijam-se com templos destruídos
Constroem ara para sacrifícios
Onde recebe oferendas a descrença
Banquete de animais peçonhentos
Enquanto o “eu” verte lágrimas de sangue
Anjo inocente se ergue flamejante
Desperta estrelas que acordam cantando,
Anjos brancos cobrem terra orando
Aspergem unguentos paz e esperanças.
02 – Almas eternas
Almas em encontros e desencontros
Buscam sinal entre Corpos
Compromissos de outras vidas
Assumidos em outras circunstâncias
Um abraço, entre terra e infinito
Almas silenciosas apenas sentem
Dores cicatrizes torturantes
Desvario constante incompletude
Desta forma, estagnação mesmo abstrata,
Cria formas que criam negras cascas
Reversão evolutiva mergulha no caos
Nas brumas, estrela cai na amplidão
Pois voraz é inexorável tempo
Não permite retornos pregressos
Não desvenda o amanhã, pois é impenetrável
Aguardando ansiosas, o Dédalo do Destino
Almas renascem na finitude da vida.
03 - Bagagem da Alma
Almas existem desde o início dos tempos
Excursionam por este imenso Universo
Sopram vidas em corpos por Deus moldados
Cada viagem no Universo que fazem
Impulsionam no veículo que habitam
A cumprir a missão pré-determinada
Resultantes dos saberes armazenados
Alma leve transita, com sua bagagem
De forma tranquila, sua tarefa é estruturar
Mortal designado pelo Criador a guiar
Na sabedoria da fé, cada aprendizado
Existem Almas que vivem densas brumas
Que fazem do mortal veículo de guerra
Traz a marca da destruição, peste e fome
Extermina com crueldade e zomba
Almas que não possuem peso nem medida
Como energias, são envolvidas por trevas
Também existem Almas tristes e perturbadas
Que dos desafios e aprendizados se furtaram
Existem tantas outras que povoam o Universo
A mercê da nefasta bagagem que carregam
Necessitam do homem, um mero mortal,
Apenas a oração com devoção: Ave Maria.
04 – Carrilhões da agonia
Quem sabe um pesadelo ou viagem?
Escalada escarpas montanhosas
Silhuetas que se movem por trilhas áridas
Homem ou Almas em fel de lágrimas
Não lembram a origem, de onde vieram
Não sabem o que reserva o caminho
Cadência dos sinos que tangem
Único som que sinaliza vida
Carrilhões sufocam e cerceiam
Por tempo longo, indefinido
Eco atordoa mente insana
Corpo cai prostrado e fétido
Alma desiste, desaba em agonia.
05 – Encontros e desencontros
Encontros, são Almas que se reconhecem
Não importa qual hierarquia humana
Fadadas cumprir o percurso unidas
Cada ser traz na bagagem experiências
Que podem acrescer ou reduzir o tempo
Encontros plenos dispensam palavras
Realizam-se primeiro na essência individual
Após, na consciência felicidade plena
Desencontros são constantes, não percebidos
Quando silêncio da Alma se evidencia
Verbo inexiste, brilho do olhar desfalece
Fadiga se faz presente, esgotam-se esforços
Fascinação do primeiro encontro fenece
Passos levam à agrestes caminhos a esmo
Revestidos de ausência e sintonia
Onde a taciturnidade é sombra entre seres
Dor do infortúnio e a ruína se instala.
06 – Felicidade
Um projeto de vida
Um direito adquirido
Desde o nascimento
Seja rico ou pobre
Independe cor da pele
Seja herege ou cristão
Felicidade não tem medida
Não é revestida de ouro ou prata
É permeada de sensações, emoções
Doce olhar, uma canção
É saber que o amigo aflito
Necessita da palavra amiga
Que a sabedoria pode ofertar
Felicidade se faz de atenção
Um espontâneo sorriso
Quando coração desperta e acelera
Sentimo-nos parte da imensidão
É escutar a mensagem divina
Felicidade está em você.
07 – Generosidade
Sentimento considerado obsoleto
Nas mentes despidas de sensibilidade
Que semeiam emoções áridas
Ao germinarem tonaram-se pragas
Pestes do desamor e vaidade
Substituíram nobres sentimentos
Pois é mais fácil dar esmolas
Que ofertar amor como alimento
Generosidade é legado da doação
Mãos estendidas para apoiar o outro
Ofertar o que consideramos excessos
Dividir o que temos, mesmo que seja escasso
Generosidade é mais que uma palavra
Um ato que transborda energia e luz
Abre portas de nossa essência divina
Ultrapassa distâncias, raças e credos.
08 - Itinerário
Cada dia novo semear
Em mim, sentimentos nobres,
Para que flores do jardim
Não esmaeçam suas nuances
Permaneçam com fragrâncias
Cada dia novo semear
Busca paz com auto conhecimento
Harmonia e perdoar o ódio
Deslealdade, inveja e desamor,
Hostilidade, intriga e vaidade
Doutrina entre partidas e chegadas
Cada dia um novo semear
Amar a Deus sobre todas as coisas
Natureza e habitantes dos reinos
Aos semelhantes, na mesma sintonia,
Sem conhecer a posse do amor pessoal
Que não dignifica laços afetivos
Cada dia novo semear
Nos sonhos, idealizar metas
No polimento da sensibilidade
Na criatividade e inspiração
Germinar versos e poesia
Permitir o aflorar da Alma
Cada dia novo semear
Amei os cascalhos que pisei
Espinhos que machucaram
Palavras proferidas que feriram
E aqui, entre derrotas e vitórias,
Na colheita, colho bênçãos de Deus.
09 – Juízo final
No fluído vital agonizante em desprendimento
Nascimento, apogeu e morte no contar do tempo
Na terra úmida e lúgubre um corpo é depositado
A escravidão dos vulneráveis sentidos inumado
Sem os grilhões ideias pré-estabelecidas
Sob governo déspota das concepções humanas
Liberdade antes inalcançável se faz lágrimas
Com testemunho do céu com nuvens densas
Uma Alma livre rumo ao infinito desconhecido
Como pássaro flamejante em oscilantes labaredas
Ascende à essência plena do amor represado.
10 – Marcas do tempo
Observamos marcas do tempo
Através rugas da pele
Desgaste corpo físico
Das sementes plantadas
Dos frutos colhidos,
Quando sentimos obscuridade
Pois não usamos o tempo
Para aprendizados obter,
Desgastamos mente e emoções
Em emaranhado de sentimentos
Sem conseguir discernir,
Quando nos detemos no tempo
Para analisar o que é felicidade
E concluímos que fomos felizes
Mas a velocidade do tempo
Não permitiu entender.
11 – Nas asas dos sonhos
Aceitei convite do senhor Tempo
Em suas asas viajei por este Universo
Adentrei, sem medos, em novo espaço
Onde é possível abraçar a felicidade
Esperança, harmonia, união, amor
Espaço sem nuvens escuras
Livre tempestades que assolam
Onde lições sabedoria são ofertadas
Pensamentos definidos, na raiz da lógica
Esculpindo lembranças na memória
Espaço ar puro, com brisa em sussurro
Cantando doces melodias para reflexão
Horizonte distante, onde mora arco-íris
Almas repousam, homens sonham.
12 - Homem e o tempo
Tem gente que usa seu tempo
Direcionado ao caminho do bem
Na existência sua jornada
Semeia sentimentos nobres
Rega e aduba com sabedoria
Flor, fruto, ofertas de Deus
Incapaz desejar ao semelhante
Mazelas que não quer para si
Esta gente colhe na existência
Amizade, respeito e confiança
Tem gente que usa o tempo
Em ociosidade e futilidades
Divide em pensamentos e atos nocivos
Usa o verbo que é Dom sagrado
Para destruir com linguagem ferina
Enviando energias torpes e maléficas
Que serão armazenadas no infinito
Vive de mentiras, ilusões efêmeras
Alimenta-se de trevas, almas denegridas
Tem gente que semeia nos atalhos da vida
Tristeza, ódio, desamor e maldade
Por certo, sua colheita será desventuras
Pois desconhecem leis sábias Universo
“Causa e efeito”, “Atração” e “Retorno”.
