Formação Escolar e Acadêmica
Entrei para a Escola muito cedo, em uma época que famílias da classe pobre não possuíam máquina fotográfica e fatos foram registrados na memória.
Grupo Escolar Mariana Eufrásia - Bairro Fragata - RS. O nome desta professora era Iolanda, lembro sempre de seu carinho com os alunos.
O Colégio Diocesano - Pelotas/RS foi criado na década de 1950 por Dom Antônio Zattera para ser a escola da diocese para as crianças a partir dos 10 anos de idade, especialmente as mais carentes do bairro do Porto. Após a reforma completa da Catedral, o bispo se dedicou aos projetos educacionais. O Colégio foi construído precisamente ao lado da Igreja do Sagrado Coração de Jesus, sede paroquial. O Diocesano teve uma ascensão, em tamanho, qualidade e em mística institucional, até chegar a ser declarado Colégio de Aplicação da Universidade Católica.
Escola Normal Santa Margarida - Pelotas/RS. Esta escola marcou minha vida pois era particular. Sem condições financeiras de pagar a mensalidade dediquei por quatro anos, em horários alternados, exercer diversas atividades e mais dois finais de semana por mês, para cobrir a mensalidade. Minha primeira formação foi Professora Primária. Minha atuação foi de Jardineira, com a turma de Jardim da Infância na Escola E.M.E.F. Nossa Senhora das Dores, na Rua Cristovão José dos Santos em Pelotas/RS.
2012 - 2015 – UFPel/Instituto de Ciências Humanas - Curso de Bacharelado em Conservação e Restauração de Bens Culturais Moveis – Título Bacharela em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis.
Com relação ao curso citado não terei muito para mostrar, pois alguns anos atrás estava colocando fotos da produção acadêmica da turma 2012, um grupo fantástico e competente de colegas, em minha página do Face e fui alertada e ameaçada de forma drástica, pela Secretária do Curso que não era permitido. O Curso proporcionou um aprendizado excelente. Fui representante Discente da Turma e desta forma aprendi, a conhecer o Corpo Docente e dançar a música que tocavam, para evitar atritos, mas quando a música era falta de ética, com colegas que eu representava, nem ameaças me faziam calar e agir e dessa forma, cumpri com minha missão de representação. Mas guardo ótimas recordações de 20% de meus Mestres e tenho muito carinho, por uma Mestre, Isabel Halfen Torino, um ser carismático e competente como Restauradora que dedicou, como coorientadora, atenção especial ao meu Trabalho de Conclusão de Curso. A turma me escolheu, como oradora, por confiarem muito em minha pessoa e a prova deste fato é que, não quiseram saber o que tinha escrito, antes do meu pronunciamento no ato da formatura. a Grade Curricular do Curso é extensa o que gerou muitos trabalhos acadêmicos, individual ou de grupo, aulas teóricas, práticas, seminários e relatórios.
O tema de meu Trabalho de Conclusão de Curso foi: “Homenagem Póstuma no cemitério da Santa Casa de Misericórdia Pelotas: Simbologia do monumento aos que morreram ignorados” e orientado pela Professora Luiza Fabiana Neitzke de Carvalho. O TCC é um trabalho intelectual do qual o Curso não é proprietário. Desta forma vou colocar os tópicos trabalhados bem como, o Discurso de Formatura, por mim elaborado em nome da Turma 2012.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Instituto de Ciência Humanas
Departamento de Museologia, Conservação e Restauro
Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro em Bens Culturais Móveis
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, como requisito parcial, para obtenção do grau de Bacharel em Conservação e Restauro de Bens Móveis, do Curso de Conservação e Restauro de Bens Móveis, do Instituto de Ciências Humanas, da Universidade Federal de Pelotas. Data da Defesa: 02/12/2015 Banca examinadora: Prof. Dra. Luiza Fabiana Neitzke de Carvalho. Orientadora Doutora em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Profa. Mestre: Isabel Halfen da Costa Torino Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural pela UFPel.
