Rascunhos da Alma, dedicado à literatura poética. 

Trovas populares

Trovas populares

 

 

 

 

 

“O nascimento da trova está estreitamente relacionado à poesia da Idade Média, quando esta composição poética se referia a qualquer poema e letra de música. Tal criação literária desenvolveu-se no tempo das Cruzadas, do sistema feudal e do prestígio do clero. Na Europa, mais especificamente na região sul da França e em Portugal, prosperou um movimento poético denominado Trovadorismo. Os poetas que se dedicavam a compor esses poemas eram conhecidos como trovadores. Atualmente, a trova é o único gênero literário exclusivo do português.

Características da trova

A trova é um poema que contém apenas uma estrofe, com quatro versos. O significado completo da mensagem que o trovador deseja transmitir deve estar contido nos quatro versos. Trata-se do menor poema da língua portuguesa e deve obedecer a características rígidas, como a rima que podem unir o primeiro ao terceiro verso e o segundo ao quarto, seguindo a estrutura rimática alternada (ABAB). Pode também apresentar outra disposição, com o segundo verso se ligando ao quarto, conforme a estrutura ABCB (rima simples). Existem também trovas com rimas no plano ABBA (rima interpolada) e AABB (rima emparelhada). Seus três gêneros básicos são: Trovas líricas – Abordam sentimentos; Trovas satíricas – São as engraçadas; Trovas filosóficas – Contêm ensinamentos”.

Fonte: SILVA, Débora. https://www.estudopratico.com.br/literatura-entenda-sobre-a-trova/

 

  

001

Menino olhos verdes

piscam doces para mim

sejam promessas prazeres

com perfume de jasmim.

 

002

Antônio santinho

joelhos, moças oram

um amor no caminho

sentimentos afloram.

 

003

Jovens dançam quadrilhas

moças vestido renda

moços são armadilhas

correm para merenda.

 

004

Manhã fria cinzenta

vento irado soprar

trouxe chuva violenta

natureza encharcar.

 

005

Colhi florada jardim

fragrâncias misturaram

tons tosas e carmesim

saleta enfeitaram.

 

006

Veredas do destino

esquinas existência

amor clandestino

viver em abrangência.

 

007

Estação alimentos

para colheita de fé

homens colhem os frutos

animais comem no pé.

 

008

Frutos doces fui colher

No pomar da bonança

saudáveis para comer

regado por esperança.

 

009

A tela de outono

nostálgica paisagem

folhas em abandono

na última viagem.

 

010

Poeta argumenta

para encantar leitor

palavra, sentimento

sobre amor e dor.

 

011

Vida, sábios conselhos

como reais certezas

um caminho sem sonhos

mesmo sejam tristezas.

 

012

No final do caminho

tem verde esperança

longe ficou carinho

quimera é lembrança.

 

013

Coração é um ninho

abriga sentimento

entre eles o espinho

que hoje é tormento.

 

014

Da semente nasce broto

do broto nasce a flor

coração, sentimento

nasce com nome amor.

 

015

Nas janelas da alma

passarada a cantar

coral trina com calma

notas do verbo amar.

 

016

Colhi pétalas rosas

alamanda e jasmim

hibiscos, azaleias

e treze tílias do jardim.

 

017

Emoções, sentimentos

juntos mesmo caminho

alerta de fragmentos

solução é carinho.

 

018

Reunião dos comandos

elementais questionam

como tratar os humanos

que Mãe Terra danificam.

 

019

Mar está muito bravo

vagas dão cambalhotas

habitantes conchavo

marés reviravoltas.

 

020

Nas águas doces lagos

cisnes enamorados

exercitam afagos

seres apaixonados.

 

021

Se fosse grande mar

faria que almejo

espumas a embalar

maré alta do desejo.

 

022

Poeta olhos pranto

vive noite velada

verseja seu encanto

amada namorada.

 

023

Poetisa madrugada

com pena, pergaminho

por paixão subjugada

malandro no caminho.

 

024

Beira mar fiz pedido

linda sereia do mar

amor sincero lindo

minha vida encantar.

 

025

Cabelos cacheados

chega morena faceira

tentador verdes olhos

famosa feiticeira.

 

026

Homem nas asas sonhos

rumo desconhecido

na busca dos desígnios

destino construindo.