13 – Palco de resgate
Luzes palco iluminam plateia
Uma cortina pesada oculta
Atores que por sensações oscilantes
Aguardam temerosos seu desempenho
A peça faz ressurgir antigos personagens
Ressuscitados e atuantes em novos corpos
Que se abraçam e se enlaçam recordando
Vivências velhas Almas em suas viagens
Que atendem ao chamado em clamor
Para um resgate de registros na História
Atores entram em cena, mestres na arte
Narrando guerras santas, políticas, mortes
Amores plenos ou desfeitos, ressarcidos
Laços espirituais da criação se acentuam
Ancestralidade toma forma em corpos
Cada sonoridade voz, sutil energia
Renova-se e mantém espectadores
Extasiados, aturdidos, no passado presente
O imaginário se desfaz, a cortina se fecha
Atores despedem-se individualmente
Portal se abre, adentram de mãos dadas
Heróis da História que foram esquecidos
Descansam as Almas que verdades narraram
Em busca da Paz pela humanidade perdida.
14 – Boa noite meu Deus
Nuances crepusculares anunciam
Dia que finda, tempo de reflexão
Agradeço oportunidades ofertadas
Lógica exercício do Livre Arbítrio
Bálsamo recebido longo da jornada
Pela aceitação do não realizado
Rasgam-se véus, ancoram estrelas
Timidamente Lua eleva-se em fulgor
Uma pintura silenciosa, translúcida
Bela ao consciente, através da visão
Medo ao inconsciente, pelas emoções
Encontro íntimo da Alma com nossos “Eus”
Deus, em meu sono guarda meus sentidos
Afasta pesadelos que se interpõem
Fantasmas delirantes em sombras
Habitantes densas brumas noturnas
Dá-me o sono reparador à matéria
Preenche meu espírito de luz.
15 – Ciclo da semeadura
Semear é missão
Do homem iluminado,
Por solos áridos
Cobertos ervas daninhas,
Por corações com crostas
De emoções negativas,
Por estradas com pedras
Ou jardins com espinhos,
Usar com sabedoria
Dom da palavra,
Propagar aos quatro cantos
Valor de uma crença,
Espalhar amor
Onde reside ódio e ira,
Pregar a paz
Entre os irmãos do desamor,
Semear é ser guerreiro
Sem medo, ir à frente,
Destruindo
Larva nociva que se alastra.
16 – Ciclo da colheita
No ciclo da colheita
O homem colhe resultado
De seu Livre Arbítrio,
É quando entende
Que Deus não é cruel e vingativo,
Pois lhe deu de presente
Dom da inteligência,
Se o Dom foi usado
Com maestria e sabedoria,
Colherá sucesso
E felicidade plena,
Se foi negligente
Colherá mazelas
Sob a Lei da Causa e Efeito,
Desta forma o homem,
E seus ciclos se sucedem
E, infelizmente,
Na maioria das vezes,
É necessária queda
No mundo das trevas,
E através do sofrimento
Compreender,
O significado de um Universo
Edificado, sob energia da luz.
17 – Enquanto
A Terra for arena do cotidiano
Habitada por ferozes guerreiros
Vestidos de guerra e sangue
Para alimentar Ego insano
A Terra for tenebrosa selva
Habitada por astutos caçadores
Vestidos de poder e cobiça
Que vivem eterna disputa
Enquanto,
O Homem estiver cego por ódio
Surdo para escutar lamentos
De dor, solidão e injustiças
Peste negra sofrimento
Invadirá razão e sentimentos
Odor fétido e repugnante
Exalará entre seres e lares
Na obscuridade da sensação
Portanto,
No Universo intangível
Um Anjo suplicará ao Criador
Que ilumine mente do homem
Para que seja eterno guerreiro
Com armas de fé e esperança
Em busca porvir abençoado
Para que cada coração humano
Seja templo da paz e amor.
18 – Finito e infinito
Explosão de vida, matéria, energia
Angústia de saber finito assusta
Consciência da morte corporificada
Que reside na vida, forte e atuante
Impotência de driblar o destino
Conviver com desconhecido
Mente e equações indecifráveis
Equilíbrio entre razão e emoção
Labirintos do invisível e medo
Do infinito interior, os pensamentos
Simbólico e real entrelaçados
Transcendência dos enigmas
Movimento contínuo ou estático
Limitado, ilimitado, imaginário
Multidimensionais, atemporais
Sem opções, homem é parte
E, ao mesmo tempo um todo
Do finito e infinito.
19 – Infelicidade
Perdida no tempo
Te vi caída e sofrida,
De teus olhos opacos
Profundamente tristes,
Escorriam lágrimas de dor
Dor que não era saudade,
Pois era a dor da infelicidade
Dela falamos, nela pensamos
Não sei por quanto tempo
Quando eu parti, ela ficou em mim
No pensamento, no sentimento
Também sei que ficou em ti
Pungida e crucificada
Não sei por quanto tempo
No eternizar, no reencarnar.
20 – Legiões das Almas
Paisagens por Deus escolhidas
Cada uma com sua história de vida
Bagagem repleta nuances
Ausentes ou mesmo, multicoloridas
Àquelas que acreditam em sonhos
Confinadas vivências de outras vidas
Habitam corpos permeados melancolia
Alimentados por desditas infinitas
Outras, perdidas entre desventuras
Presas ao ódio e torpes alucinações
Habitam corpos e semeiam destruição
Como lobos ferozes à espreita da caça
Inúmeras ficam entre trevas
Desconhecendo sua própria essência
Sem elos, apenas diabólicos espectros
Há outras, iluminadas, semeadoras de luz
Habitam corpos em tarefas árduas
Cumprir missão que lhe foi destinada
Espalhar amor, incentivar a caridade
Transformar espinhos em rosas
Odor fétido, em aroma de bálsamo.
21 – Enigmas
Universo, que se faz de impenetrável mistério
Vida, ato de respirar energia intrínseca
Homem, finito, repleto de evasivas metáforas
Percursos, vai e vem com segredos ocultos
Sentinelas, Alma e sua sabedoria alertas
Sentimentos, resultante emoções veladas
Sombra, espectro faz companhia
Morte, realidade passagem efêmera
Som, ruído pensamentos desalinho
Silêncio, caos razão destituído
Fé, Livre Arbítrio, Karmas, Profecias
Tempo, sinfonia existência é maestro
Dia, enlaçar potencial sentidos
Noite, curvar-se diante imenso infinito.
22 – Morte
Sou conhecida pelo nome de morte
Como outro extremo, negativo
Sou destino, única verdade
Desconhecido, realidade temida,
Cronômetro ciclos vida
Sou tempo, enigma imperscrutável
Anjo, pestes, guerras
Se tirania na Terra impera
Sou braço que se ergue forte
Empunho minha espada de prata
Que ceifa algozes, impiedosos
Dos déspotas e infiéis faço ossuários,
Meu manto cobre com densas trevas
Povos, Nações, a Humanidade
Abro minhas asas sobre mortalhas
Mas também sou Anjo do renascer
Para os aflitos e desesperados
Os que estão sob o jugo da dor
Física, emocional, espiritual
Consolo dos aflitos e perdidos
Que rasga abismos profundos
Farol de luz que guia os homens
Nova aurora, um porvir de paz
Desvendarei todos os mistérios
Conduzirei os espíritos às alturas
Sou liberdade, a serviço de Deus
Sou Morte, sou Vida, sou Evolução.
23 – Caminhos, caminhantes
Muitos passam pela existência
Semeando terras áridas
Da ilusão e fantasia,
Sem perceber que amanhã, colheita
Sendo a mesma
Reflexo do cotidiano
No jardim das rosas
É necessário valorizar o espinho,
No jardim dos lírios
É necessário regar paz,
No jardim das emoções
É necessário adubar com equilíbrio,
No jardim da humanidade
É necessário extirpar o desamor,
Assim decorrem os segundos
Os ciclos da vida,
Na busca de atalhos
Para o caminho encurtar,
Mas, sempre retornando
Ao marco inicial,
Pois o tempo
De colher flores e frutos,
Está na balança Divina
Onde o “fiel” é o amor.