“Homem e símbolos, energias entrelaçadas, na existência e na morte.” Vera Regina Cazaubon
Introdução
Homenagem Póstuma é um ritual de reconhecimento a alguém por seus feitos, realizado após sua morte, o qual varia de acordo com a religiosidade e a posição social de um personagem da sociedade local. O imaginário da morte é descrito através da arte cemiterial, ou seja, como o homem lhe dá a forma, através de sentimentos e criatividade. No século XX, na década de 1922, um Monumento aos que Morreram Ignorados foi erigido no Quadro Antigo do Cemitério da Santa Casa de Pelotas, com símbolos esculpidos em mármore, que representam crenças de grupos que formaram a sociedade. A escolha do tema se reporta ao século passado, a aristocracia pelotense, onde estavam inseridos os obreiros Maçons, os quais colaboravam, com a Santa Casa de Misericórdia de Pelotas/RS, com o objetivo de evidenciar a filantropia. Esta ajuda filantrópica beneficiava aos necessitados, sem condições de tratamento médico e cuidados hospitalares, dos quais, muitos foram a óbito, ignorados. A denominação cemitério compreende “a última morada”, um espaço geográfico, dividido por áreas, cada área com suas quadras, suas avenidas, suas ruas e seus números de identificação. Tal como nas casas dos vivos, a arquitetura tumular possui telhados, janelas, jardins e gradil para segurança. Os ornamentos lembram bibelôs, as esculturas lembram pessoas. É a arte do silêncio. O cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas não é apenas um local onde se armazenam corpos ou ossuários, pois cada pessoa ali enterrada ofertou sua contribuição para a sociedade, desde o mais humilde até a alta elite. Os cemitérios são fontes inesgotáveis de informações para àqueles que desejam dedicar-se à pesquisa: história, arte, arquitetura, geografia, tipologias tumulares, símbolos, alegorias, estatuárias, lápides, etnias, epitáfios, cultos religiosos, memória. O historiador Harry Rodrigues Bellomo em seu livro Cemitérios do Rio Grande do Sul: Arte, Sociedade e Ideologia (2008) elencam inúmeras possibilidades de conhecimento ofertadas pelas necrópoles: 10 fonte para conhecer a formação étnica - análise dos nomes das famílias e fotografias que podem informar a origem e raça dos povoados da área [...]; [...] fonte para estudo de genealogia, o estudo dos nomes presentes nos túmulos coletivos, onde aparecem várias gerações [...]; [...] preservação da memória familiar e da comunidade, análise das inscrições, fotos, datas, títulos, dados pessoais e profissionais [...]; [...] fonte de estudo nas crenças religiosas, como Cristos, anjos, crucifixos, estátuas de santos, nos revelam a visão cristã e as devoções mais comuns da região [...]; [...] forma de expressão da ideologia política, inscrições, dizeres ou textos representativos da comunidade [...]. (BELLOMO, 2008, p.13-15). Sendo assim o cemitério é patrimônio cultural, formado pelo patrimônio material (a arquitetura e a arte tumular) e imaterial (o culto e a memória), que representam o sagrado, o passado, os antepassados, os valores, as tradições, o modo de viver, os conflitos sociais, políticos, culturais e econômicos. Este patrimônio apresenta valor artístico e profundos valores simbólicos, onde o morto é cultuado em sua individualidade, um memorial de sensações vividas pela sociedade da época e a sua preservação deve ser vista como questão de cidadania. A Constituição Federal de 1988, no artigo 216, estabeleceu que façam parte do patrimônio cultural brasileiro, os bens de natureza material e imaterial: Art. 216: Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; III – as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico [...] 1 . No Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas, o patrimônio cultural material está afetado pela variação dos agentes climáticos (clima quente/ úmido, clima quente/frio e clima frio), radiação (UV); agentes ambientais (chuva ácida, umidade e poluentes), agentes biológicos (microorganismos) e a ação do homem pelo vandalismo. Estes fatores ocasionam a deterioração nas alvenarias, materiais pétreos, madeiras e metais. 1 MEC – IPHAN: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Constituicao_Federal_art_216.pdf>. Acesso em 20 jul. 2015. 11 Os estudos dos símbolos no monumento funerários evidencia o aspecto social e cultural da sociedade, em determinada época, desta forma, para a realização desta pesquisa, a metodologia se embasou em: a) investigação em campo: obtenção de registros fotográficos dos ícones do monumento; identificação dos materiais compositivos; determinação da localização do objeto; análise do monumento em relação ao contexto da arte funerária no cemitério. b) pesquisa documental: diversas fontes, históricas ou não, mas que salvaguardam informações para a coleta de dados, como primárias: anais de congressos, legislação, normas técnicas, periódicos, documentos governamentais e fotografias; secundárias: catálogos de bibliotecas, dissertações ou teses, dicionários, fontes históricas, livros, resumos, artigos de jornal e terciárias: bibliografias e almanaques. c) revisão bibliográfica amparada por diversos autores que versam sobre os temas pesquisados. O primeiro capítulo apresenta uma análise compositiva dos elementos do Monumento dos que Morreram Ignorados, como: estilo da arquitetura, ornamentos decorativos, materiais utilizados e causas da degradação destes materiais. O segundo capítulo apresenta uma análise sobre a simbologia do referido Monumento e a ligação entre a Santa Casa de Misericórdia e a Maçonaria, em virtude da maioria dos símbolos serem Maçons. Foi utilizado o método de leitura de imagens, Iconografia e Iconologia, proposto por Erwin Panofsky em seu livro Significado nas Artes Visuais (2004).