 

027

Vida é um teatro

homem grande ator

uns caem anfiteatro

outros recebem louvor.

 

028

Quem ama de verdade

conserva o bem querer

preserva liberdade

sente gosto em viver.

 

029

Dores da saudade são estranhas

sensíveis almas ficam sentidas

desalinho por artimanhas

no destino delineadas.

 

030

Razão fugiu célere

para correr o mundo

daqueles cuja índole

vivem no submundo.

 

031

Quando sé é criança

versos são para brincar

chegou tempo festança

versos são para amar.

 

032

Janelas do coração

vivenciam emoções

esperam seresteiro

cantar belas canções.

 

033

Fogo paixão fenece

na hora que olho vê

as oportunidades

para novo bem querer.

 

034

Vivo espaço dos sonhos

pois em ti posso pensar

acordo em pesadelos

não posso te acarinhar.

 

035

Samba desceu o morro

para apresentar na avenida

o samba cantado em coro

para aplausos da torcida.

 

036

Deus fez homem de barro

mulher cera abelha

homem chuva derrete

mulher, o fogo queima.

 

037

Perguntei à estrela

viu meu amor passar?

piscou entristecida

sim, com outro par.

 

038

Poeta é talentoso

grafa sinceridade

para rimar seu verso

precisa liberdade.

 

039

Cupido jogou flechas

conquistou o coração

não citou desventuras

saudade, desilusão.

 

040

Amor maturidade

construído, constância

mais reciprocidade

renega reticência.

 

041

Assobio, cantiga

secas folhas embalar

é vento que fustiga

quando galhos desnudar.

 

042

Nuvens em desalinho

céu, branco azulado

para pegar Anjinhos

esquecem Anu alado.

 

043

Paz, oposto da guerra

asas da liberdade

semeando na terra

respeito, igualdade.

 

044

Poeta faz sonetos

lágrimas de ansiedade

horizontal, devaneios

vertical, saudade.

 

045

Estrelas cobrem noites

no apogeu de amor

rosas cobrem amantes

sentimento inebriador.

 

046

Mentira e verdade

percorrem dois caminhos

verdade, da humildade

mentira, dos inimigos.

 

047

Perdi as esperanças

cansada em procurar

arquivarei lembranças

vou quimeras abraçar.

 

048

Navegam pescadores

por mares com tormentas

com fé são rezadores

esperanças, conquistas.

 

049

Soltos cabelos vento

frescores primavera

passeiam no evento

na noite lua efêmera.

 

050

Grafei cinquenta trovas

vida, amor e canção

argumentos com provas

desvelo, dedicação.

 

051

Casados sem queixumes

primeiro ano paixão

doentios ciúmes

só destroem união.

 

052

Solteirona deseja

ser amada na vida

casada só peleja

amor tem despedida.

 

053

Vi teu rosto em sonho

acordada a cismar

no caminho tristonho

difícil te encontrar.

 

054

Namorada despediu

velejando alto mar

a tristeza fluiu

desventura de amar.

 

055

Céu na noite negrume

contratempo estranho

sensação de queixume

sinto medo tamanho.

 

056

Desafios enfrentei

na busca felicidade

no caminho encontrei

dor na triste saudade.

 

057

A vida nos ensina

viver com dualismo

a alegria anima

dor rumo abismo.

 

058

Espia entre nuvens

matreiro horizonte

raios nascem miragens

refletem lago, fonte.

 

059

Compartimento mente

gaveta saudosismo

sentimento demente

treva, antagonismo.

 

060

Relógio na parede

marca minutos, horas

tic-tac, o tempo impede

registrar as conquistas.

 

061

Invernadas gélidas

emudecem pássaros

café quente, bebidas

noite tons cinzentos.

 

062

Melancolia existência

mergulhar na emoção

solidão, companhia

quimeras rés chão.

 

063

Sombra janela sala

insistiu adentrar

amor com sua mala

queria só pernoitar.

 

064

O certo ou errado

cada homem decide

viver com o sagrado

ou, preceitos transgride.

 

065

Existência fugaz

Instantes ou horas

plenitude é audaz

emoções delicadas.

 

066

Palavras são promessas

registros sentimentos

no amor são algemas

desafetos e tormentos.