24 – Aprendi
Não esmoreci quando as pedras
Interromperam minha jornada
Para testar intensidade da fé
Não pedi o impossível à Deus
Bênçãos resultam de merecimentos
Sentir a essência iluminada
Com a energia sutil divina
Dividir com meus inimigos
Pensamentos e palavras de amor
Que toda espiritualidade é divina
Conexão do Macro e Microcosmo
Prova sabedoria e evolução
Somos instrumentos dedilhados
Pelo mundo luzes ou trevas
Se percepção não for desenvolvida
Não captaremos a energia atuante
Pois espaço entre bem e mal
É um limite tênue que a vaidade
Cegueira não permite distinguir
Que caminhada da fé é como
Farfalhar das folhas nas estações
Ou, como espinhos que ferem a carne
Que o homem é uma pedra bruta
E renascerá através do polimento
Na jornada da sabedoria, abnegação
Olhar formas com a visão d’ Alma
Audição para escutar o alerta
Conselhos das luzes nas indecisões
Lidar com os adversários e respeitar
Suas forças, armas e armadilhas
Vencer o ignóbil poder do mal
Tornar-me invisível aos olhos da face
E visível às suas consciências
Que a palavra é de prata solta ao vento
Percorre os quadrantes do Universo
Pode ser benéfica ou maledicente
Que o silêncio é de ouro e na quietude
Observa-se e aprende-se grandes lições
Como a colheita de separar joio do trigo
De acordo com a grandeza do espírito
Que habita o interior de cada ser
Respeitar as crenças e manifestações
Suas posições no arco-íris de Deus
Por certo conduzem seus rebanhos
Semeiam verdade de sua fé
O homem sábio percorre trajetória
Em busca de realizar sonho universal
“Paz e igualdade na terra entre irmãos”.
25 – Vida
Apenas uma leve ou pesada jornada
A partir do ato carnal entre dois seres
Que se fixa na terra, com primeiro vagido
Do primeiro ciclo chamado nascer
Abrigando Alma desconhecida
Que flutua entre antigas moradas
Vive a sós, sem deixar transparecer
O que sua essência mantém, escondida
Nada mais é que a consciência plena
Que somos instrumentos dedilhados
Por Deus, em sua onisciência divina
Para revestir a Alma sutil energia
E, assim, enquanto não se esgota o tempo
Alma/Vida, Vida/Alma, em cumplicidade
Transitam pelas veredas do destino
Enquanto o Karma não é queimado
E, quando chega o final do último ciclo
Este dueto faz com dor a despedida
Invólucro carnal retorna ao pó
Alma eleva-se, de luz revestida.
26 – Brevemente
Todos serão eternos
Em espaço de luz
Livre amarras terrenas
Sem questionamentos
Sem ocultar segredos
Apenas Almas itinerantes
Corpo sutil em viagem
Sem sonhos ou quimeras
Com asas nos conduziram
Às partículas da memória
Para um tempo desconhecido
Rotulado de imortalidade.
27 – Percurso
Jornada com atalhos tentadores
Homem caminha sem observar ao redor
Sem perceber essência da paz e silêncio
Pois egoísmo toma posse mente e ações
Se iguala aos estúpidos, insensíveis, ignóbeis
Energias nefastas adoecem o espírito
Desperte da estagnação da vida
Decrete seus planos em plenitude
Creia na humildade, esperança, perseverança
Sua real verdade, seus desejos e conquistas
Só você pode registrar capítulos sua história
Ciclo, por ciclo, incluindo desafios e vitórias
Busque equilíbrio e cure desencontros
Temores imaginários, descrença, derrotas
Você é filho de Deus, habitante do Universo
Não se entregue aos sentimentos nocivos
Esteja em harmonia, com consciência e fé
Você tem direito à felicidade
Aconchegue sonhos, na paz da Alma.
28 – Credos
Inúmeros, diversas fontes, dogmas
Para uns, exercício diário da fé
Para outros, apenas crer
Outros vivem em negação, os ateus.
Crer em Deus Todo Poderoso, o Criador
Deve ser o alicerce para as crenças
A espiritualidade é apelo da Alma
Para semear e ver florescer a semente
Não é rótulo ou objeto que te fará crente
Nem o estapafúrdio te fará Mestre
A fé, em silêncio traz a espiritualidade
Humanidade se depara com falsos profetas
Que se enaltecem, na busca novos adeptos
Mas só Deus, o UNO, que amou seus rebanhos.
29 - A passagem
Inquieto, perdido, ascende o espírito
Por um turvo e agreste caminho
Sem entender estado letárgico
Pede liberação e socorro
Um irmão adentra aos portais de Luz
Mais um filho que cumpriu a missão
Retorna inconsciente à pátria espiritual
Despido de identidade e vestes carnais
Um espírito, na bagagem, registro de vida
Desperta da inércia e vê ao longe um farol
Melodias sutis se acercam e acalmam
Tênue luz mais além, aura do anjo
Destinado para receber e conduzir
Ensinar que ali não se faz necessários
Hábitos e sentimentos conflitantes
Renascimento é feito de aprendizados
A primeira lição é conscientização
Que a morte física é o fim dos ciclos
Vida terrestre é fugaz e passageira
Estação do resgate e saldar o Karma
A segunda lição, espíritos te esperam
Família, amigos para em harmonia
Aspirarem, fragrâncias florais eternas
Pois estações não se dividem na eternidade
A terceira lição é que o tempo é atemporal
Passado foi condução do teu Livre Arbítrio
Presente são tarefas em busca da evolução
Futuro é promessa de tua ascensão à LUZ.
30 - Caminho de Fé
É feito de espiritualidade
Pois tem como alicerce a fé
Crer com convicção na energia
Suprema, infinita, abstrata
Semear solidariedade e caridade
Frutificar a generosidade em doação
Fundamentar nossa finitude em prol
De uma missão especial no infinito
Quando o objetivo é servir a Jesus
Não é o caminho da religiosidade
Nem sempre regida pela universalidade
Pois muitas vezes oprime e escraviza
Torna fiéis, marionetes das promessas
De ilusória salvação de pecados
Quando o pecado maior é usar
Palavras em nome do Criador
Semear torpes guerras sanguinárias
Entre homens dizimando irmãos.
31 – Escuta
Sonoridade que te envolve
Crepitar instigante do fogo
Águas nas corredeiras
Farfalhar folhas ao vento
Ecos que das montanhas
Choro um irmão aflito
Risadas das crianças
Gargalhadas dos jovens
Palavras amor pronunciadas
Gorjeio alegre coloridos pássaros
Zumbir abelha na busca néctar
Canto no mar, golfinhos e baleias
Ciciar cigarras alegres no verão
Melodia Anjos em suas Cortes
Pois, tudo que escutas são obras de Deus.
32 – Eternidade
Almas em busca constante da aprendizagem
Vivendo na terra as vicissitudes e desafios
Enquanto na infelicidade transitam os corpos
Sonhando com o impossível nesta passagem
Encontro marcado onde o tempo profetisa
Flutuando no imaterial sem formas concretas
Apenas os aromas indecifráveis nas veredas
Por onde farfalham as folhas na suave brisa
Duas Almas em viagem final ao seu destino
Imortalizando o momento por Deus traçado
Onde o futuro é transformado em infinito
Duas Almas em uníssono, melodia e sintonia
Um sentimento eternizado entre as vidas
Permeado de amor, luzes, sutis energias.
33 – Odoiá
Iemanjá, divindade do grande mar
Quando o “tudo” era o imenso oceano
Imperscrutável, silencioso e destruidor
Senhora da energia misteriosa e criadora
Mãe do equilíbrio, conciliação e amor
Mãe que embala a vida em suas entranhas
Sopro das emoções e inspiração nos homens
Do vigor das vagas ruidosas que dançam
Explodindo em espumas à beira-mar
Protetora dos que navegam em teu reino
Dos que não temem desafios das profundezas
E buscam alimentos para a sobrevivência
Mãe dos sonhos oníricos que invadem a noite
Enquanto a Lua te reverencia no mar
Abençoa a humanidade,
Odoiá minha Mãe Iemanjá.