REFERÊNCIAS
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ALGUMAS FOTOS DO TCC QUE PERTENCEM AO ARQUIVO PARTICULAR DA FOTÓGRAFA SHAYDA CAZAUON PERES E DA FORMANDA VERA REGINA CAZAUBON
Fotografia do Monumento aos que Morreram Ignorados. Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.(2015).
A parte externa do monumento tem a forma de um arco ogival apoiado por duas pilastras, cujo fuste é divido em cinco retângulos (2015)
AOS QUE MORRERAM IGNORADOS E NA SUA HUMILDADE LUCTARAM PELO PROGRESSO DE PELOTAS. A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA NO CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL DEDICA ESTE MONUMENTO E O CONFIA A POSTERIADADE.
Acima do arco externo encontramos o florão (Figura 12) com folhas de acanto. O elemento arquitetônico decorativo funciona como arremate isolado no topo e foi muito usado nas decorações antigas e medievais.
Os objetos estão posicionados ao centro de um retângulo de mármore de forma assimétrica e sua textura é lisa. Observa-se um livro (Figura 17) com as palavras escritas em latim. Na página esquerda superior está escrito PAX (paz) e da direita na parte superior LEX (lei). Na página esquerda inferior está escrito RES (coisa) e na parte da direita inferior está escrito LUX (luz).
Os símbolos do Monumento aos que Morreram Ignorados foram projetados, por obreiros da Maçonaria e ligados ao Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Pelotas.
O símbolo cristão QUI-RÔ (Figura 17) é um monograma que representa duas letras da palavra Cristo em grego. O QUI (X) RÔ (P) e a letra “X” sobreposta à letra “P”, esculpidos no mármore. Surgiu com a conversão dos primeiros cristãos, com sua linguagem própria e representa símbolo de proteção.
São símbolos tirados da Arte da Construção, profissão dos Maçons operativos, instrumentos de medida que devem ser usados com razão e equilíbrio. No homem indica o autoconhecimento, como compreensão da substância básica interior, a qual descobre áreas não medidas em seu Eu. Estes instrumentos são emblemas da retidão e da conduta, pela qual deve o maçom pautar, suas ações, limitada por duas linhas, uma horizontal, que significa a trajetória a percorrer na Terra, no mundo físico e a outra vertical, significando o caminho "para cima". Ambas as hastes não têm ponto final, pois, uma percorre o círculo simbolizando o determinismo, o destino, a obrigação em percorrer um caminho conhecido e a outra haste, não possui limite, pois é direcionada ao Cosmo, ao Universo, ao Infinito e a Deus.
A torquês e o lima possuem forma assimétrica e estão posicionadas, no lado esquerdo, localizadas acima, no retângulo de mármore. Duas ferramentas de corte, lima para madeira e uma torquês. Os objetos estão sobrepostos em forma oblíqua. São símbolos da arte da construção, profissões dos maçons operativos. A lima é uma ferramenta manual formada por uma haste dura de aço com ranhuras e usada para desbastar outras peças, sejam elas de metais mais moles, como o alumínio ou o latão, ou de outros materiais como a madeira, essencial em carpintarias e marcenarias, pois remove rapidamente madeira de superfícies curvadas. Existem vários tipos de limas, quer quanto à sua forma, quer quanto ao fim a que se destinam
Este símbolo representa a profissão farmacêutica. Sua origem remonta a antiguidade, parte das histórias da mitologia grega. Segundo literaturas antigas, a taça representa a cura, a caridade, o amor fraternal que o Maçom deve dedicar ao seu semelhante. Já a serpente representa o poder, a ciência, a sabedoria e a transmissão do conhecimento.A taça, geralmente é um símbolo da Alma aberta ao fluxo da vida, como a flor à luz solar, para em seu interior verter-se o extasiante “Vinho” símbolo da inteligência, da espiritualidade. Representa a caridade e o amor fraternal que o maçom deve dedicar ao seu semelhante. A serpente é o símbolo da astúcia e da sabedoria, aparece no Grau “25” e simboliza o combate.