 

067

Sabiá laranjeira

tem papo amarelo

treina lindo gorjear

hino amor singelo.

 

068

Sabiá foi distante

para seu amor buscar

voo exuberante

no roseiral encantar.

 

069

Saudade sete letras

amoreco quatro tem

teu nome alegrias

sentimentos entretêm.

 

070

Amor nasce na alma

alimenta sensações

rusga não se acalma

entristece corações.

 

071

Quem ama de verdade

desconhece esquecer

sinal cumplicidade

amor não esmorecer.

 

072

Dei sete velas cebo

para poder encontrar

um formoso mancebo

para comigo casar.

 

073

Brumas chega à noite

tem vento assobiar

embala minha mente

até o sono chegar.

 

074

Rezei lá na igreja

orei no cemitério

oferendas bandeja

correto livre arbítrio.

 

075

Noites de Lua Cheia

vento dedilha canções

lobos rondam aldeia

estremecem corações.

 

076

Foguetes espocando

festa noite São João

crianças observando

infinito tem balão.

 

077

São João tem quermesse

varinha pescaria

crianças interesse

sorrisos, alegria.

 

078

Casais caipiras

saltitam elegantes

moça sacode saias

moço só quer amores.

 

079

Força dos elementos

destroem natureza

ar anima fogueira

água, lama, impureza.

 

080

Trovador tem cultura

em cada sociedade

Norte a Sul aventura

tempo felicidade.

 

081

A trova da marola

enaltece sereias

canta sua viola

sentadas nas areias.

 

082

Jangadeiro cochila

balanço ondas do mar

descerra a pupila

espumas acarinhar.

 

083

Nossos cinco sentidos

despertam indecisos

miragens namoricos

realidade amigos.

 

084

Sem romper com passado

só tristeza presente

vive acabrunhado

desgraça conivente.

 

085

O homem é árvore

frutífera se produz

versejar o folclore

dueto amor seduz.

 

086

História tradições

cantadas, prosa, versos

encanta os corações

traz afagos e abraços.

 

087

Manacá-da-serra

floriu meu jardim

pétalas forram terra

pedacitos de cetim.

 

088

Guapo enamorado

faz parada no portão

sorridente e animado

aromas caramanchão.

 

089

Moça solteira fica

debruçada na janela

alegre com a música

cantor dá beijadela

 

090

Percepção aguçada

sente longe perigo

ao olhar camarada

pode ser inimigo.

 

091

Nossa antiga Constituição

leis obsoletas abrasileirar

gera impunidade, aflição

fim imunidade parlamentar.

 

 

092

Reconstrução planeta

Não por quem destruiu

Poderes com facetas

Decência se esvaiu.

 

093

Brasil ralo abaixo

Ingovernabilidade

Escândalos e lixo

Contemporaneidade.

 

094

Disputam nossas eleições

Corruptos desatinados

artimanhas, dificuldades

prisão, políticos algemados.

 

 

095

Crise nacional

instituições falidas

anticonstitucional

tramas delineadas.

 

096

Medidas do Governo

miserabilidade

povo subalterno

arbitrariedade.

 

097

Imprevisibilidade global

preocupa seus habitantes

descaso riqueza ambiental

dilapidada por meliantes.

 

 

098

Propagam que Brasil é laico

retóricas dos demagogos

pilhas alfarrábios prosaico

religiosidades sem diálogos.

 

 

099

Brisa sopra suave

frescura toca pele

fadas fazem conclave

aroma flor expele.

 

100

Salve trova martelo

versos sete sílabas

fonemas em duelo

com rimas alternadas.

 

 101

Propagam que Brasil é laico

retóricas dos demagogos

pilhas alfarrábios prosaico

religiosidades sem diálogos.

 

102

Capítulo eleições surreal

desordem, brigas, assassinatos

notícias proporção descomunal

contagem progressiva delitos.

 

103

Documentos engavetados

segredos instâncias superiores

justiça decide, todos divulgados

fim ideologia dos eleitores.

 

 104

No final das eleições

teremos duas paisagens

delação, processos, prisões

exílio de personagens.

 

105

Disputam nossas eleições

Corruptos ensandecidos

artimanhas, dificuldades

prisões, políticos algemados.