34 – Espíritos
Cada dia um novo semear
Em mim, sentimentos nobres,
Para que flores do jardim
De minha Alma não feneçam
Sem esmaecer nuances
Sem exaurir aromas
Cada dia novo semear
Busca paz com perdão
Ódio, deslealdade, inveja, desamor
Hostilidade, intriga, vaidade
É doutrina entre partidas e chegadas
Cada dia novo semear
Amar a Deus sobre todas as coisas
Natureza e habitantes dos reinos
Semelhantes, na mesma sintonia,
Sem conhecer a posse do amor pessoal
Que não dignifica laços afetivos
Cada dia novo semear
Nos sonhos idealizando as metas
Polimento da sensibilidade
Criatividade e inspiração
Germinar versos e poesia
Permitir aflorar a Alma
Cada dia novo semear
Amei os cascalhos que pisei
Espinhos que machucaram
Palavras que feriram
E aqui, entre derrotas e vitórias,
Na colheita de Deus, recebo bênçãos.
35 - Fragmentos do Tempo
Nas horas soturnas noite nefasta
Escura como breu, lua oculta,
Abre-se porta do que é eterno
Fragmentos inexorável Tempo,
Primeira sala, saudoso passado
Velado cortinas esmaecidas
Iluminada, chorosas velas de sebo,
Habitada, sombras que lamentam
Alimentadas, tormento e ansiedade,
Caminho percorrido do qual restou
Apenas, entre teias, um santuário
Pergaminhos escritos em hieróglifos
Segredos aflorados tristes Almas,
Alguns passos, nova sala, o presente,
Alternativas, desafios, abismos,
Entrelaçando desejos, quimeras
Através dos anos que envelhecem
Corpo abatido e pele sem viço,
Assistindo óbitos e funerais
Horas e dias que fenecem,
Sala, velada por véus sombrios,
Distante, apenas rótulo, Futuro,
Destino, imensurável enigma.
36 – Liberdade
Ofertas-me asas para subir às alturas
Descortinar infinito, mistério da vida
Viajar quatros cantos do universo
Mergulhar vácuo célere tempo
Repousar sem pressa âmago da Alma
Despir-me vestes ilusórias terra
Romper grilhões que forja vida
Conhecer nudez minha essência
Descobrir horizontes sem fronteiras
Viver venturas com a sabedoria
Que na plenitude do voo emana
Aspirando e inspirando energia
Para em paz, no dia e hora certa
Despedir-me, de forma plena da vida.
37 - Utopia
Inebria homens e vidas
Obstáculo intransponível
Para realizações sonhadas
Desfrutar essência paz interior
Conhecer verdadeira felicidade
Conturba mente, entorpece alma
Aflora sentidos nocivos adormecidos
Inebria desejos contidos pela razão
Transborda fontes ambição
Sentimentos torpes poder e sedução
Vem fome de sexo, poder, opulência
Deforma razão, cega visão da face
Até que despertar despe rotas vestes
Morte toma posse corpo putrefato
E Deus, complacente recebe Alma perdida.
38 - Ilusão Efêmera
Néctar que embriaga mente
Violenta os sentidos homem
Traz torpor à cegueira razão
Nas fontes insanas desejos
Sacia sede orgulho e vaidade
Fomenta fome eterna riqueza
Macula Alma que é perfeita
Quando desperta sente-se caos
Sem rota definida, à deriva vida
Emaranhado astucioso engodo
Mergulho sombra lado escuro
Do qual foge sem coragem enfrentar
Busca fragilizado porto e âncora
Mar sentimentos que habita
Seu interior, chamado esperança.
39 - Limites
Ao homem foi concedido
Um reino, a terra
Mas, na ilusão
De conhecer o desconhecido
Foi interferir nos astros,
E, entre pesquisas e análises
Tenta cada vez mais
Invadir o infinito
Um dia,
Recobrará sua consciência
Que a viagem definida
É retornar,
Ao ponto de partida
E desvendar,
O mistério interior
Conhecer,
Sua própria essência.
40 - Luz na escuridão
Trago trancafiado no peito desejo latente
Gritar aos quatro ventos, liberdade
Cansada, pés sangrando pedras pontiagudas
Subir e descer encostas agrestes vida
Só, como peregrino, desnuda ou vestida
No meio de tantos, moribundos e feridos
Que andam a esmo fugindo escuridão
Da tétrica e fétida estação ilusão
Um rio, uma barca, um barqueiro
Águas mansas e límpidas, travessia
Esperança, crepitar chama energia
Grito que fez pulsar coração aflito
Trespassou Alma no refúgio da aurora
Enfim, luz pariu, no meio da escuridão.
41 - Meditação
Acordar, conectar com natureza
Cumprimentar com meu sol interior, o astro rei
Agradecer a Deus minha visão para contemplar
Nuances multicoloridas Universo
Absorver ar que alimenta minha energia vital
O tato para acariciar tudo que rodeia
Crer na paz e buscar mecanismos para semear
Através sensibilidade e palavras que expresso
Emoções, sentimentos que permeiam o homem
Aceitar o que não pode ser alterado no caminho
Conviver com amor que vida me reservou
Fé escolhida sustenta minha jornada
Viver o presente na plenitude e romper
Estagnação, ideias desarticuladas
Conservar a individualidade
Intransferível – Ser Feliz.
42 - Mente Antagônica
Consciente,
Espiritualidade simboliza luz
Razão rege a decência e o bem
Prudência ajuda na escolha
Justiça traz paz à consciência
Força impulsiona às vitórias
Temperança freia desejos da Alma
Terra fértil a semeadura se expande
O amor e bênçãos regenera
Inconsciente,
Instinto fomenta sombras
Irracionalidade abriga lobos
Insensatez ocasiona loucura
Desequilíbrio disputa verdade
Letargia soterra energia
Imoderado acirra cinco sentidos
Terrenos áridos a semente fenece
O ódio espalha e enraíza
Uma Mente, um Universo,
Um universo antagônico,
Entre o Bem e o Mal,
Enigma, mistério.
43 - Meu Anjo de Guarda
Por Deus, designado desde que,
O espírito que habita meu corpo
Decidiu retornar para resgate
Um Anjo iluminou o ato
Um homem, uma mulher
Entrelaçados pelo amor
Para a concepção
Um Anjo que cuidou da
Formação de cada partícula
Que no plano físico se desenvolvia
Foi à primeira luz que me recebeu
No primeiro vagido neste Universo
Embalou meu choro infantil
Secou lágrimas infortúnios
E também, lágrimas de alegrias
Norteou minha existência pelas veredas
Sempre respeitando meu Livre Arbítrio
Um Anjo especial que guiou missão
Ensinou semear com mão do coração
E extrair o nocivo, com a outra mão
Mostrou-me escada de ascensão
Esperou que galgasse degraus
Amparou dificuldades das quedas
Impulsionou vitórias na arena
Estabilizou alicerce terreno
Acompanhará quando chega colheita
E, no final do ciclo biológico
Carregará em suas asas meu espírito
Para novo espaço, chamado de Luz
Enquanto meu invólucro carnal
Retornará ao seu lugar de origem
Ao pó, até que Deus decida moldar
Novo contorno e novo sopro de vida.
44 - Microcosmo
Homem, habitante do Planeta, mortal finito
Sem conhecer profundidade da inteligência
Criado a semelhança, sábio escultor vida
Tem medo silêncio desconhecido
Letargia, perante despertar consciência
Contemplação essência íntima
Sente vida, subtraída, pelo algoz tempo
Sugado à eternidade velada mistério
Perde-se sem medir atos e consequências
Sem conhecer direção e missão atribuída
Impelido, nas incertezas das contingências
Sua visão, não vê as extremidades da existência
Uma vez que, o início, o meio e o fim no Universo
Mostra vida, como Alquimia, em grande segredo.
45 - Meu nome é felicidade
Você busca e não me encontra
Não estou em nenhum lugar
Porque resido em você,
Não sou objeto, você não me vê
Em sua vida, tudo que rodeia
E pode te fazer feliz você afasta,
Seus olhos perdem o brilho
Sua face sem sorrisos
Pensamentos oscilam como vento
Percepções são condicionadas
Emoções desconcentradas
E eu, tento fazer que aprenda
A valorizar o que merece
Ao acordar, um bom dia a vida
Concentrar trinar dos pássaros,
Observar pessoas que passam
Agradecer chuva que molha terra,
Estender mão e fazer afago
Para criança que vive nas ruas
Um ancião que carece atenção
A flor que desabrocha
Despertar cinco sentidos,
Sou intocável, emoção, qualidade
É preciso apenas, comigo querer conviver
Estar pronto para me conquistar
Desejar ser afortunado, contente, satisfeito
Construir teus projetos de vida e realizá-los
Individualizar teu Universo interior
Pois, ser feliz é somar instantes plenos
Conservá-los através do tempo.