O tinteiro e as canetas de pena em forma assimétrica estão posicionados baixo, no lado esquerdo. Duas canetas com ponta de pena cruzadas e um tinteiro sobreposto nas canetas. Na Maçonaria o tinteiro e a pena são objetos usados no ritual do Aprendiz, para que o candidato escreva seu testamento no papel. O testamento tem como objetivo conduzir a uma meditação fundamental sobre o mistério do Universo e sobre a sua razão de ser e sua redação antecipa a expiração natural do destino, porque é por sua livre vontade que o candidato à iniciação quer colocar termo a uma fase da sua existência e voltar definitivamente a “ página “. A seguir o testamento é queimado e reduzido a cinzas como um testemunho de confiança face à determinação em envolver-se na iniciação.
A paleta e os pincéis estão esculpidos em forma assimétrica e posicionados no meio à esquerda na parte superior, no retângulo de mármore e sua textura é lisa. Observa-se duas ferramentas artísticas, uma paleta para pintura (oval), acabamento com bordas arredondadas e com cavidade para colocação de dois pincéis (paralelos), esculpidos no mármore.
A cruz tem forma plana, formada por duas linhas ou barras que se cruzam em ângulo de 90°, dividindo uma das linhas, ou ambas, ao meio, as linhas normalmente se apresentam na horizontal e na vertical. A textura é lisa e sua direção é diagonal. Na Maçonaria é como a escada para ascensão da alma, através da qual essa pode alcançar Deus, significa o sacrifício redentor de Jesus, a ressurreição e a esperança na vida eterna.
A lira possui forma simétrica e está posicionada à direita na parte superior, acima no retângulo de mármore e sua textura é lisa. A Lira é um instrumento de cordas e símbolo da música universal.
2016 – 23 janeiro – Formatura do Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis/UFPel
DISCURSO
Boa Noite aos presentes
- Professora Maria Letícia Ferreira, representante do Magnífico Reitor da Universidade Federal de Pelotas; - Prof. Sidney Gonçalves Vieira, digníssimo Diretor do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas; - Professora Silvana Bojanoski, digníssima Coordenadora do Curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas; - Professora Luiza Fabiana Carvalho, Paraninfa da Turma; - Professoras Homenageadas: Karen Caldas, Isabel Torino, Veronica dos Santos; - Funcionária homenageada: Restauradora: Keli Cristina Scolari; - Familiares e amigos dos acadêmicos formandos. Nossa turma optou por uma cerimônia simples e a consequência da escolha foi não ter nesta noite, a presença de todas as pessoas que gostaríamos como familiares e amigos, bem como, colegas da academia, os que já formados, os que cursam graduação, mestrado e doutorado. Mas temos certeza que compartilham de nossa alegria.
Agradecimentos especiais:
À nossa Patroness, Profª Maria Letícia, por seu empenho para a criação do Curso de Bacharelado em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, o que nos possibilita, nesta data, receber o título de Bacharel; À Profª Luiza, nossa Paraninfa, por tudo que representaste para nossa turma no passado, através das disciplinas ministrada; Às professoras Karen, Isabel e Verônica. A escolha é uma homenagem as docentes que possuem formação correspondente a nossa profissão e evidenciada pela competência; Aos professores atuantes no Curso pelo incentivo, bem como, aos que não fazem mais parte do quadro de docentes, mas que ofertaram conteúdos para nosso aprimoramento; A Restauradora Kely Cristina. Nossa escolha foi por unanimidade, por teu carinho e didática em transmitir valiosos ensinamentos nas aulas práticas de restauração, em Pintura e Madeira. Tenhas certeza que contribuíste para nossa bagagem profissional; Aos nossos familiares nosso carinho especial, pois sem a aquiescência de nos dividirem com os saberes, aqui não estaríamos. Gratidão por permitir o tempo de perseguir sonhos, por todo apoio quando retornávamos ao convívio familiar. Pais, vocês nos ensinaram a abrir a porta, mas foi à academia que nos ensinou a atravessar a rua e descobrir nosso potencial. Hoje estamos aqui vitoriosos: pais, filhos, esposos e namoradas tendo a certeza que apoiarão as novas escolhas, pois vocês representam nosso porto seguro, a âncora de nossa existência; Aos amigos presentes agradecemos o respeito e carinho no cotidiano.