46 - Minha Alma Alada
Em voo acima cercanias, lagos, vales
Planando montanhas, nuvens, oceanos
Entre Astros, em busca evolução
Nos confins da abóboda celeste
Move-se com facilidade no amanhecer
Entre Terra e constelações distantes
Sorvendo fogo etéreo regiões límpidas
Como néctar servido taça celestial
Em mergulho, à noite firmamento
Absorve energias encanto, magia
Abastece beleza, fascínio, sedução
Na solidão serena desta viagem de luz
Purifica-se, com energia indivisível ar
Reveste-se inúmeras nuances translúcidas
Retorna à sua forma substancial, energia vital.
47 – Escrevo
Sobre lágrimas que vertem
Perdas, dores sentidas
Dramas, tristezas da vida
Cruel desafeto, frustrações
Amor que sem saber feneceu
Ódio que permeia seres
Ações de rebeldias
Sentimento altruísmo
Escrevo com pena esperança
Com perseverança e idealismo
Que um dia filhos de Deus
Despertem da torpe demência
Semeiem na terra fértil do amor
Paz e igualdade entre irmãos.
48 - Missão
O Homem tem missão pré-definida
Às vezes, uma trilha de austeridade
Outras, movendo-se com lentidão
Sempre absorvendo das experiências
Aprendizado que conduz à maturidade
Alma, revestida energia e luz
Traz na bagagem lições de vida
Resultarão sucessos ou desditas
Conforme exercício do Livre Arbítrio
Se na esperança depositou felicidade
Ou, vivenciou futilidade e prazeres
Assim se faz jornada na existência
Até que partida se faça presente
Com louros ou espinhos até o Senhor.
49 - Natureza Humana
Ao nascer, recebeu inúmeros dons Divinos
Coragem e força vencer os obstáculos
Razão e emoções, na justa medida
Grandeza interior, como essência
Iluminação, que advém da Alma
Ousadia, em busca da liberdade plena
Posição, que ocupa no grande Universo
Lutar pela paz, mesmo sem ser guerreiro
Experiência, que se oportuniza no renascer
Origem, proveniente da lama, como lótus
Purificação, pelo poder do bem e verdade
Sabedoria, do silêncio que o torna Mestre
Alquimia que se processa, em velado mistério
Ser aprendiz e herói, mas nunca Rei.
50 - Olhar da Alma
Olhar da alma é translúcido
Transpõe barreira do horizonte
Encontra energias que cintilam
Atrai novas perspectivas,
Ensina discernir emoções das sensações
Voltar-se para interior sem medo,
Ser autêntico, liberando sentimentos
Acordar da letargia eminente,
Fala origem nossos mistérios
Enfrentar o impenetrável
Ultrapassar limites invisíveis
Separar realidade dos sonhos,
O olhar da alma nos despe
Tabus, traumas escondidos,
Mostra vida como arco-íris
Alimenta esperança perdida,
Indica caminhos a serem percorridos
Sobre certezas escolhas vida
Incentiva audácia busca
Resgata verdadeira essência.
51 - Perscrutador olhar
Com olhar inquisitivo
Em busca da sabedoria
O Homem queda-se
A observar Natureza,
A árvore, estabilidade,
Frágeis galhos, atalhos,
Funcionalidade folhas
Frutos que brotam
Flores que germinam,
Revoadas borboletas
Corpos etéreos multiformes,
Gorjear pássaros
Autenticar liberdade,
Firmamento se reveste
Multicores translúcidas,
Garoa que asperge bênçãos
Umedece e alimenta a vida
Os que habitam éden terrestre,
Encobertos por manto sagrado
Residem como passageiros do tempo
Também Anjos e homens de boa vontade.
52 – Polos
Aquém de nosso invólucro físico
Existe a essência interior
Que projeta o homem
Na imensidão Universo
Composto por dois polos,
Bem e Mal
Constante luta de sobrevivência
Homem imerge e submerge,
Deixando, muitas vezes
Potencial irracional
Desvalorizar inteligência
Inconstante, pois não é capaz
Permitir que a luz
Infiltre-se em suas trevas.
53 - Porto das almas
Noite escura, um rio entre brumas se descortina
Barqueiro decrépito em viagens contínuas
Transporta Almas estranhas cercanias
Murmura canção triste e dolente
Nem todas estão conscientes travessia
Algumas pedem clemência desejando ficar
Outras, como zumbis, empurradas sem dó
Barco desliza no rio carregando fenecer
Obcecados pedem moedas
Céticos insanos dão gargalhadas
Evoluídos conhecem o processo
Decorrem épocas, estórias se propagam
Com ou sem barqueiro, todos fazem a travessia
Sem rótulo de raças, cristãos ou ateus
No Porto das Almas, suas incertezas ancoram.
54 - Princípio e Fim
Um mistério enterrado éter Universo
Sentinelas enigmas e guardiões da razão
Desde o princípio, início da criação
Quando o Verbo era Deus e Deus era o Verbo
Fez-se o sopro da vida, transformado em carne
Carne se fez desejo, desejo se fez pecado
Pecado desenhou emoções, jogou-as ao vento
Para que fossem semeadas entre tempos
Floresceu inteligência e sentidos
E assim, se fizeram pensamentos infaustos
Se fez vida entre poder e cobiça
Fim se fez presente, o presente se fez caos
Caos se fez serpente destilou veneno
Alimentou ganância homens, meros mortais.
55 - Registros
Um livro, uma vida
Caminhos, atalhos percorridos
Atravessando lagos e oceanos
De emoções e sentimentos
Esfolando, sangrando os pés
Na selva de pedra, a existência
Que cabe apenas a você construir
Um livro, uma vida
Semeadura farta sem consciência
Sem adubar ou alimentar a raiz
Se árvore floresceu ótimo
Sorrindo vamos colher louros
Ao contrário, o culpado é azar
Assim se fez o passado e presente
Um livro, uma vida
Páginas folheadas, amareladas
Algumas rasgadas, queimadas
Outras, ignoradas por fracassos
Algumas, borradas pelo pranto
Outras em branco, por covardia
Em muitas, registros de fantasias
Um livro, uma vida
Escrito por sua pena no pergaminho
Norteada por pensamentos e atos
Insucessos ou sucessos que você atraiu
Última folha, último registro é tarde
Não há mais oportunidades, nem desafios
Fecha-se o Livro, com passamento.
56 - Sacralidade e Sacrilégio
Sacralidade, prescrito e exaltado pelo Divino
Possui garantia de sobrenatural
Paradigma instigante a ser desvendado
Astros em seus domínios cósmicos
Natureza, seus Elementos e Elementais
Divindades nas religiões e seus rituais
Raiz destino homens e deuses
Mistérios corpo, vida, morte,
Processo fecundação, sexualidade
Futuro como tempo, tratado como enigma
Amplidão poder humano que fascina
Sacerdotes, mágicos, sábios, intelectuais
Sacrilégio, proibido ou condenado pelo Divino
Desmandos sobre a Natureza,
Obra de Deus, a Mãe dadivosa,
Que protege todos seres vivos
Ao sofrer injúrias, do Homem, seu filho
Impõe-lhe limites, pela lei de ação e reação,
Devolvendo-lhes os mesmos resultados,
Como lições a título de precioso aprendizado
A profanação da sacralidade do Microcosmo
Homens que professam fé com seus dogmas
Como se sagrado não pertencesse ao humano,
Como se a questão do sentido transcendente
Do ser e da vida pudesse ser encoberto.
57 - Prece à Deus
Senhor criador deste Universo e seus filhos
Olhai por nós, inúmeras seres na terra,
Ilumina nossa jornada para semeadura
Não permita que desânimo nos habite
Amparai-nos para que anseios nocivos
Não corrompam nossa missão de evangelizar
Frutos que nascem de nosso ventre
Que a caridade resplandeça sobre sombras
Que se infiltram na paz e igualdade
Entre homens de mentes conturbadas
Moldaste-nos poderosos, merecedores de bênçãos
Ofertaste dons de amor, sensibilidade,
Carinho, beleza, ternura e dedicação,
Que homens reconheçam o valor
Respeitam desígnios divinos quando,
Escolheste a Mulher, para simbolizar vida.
58 - Prece a Jesus
Jesus, que teu sacrifício seja enaltecido
Entre povos do Universo e suas crenças
Salvaste e abençoaste teus filhos sem distinção
Unindo a humanidade por sentimentos nobres
Senda da luz no caminho do amor e perdão
Crucificado por semeares a paz e a união
Redimindo teus filhos dos atos insanos
Ignorando traições, renúncias e castigos
Filho de Deus, nosso irmão feito homem
Transformaste o mundo e perdoaste pecadores
Teu martírio simboliza a salvação dos homens
Sinaliza com tua luz nossas emoções e sentimentos
Abranda em nossos corações, orgulho e vaidade
Livrai-nos do desequilíbrio, discórdia e avareza
Violência, egoísmo, ignorância, dor e sofrimento
Angústia, tristeza, desespero, descontrole
Ilusão, aflição, ofensa, amargura e descrença
Mazelas do corpo que dilaceram a Alma
Humilhem-se falsos profetas que se mascaram
Usurpando colheitas benditas dos justos
Mostra farol esperança que será nosso guia
Ampara a terra nas renovações constantes
Nosso destino que seja acatado com sabedoria
Ilumina nossos cinco sentidos para que tenhamos
Discernimento justo sobre valor moral das causas
Amando sem exigências, ajudando em doação
Desprendendo-nos dos enganos do mundo
Expulsa sombras desigualdade e desamor
Acompanhados sejamos da humildade
Motivados pela singeleza e serenidade
Expressar compreensão e tolerância
Morte à nocividade e glória à fé semeada.
59 - Óbito
Invade vida sem aviso
Anuncia fim dos ciclos
Morte, consequência da vida,
Sem conchavos e preferências
Cor, credo, idade ou sexo,
Camada social ou cultural
Adeus entre corpos e almas
Corpo em uma lápide fria
Sepulcro escuro, odor fétido,
Flores, orações, lágrimas e lamentos,
Anjo da Morte recepciona
Cobre com o manto fúnebre
Entre sombras e audazes demônios
Hediondos, na sepultura a vagar
Alma, inconsciente, busca o Norte,
Da aceitação e entendimento
Romper barreira da atmosfera
Ascensão, busca vereda de luz,
Anjo da Vida, sorri e convida,
Em murmúrio suave, para renascer,
No berço da homogeneidade e da paz,
Tempo sem tempo em aprendizado
Estrela firmamento junto ao Pai.
60 - Reis Magos
Estrela anunciação fez um rastro de luz
Silenciosa iluminou negro firmamento
Traçou rota para cidade de Belém
Reunindo três Sábios Reis Magos
Em longa jornada de fé e esperança
Levando em suas comitivas, presentes
Agrados, ao Menino Santo que nasceu
Dia e noite, guiados por sua luz e poder
Entre descansos e caminhadas, até Jesus
Belchior partiu Europa e ofertou ouro
Enquanto Baltazar, África, ofertou mirra
Levando incenso, rei Gaspar veio da Índia
E, assim, foi cumprida a profecia de Deus
Messias será adorado por todos Reis.
61 - Secularidade, Temporalidade
Séculos passam, tempo passa
Entre arrebóis amanhecer e ocasos
Que se atraem e distanciam
Entre passado, presente e futuro
Intempéries que decisões alteram
Passa tempo, passam séculos
São metáforas e incógnitas crescentes
Qual clepsidra e o elemento água
Ou a ampulheta e elemento terra
Transitoriedade da existência
Tempo passa, séculos passam
Entre aromas da Alma que se fixam
Brilho fugaz das gotículas de chuva
Mudanças de curso do destino
Escritas no pergaminho divino
Secularidade, temporalidade
Incontestável e inexorável registros
Desde vagido até o último suspiro
Certezas viagens passadas e futuras
Sementes e raízes na vida, a subsistência.
62 - Seca lágrimas
Mesmo que tenhas sonhos desfeitos
A caminhada seja só de lamentos
Espinhos martirizem a mente
Que teu corpo dilacere enfermo
Energia que te permeia
Seja chama esmaecida
Na jornada terrena nada é perfeito
Transição entre Karmas e Darmas
Ora livre, homem feito de sorrisos
Ora em grilhões, de feridas é ornado
O ato de respirar alimenta esperança
Mesmo que seja uma tênue fumaça
Que paira nas estações da existência
Quando o desgaste petrifica o homem
Anjo estende asas em abraços
Pois se extingue o sutil sopro vital
Resta levar bagagem de lágrimas
Na travessia serão estrelas no infinito
Para guiar os que aqui ficam até o final.
63 - Sim ou Não
Duas palavras que, na maioria das vezes
Pronunciadas sem sentido e a esmo
Sim, palavra afirmativa, projetos
Não, palavra negativa, sentenças.
Entre o Sim e o Não, o homem faz seu percurso
Um mágico momento pode alterar
Redefinir curso de uma ou mais vidas
Decretar o que denominamos futuro
Não ou Sim, são escolhas fatais conscientes
Inerentes aos aspectos nelas permeados
Por Livre Arbítrio latente, são geradas
Sim ou Não, eterna evolução e aprendizado
Após pronuncia é necessária sabedoria
Para erros e acertos serem administrados.
64 - Sinal da Cruz
Desde tenra idade aprendi que
Sinal da Cruz nos une a Deus,
Mas não me ensinaram a unir
Três dedos da mão direita,
Polegar, indicador e médio
Para Santíssima Trindade simbolizar,
Apoiar dedos restantes
Na palma da mão do poder,
Que representa a natureza
Humana e divina de Cristo em um só,
Não me ensinaram que a cruz
Representa os quadrantes da terra,
Que contém energias cósmicas
Para a consciência espiritual despertar,
Não me ensinaram que cada ser
Tem uma mão especial, pois
A Mão Fogo pede a proteção
A Mão Água pede energia
A Mão Ar pede o equilíbrio
A Mão Terra pede a fixação,
Hoje, após inúmeros aprendizados
Minha oração é feita em silêncio
Para que minha Alma se conecte a Deus
E julgue meus merecimentos.
65 - Sintonia das Almas
Não existe o acaso
Existem encontros
Passageiros do tempo
No imenso Universo
Por terras distantes
No tempo certo
Com hora pré-fixada
Independente de vontade
Pois são sonhos e desejos
Que cruzam e se buscam
São Almas em sintonia
Uma atração magnética
Como o irmão Sol e Lua
Mesmo distantes pelo curso da vida
Encontro por merecimento acontece
Almas são energias que se sintonizam
Autenticando seu pensar, seu sentir
Como se fossem o irmão Sol e irmã Lua
Em compatibilidade harmônica e magnética.
66 - Harmonia
Desafios constantes me despertaram
Mergulhei luz infinita da Alma
Para obter respostas às inquietações
Que afligiam a mente constantemente
Desde então, a paz habita meu interior
Aprendi que o corpo físico é um invólucro
Para ocultar a Alma que busca evolução
Na transitoriedade que habita energia
Aprendi que ao nascer recebi dons divinos
E, ao desenvolvê-los e aperfeiçoá-los
Venceria obstáculos a mim destinados.
67 - Solidariedade
Aprendi que solidariedade
Não é apenas um substantivo
Palavra que contém profunda essência
Pilar respeito em nosso alicerce formativo
No qual muitas vezes, não tivemos bons exemplos.
Solidariedade é um sentimento íntimo que brota
Alimentado por boas ações no dia-a-dia
Não é dar esmolas que não dignifica o homem
É apoiar nos insucessos mostrando o caminho
Aprender a administrar grandes diferenças
Ajudar com palavras crítica construtiva
Estender mãos para apoiar desvalidos
Sem olhar raça, sexo e credo.
68 - Sons da Natureza
Audíveis,
Na natureza tudo é harmônico
Terra com seus inúmeros sons
Jorrar em mansidão fontes
Murmúrio vagas nos oceanos
Melodia astros em seu fulgurar
Em harmonia, sem suntuosidade
Sibilar ventos nas suaves brisas
Cantar das aves e pássaros
Voz humana em tons melódicos.
Inaudíveis,
Diálogo entre Homem e Deus,
Pai que lhe proporciona desafios
Conhecimentos e aprendizados
Orienta a missão a ser cumprida
Após iluminação interior,
Descortina-se a sabedoria
Que sons da natureza
É fruto do amor Onipresente,
Criação Divina.
69 - Tempo e Eternidade
Tempo é uma presença transitória
Em contraste com a eternidade
Que é uma presença permanente
Tempo coexiste com eternidade
Homem, criatura do tempo,
Tem dificuldade em diferenciá-los
Tempo se divide em três ciclos
Move-se entre passado, presente e futuro
Duração mensurável de sucessões
Eternidade não é dividida, medida,
Não pode ser diminuída ou alongada
Apenas crê-se que é incomensurável
Permanente, sem mudanças ou fim,
Homem, ao findar missão encarnatória
Faz a viagem, do tempo para eternidade
Extensão de sua experiência no Tempo
É substituída na Eternidade pela intensidade
Da luz obtida no processo evolutivo da jornada.
70 - Tempo de Viver
Tempo passa lépido ou vagaroso,
Constantes ciclos de nascer e fenecer
Não pode ser esquecido, pois não perdoa
Doa, extrai, arrasta, esmaga, destrói
Impaciente, algoz, cruel e sorrateiro
Observa-se sua imponência e destreza
Quando se oculta entre auroras e anoitecer
Enigma indecifrável sua durabilidade
Não espera e se importa se é o momento
Pois o Homem com seu Livre Arbítrio
Sinaliza seu Tempo de Viver.
71 - Travessia
Na ponte do inexorável Tempo
Viagem com rotas de incógnitas
Deixar atrás o penhasco profundo
Abismo insondável e misterioso
Onde inúmeras vidas feneceram
Em busca novo renascer
Novos sonhos, novo destino
Com olhar arrojado de esperança
Ofertando a face às caricias da brisa
Ancorando no sussurro da Alma
Para uma travessia de paz e de luz.
72 - Veredas de Luz
Quantos caminhos a vida nos apresenta
Muitas vezes, a indecisão se faz presente
Até que a mente se aquieta com serenidade
As emoções e sentimentos atenuam-se
Os olhos perscrutam além do horizonte
O Farol que norteia a Vereda da Luz
Magnífica paisagem descortina
Vejo minha imagem refletir-se no espelho
Adentro ao reflexo, ao encontro com a Alma
Em sintonia perfeita a contemplo em mim
Em aquiescência consciente reativo a sutil energia
Livre das amarras que encarceram pensamentos
Da inconsequente expressão do verbo proferido
Dos algozes atos, que destruidores, voltam em eco
E, assim, se faz a caminhada de luz, não após morte
Sim enquanto vida, no encontro com a essência
No resgate e exercício da espiritualidade plena
Na descoberta do tesouro, a paz interior.
73 - Versos Negros
Uma Ode às Almas
Seus mistérios e segredos
Suas sinfonias soturnas
Orquestras decadentes
Instrumentos silenciosos
Apenas som do vento
Ao atravessar o tempo
Que urge em seus ciclos
Por lamentos de dor
Consumida por angústia
Escondem-se nas profundezas
Consciente da devastação
Condenada à decadência
Enclausurada no esquife
Das frustrações e desejos
Na tumba uma epígrafe
Autenticando a falência
“Quem às brumas optou”.
74 – Retorno
Inquieto, perdido, em busca do farol
Para iluminar o turvo e agreste caminho
Sem entender seu estado gélido e letárgico
Som rouco e aflito surge na garganta
Um pedido de liberação e socorro
Mais um irmão adentra os Portais de Luz
Mais um filho que cumpriu sua missão
Retorna inconsciente à sua pátria espiritual
Despojado das vestes carnais que o rotulavam
Um espírito, uma bagagem, um registro de vida
Desperta de sua inércia e vê ao longe o farol
Aroma de flores invade seus sentidos resistentes
Tênue luz desponta mais além, um Anjo
Anjo que Deus destinou para lhe receber
Mostrar que ali não se faz necessários hábitos
Honrarias, emoções, sentimentos conflitantes
Que sua travessia foi um renascer, à outra vida
Também é feita de desafios e aprendizados
Primeira lição é a conscientização, a certeza
A morte física é inevitável, um fim de ciclo
Pois a vida terrestre é fugaz e passageira
Estação do resgate, cumprimento do Karma
Segunda lição é saber que aqui não há tempo
Estações não se dividem, as flores são eternas
Amigos são de ouro e prata, seres iluminados
Terceira lição é a chave que abrirá
Portas que te separam do Criador
Passado foi condução teu Livre Arbítrio
Presente são tarefas em busca evolução
Futuro é promessa, ascensão na luz.
75 - Viagem dos Ciclos
A vida é uma viagem entre o ir e vir do tempo
Veículo, itinerário é escolhido por nós
De acordo com metas desejadas
Passamos por inúmeras estações,
Cada uma nos oferta conhecimento
Aprendizados e sabedoria,
Através do que observamos
Nos passageiros que conosco viajam
E entre metas estão realizações,
A paz interior e a felicidade,
Por certo, obstáculos que,
Muitas vezes parecem intransponíveis,
Por certo, em alguma curva da viagem
As forças desabam, as lágrimas brotam,
O cansaço desanima e se torna obstáculo
Mas, dentro de cada ser,
Existe uma energia invencível
Que nos ergue e nos faz vitoriosos.
76 - Vida terrena e passagem
Portais paralelos, quase sempre em conflito
Corpos, Almas, entre nascer, viver, fenecer
Portais abrem e fecham no tempo marcado
Solenidades idênticas na medida da encomenda
Revestidos de simplicidade ou suntuosidade
Caminho temível e desconhecido destino
Na vida, promessas generosas, metas malogradas
Sutis esperanças à deriva intempéries opressoras
Ideais perdidos entre rotas inexorável tempo
Encarcerados na memória da consciência
Na morte, descortinar dos mistérios e enigmas
Ao adentrar ao Portal transpondo epitáfios
Templo sem teto, apenas um ciclo findo
Única realidade de propósito grafado
Quimeras, crenças, na história entrelaçadas.
77 – Nova casa
Espaço inexplorado
Sinfonia angelical, luzes, cores, aromas
Habitação, sem teto, portas, janelas
Passagem entre vida e morte
Sem astros, sem dia e noite,
Fusão mar, horizonte, infinito
Onde habitam Almas imortais
No aguardo de seu retorno
Tempo real nas estações da existência
O restante é incógnito
Quem sabe, em indagações passamos o tempo
Quem sabe, é a atemporal fração de segundo
Quem sabe, desperdiçado ou usufruído.
78 - Espectros
Badaladas longínquas tangendo lamúrias
Espectros prostrados, prantos entrecortados
Perambulam, rastejam, gritam horas soturnas
Amarrados aos grilhões em horas tristes diurnas
Perambulam silenciosos feridos de espinhos
Espectros de Hades de ébano cobertos
Arrastando-se às profundezas dos submundos
Infinitos espíritos curvados sobre ferros
Que mantém cravados em seus infernos
Ventos ásperos perpassam distantes colinas
Arvoredos inebriados dançam na noite de breu
Unem-se ao gemer das Harpias mitológicas
Risadas maquiavélicas de bruxas encarquilhadas
Sombras deformadas, formas estranhas
Enquanto Anjos estendem mãos para consolo.
79 – Anjo da Guarda
Tua luz das noites de nevoeiros
Ilumina caminhos tortuosos
Traz respostas aos questionamentos
Guia teus passos quando cansados
Traz calma quando estás assustada
Ajuda entender a missão neste planeta
Alimenta esperanças realizar sonhos
Sua luz é constante, impassível pelas rajadas
Ventos fortes que assolam humanidade
Renova o ânimo com novas energias
Fortalece inteligência e sabedoria
É luz, companhia, quando te sentes destruída.
80. Bagagem individual
Quando decidimos abrir
O baú de recordações
Enfrentar obstáculos
Que não foram superados
Pois a inércia fez fugir,
Quando nos conscientizamos
Que aprendemos a dividir o tudo
Diminuir sonhos e vitórias
Multiplicar amor universal
Somar arduamente, com todos
Excluindo nossa pessoa
Quando despertamos um dia
Ao analisarmos a existência
Sentimos que desconhecemos
Nossa essência interior
E, neste momento cruciante
Desperta a fera adormecida
Impulsionando-nos a lutar,
E entender que o tempo
É soma de instantes
Passado não retorna
Presente deve ser pleno
Futuro a Deus pertence.
81. Caridade
Não importa o tempo
Pois todo é abençoado,
E a caridade
Não tem pressa para ser doada,
É conduzir pensamento
Para uma meta já definida,
Domar as feras soltas
Na arena vida,
Espalhar esperança
Humildade e consciência,
De um dia, vibrar em todos
O amor universal em sintonia.
82. Trajetória
Cada dia novo semear
Em mim, sentimentos nobres,
Para que flores do jardim
De minha Alma não feneçam
Sem esmaecer nuances
Sem exaurir seus aromas
Cada dia novo semear
Busca da paz com auto perdão
Sabedoria de perdoar aos semelhantes,
Seus sentimentos nocivos semeados
Hostilidade, ódio, intriga e vaidade,
É doutrina entre partidas e chegadas
Amar a Deus sobre todas as coisas
Natureza e habitantes dos reinos
Semelhantes, na mesma sintonia
Sem conhecer a posse do amor pessoal
Que não dignifica laços afetivos
Cada dia novo semear
Nos sonhos idealizar metas
Polimento sensibilidade
Criatividade e inspiração
Germinar versos e poesia
Permitir aflorar da alma
Cada dia novo semear
Perdoar cascalhos que pisei
Espinhos que machucaram
Palavras proferidas que feriram
E aqui, entre derrotas e vitórias,
Na colheita, colho bênçãos de Deus.
83. Passagem
Invade a vida sem aviso
Anunciando fim ciclos
Morte, consequência vida,
Sem conchavos e preferências
Cor, credo, idade ou sexo,
Camada social ou cultural
Adeus entre corpos e almas
Corpo em uma lápide fria
Sepulcro escuro, odor fétido,
Flores, orações, lágrimas, lamentos,
Anjo da Morte recepcionando
Cobrindo com manto fúnebre
Entre sombras e audazes demônios
Hediondos, na sepultura a vagar
Alma, inconsciente, busca o Norte,
Ascensão, busca vereda de luz,
Anjo da Vida lhe convida,
Em murmúrio suave para renascer
Berço homogeneidade e paz,
Tempo sem tempo, aprendizado
Estrela firmamento junto ao Pai.
84. Criação Divina
O Absoluto, o Caos, interligação de massas disformes,
Fogo, água, ar, terra, sem atribuições definidas,
Até que Deus, o meu, o teu, quem sabe o de todos,
Sintonizando suas vibrações onipotentes e divinas,
Estabeleceu leis, criou reinos e processos evolutivos.
Ao fogo, atribuiu à representação da chama interna,
A água, a manifestação emocional,
Ao ar, a clareza dos pensamentos,
A terra à estabilidade e organização.
O ausente se tornou presente, foi o início da criação.
Firmamento repleto de brilhantes constelações,
Terra coberta por manta em tons de verde
Bordada em altos e baixos relevos,
A água caia como chuva de prata,
Formando lagos, rios, cascatas e oceanos.
Criou árvores para abrigo, frutos e flores
Animais de todas espécies e cores
Cada um em seu referido habitat
Na certeza que a natureza estava perfeita,
Pois o conjunto era de exuberante beleza.
Faltava algo e Deus criou o homem,
Como Pai acreditou ser sua obra suprema,
Agraciou-o com faculdades divinas,
Pois a forma era a sua semelhança,
Mas ao criar o homem com seu livre arbítrio
Criou a arma que destruiria a Natureza.
85. Ecos da Alma
Repercutem em sintonia
Entre o infinito e a terra
Em uníssono com a brisa
Soprada dos quatro ventos
Entrelaçados com acordes
Notas melódicas das harpas
Ecos da Alma são indecifráveis,
Intensos infinitos instantes
Viajam entre o Macrocosmo
Silenciam no tapete de estrelas
Onde portais abrem a noite
Liberando sonhos para mortais
Realizarem desejos em segredo
Entre suspiros e dolorosos ais.
86. Sonoridade
Muito longe, o explodir das vagas à beira-mar
Invisível, o grito dos espíritos em agonia
Com tremores a chorar sua dor imensurável
O assobio dos ventos uivando e rasgando
Folhagens que em fragmentos esvoaçam
sentinelas do tempo que em vigília na noite
Aprisionam fantasmas que habitam as brumas
Almas desfalecidas por dores lancinantes
Som das lágrimas transformadas em soluços
Até que o silêncio da morte se faça eternidade.
87. Viagem na existência
Imperceptível por sua pressa
Sem relógio para marcar horas
Sem ponteiros para contar os minutos
Não é um vai e vem, é apenas o destino
Entre o nascer e o extinguir da vida
Uma roda gigante e seu mecanismo
Quando sobe é a incógnita do futuro
Ao descer, rápida, sinaliza o passado
Enquanto o presente é feito de vertigens
Entre melodias e aromas que embriagam
Entrelaçada com sonhos irrealizáveis
Em busca do oceano de paz que cura
Além de uma linha imaginária
O Horizonte da Eternidade.
88. Amor Karmático
Seres se encontram no planeta Terra
Sem entender uma forte atração e sentimento
É direcionado a alguém, um homem, uma mulher
São seres que tem uma missão complexa e interrogativa
Como? Porque? Sabem apenas que devem prosseguir
O Amor Karmático envolve desafios para resgates
Estão divididos entre os níveis familiar, social e pessoal
São oportunidades de retornarem para cumprir
O que ficou em saldo negativo em vidas passadas
São dois caminhos de acordo com seu Livre Arbítrio
O primeiro advém da sensação de familiaridade
Com a pessoa que conheceu e transcende a qualquer
Raciocínio lógico, pois o sentimento é intenso
Se esta aproximação for harmônica, com certeza
A relação será extremosa e profícua quitando débitos
Se a aproximação resultar em sentimentos nocivos
Egoísmo, ciúme, abuso de poder, agressão, entre outros.
É sinal que estas Almas não fizeram o aprendizado
E não conseguem no presente cumprir, juntos a caminhada.
89. Estações da Vida
Homens são viajantes do tempo
Veículos, se encontram e desencontram
A bagagem individual é composta por
Percepções, sensações, emoções e sentimentos
Adversos, de acordo com vidas passadas
O itinerário são cinco estações
O Karma, débitos a saldar
Livre Arbítrio, opções para vivenciar
Autoconhecimento, consciência do EU
Felicidade, alegrias das realizações
Frustações, a soma de traumas e tabus
Os caminhos do bem e do mal são opções
Oportunidades e dádivas são ferramentas
Para o homem inteligente e criativo
Semear pensamentos que dignificam
Para sua colheita de vitórias e luz
Pois em hora pré-fixada o homem
Se despe de seu envoltório carnal,
É chegado o momento do retorno
Seu Livro de Vida com registros,
É analisado e, após diversos ajustes
A bagagem Kármica tem sua sentença
Que pode ser acrescida ou diminuída,
Para um novo renascer e nova viagem
Com seu Karma pelas Estações da Vida.
90. Perdão
Perdão é um dos sentimentos nobres
Deve fazer parte do trajeto do homem
Desde os primórdios, os poderosos
Magoam e humildes alimentam-se
Do sentimento nefasto da mágoa
Que distancia igualdade entre irmãos
Os agentes e receptores da mágoa
São seres com uma psique afetada,
Pois permitem a nocividade ocupar
Lacunas em seus quatro planos
Físico, Mental, Emocional, Intuitivo
O homem necessita urgentemente
Iniciar seu autoconhecimento
Dissolver sentimentos nefastos
Entender que autodestruição
É lema da inércia do Livre Arbítrio
Aprender a perdoar semelhantes
Para ser merecedor do perdão.
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