Aos colegas. Em primeiro lugar agradeço a confiança depositada para que o discurso possa representar uma retrospectiva de nossa vida acadêmica no decurso destes 7 semestres. Não é uma missão fácil falar por um grupo de pessoas tão diferentes entre si, mas que no decorrer dos anos de academia direcionaram-se à objetivos em comum, busca de conhecimentos e crescimento pessoal.
Quando ingressamos no Curso a expectativa de aprendizado norteava nosso cotidiano. Com o passar do tempo, o questionamento de um mercado de trabalho tornou-se assunto de interesse. Tivemos conhecimento através dos mestres, notícias de órgãos governamentais e mídia sobre assuntos relacionados à nossa profissão as quais nos preocuparam, na medida em que foram observadas intervenções errôneas. Desta forma, em cada disciplina, buscamos absorver a essência do conteúdo ministrado.
O tempo na academia nos reservou inúmeras alegrias entre brincadeiras, mas também, adversidades as quais, abalaram a estrutura emocional de alguns acadêmicos. O que fizemos? Usamos da sabedoria, pois concluímos que não foram as pessoas que nos decepcionaram e sim o que projetamos em seres iguais a nós, passíveis de erros e imperfeições. Aprendemos que não é possível depositar sonhos nas mãos de semelhantes, pois em cada sonho projetamos uma partícula de nosso alicerce individual.
Em nosso Curso, através da teoria e prática, nos conscientizamos que o profissional não poderá causar danos irreversíveis ao objeto. Como futuros profissionais nosso dever é zelar pela ética, ou seja, não cometer os erros criticados, pois semear atitudes nocivas ocasiona um dano irreversível ao caráter.
Os ciclos na vida têm início, meio e fim. Hoje, aqui estamos para celebrar formalmente o final de uma etapa fundamental de nossas vidas. Sentiremos falta dos atributos individuais, a retidão das colegas Cacilda, Cristiane e Dulce, a alegria da Eduarda e Priscila, a responsabilidade da Rosangela e Suzana, a solidariedade do Eduardo e Jairo. Tenho certeza que amiúde estaremos em contato, pois formamos um grupo de pessoas especiais e unidas por valores afetivos.
Os acadêmicos da Turma 2012 dividem com os presentes os méritos de nossa conquista, pois aqui ninguém está por acaso e sim, por elos afetivos, familiar e social.
Um brinde a Deus e seu presente individual, a vida.
Gratidão.
2016 - 2018 – UFPel – Instituto de Ciências Humanas - Curso de Bacharelado em História.
Após formatura em 2015 fiz, um semestre de Antropologia e desisti após escutar, um Professor citar em sala de aula que, pessoas na terceira idade não teriam condições, de atuar em um trabalho de campo em Arqueologia. Desta forma ingressei no Curso de História e ali conheci o que é um Curso de Ciências Humanas com Professores, no cumprimento de sua missão em transmitir conhecimentos e valorizar, o aprendizado acadêmico. Aqui vou citar o nome do Professor Fábio Vergara Cerqueira, um exemplo de Mestre com o qual, além de acadêmica e professor nos tornamos, bons amigos até o dia de hoje. Cursei três semestres e por motivo de mudança para Santa Catarina encerrei, minhas atividades na UFPel. Meus colegas de turma foram excelentes desta forma, nossas tarefas de grupo sempre tiveram êxito pela união e competência. Em História trabalhei como voluntária no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia – LEPAARQ e de uma certa forma fui compensada em poder obter conhecimento sobre Arqueologia, sob a orientação do Prof. Fábio Vergara Cerqueira e a Técnica do Laboratório de Arqueologia Luciana da Silva Peixoto.
Atividades – fragmentos coletados em um sítio arqueológico
No ano de 2017 fiz dois estágios no LEPAARQ, os quais somaram saberes. O primeiro orientado pela Professora. Ana Inez Klein, responsável pela Disciplina de Introdução aos Arquivos e supervisionado pela Arqueóloga Luciana Peixoto. Este estágio foi feito com outro colega, desta forma não farei postagens sobre a Metodologia e fotos, mas foi um excelente aprendizado pois o material que trabalhamos foram fragmentos coletados em um sítio arqueológico, documentos considerados fontes primárias e podem ser usados para estudo e pesquisa, como comprovação da forma de vida de antigas sociedades. De acordo com as informações da Arqueóloga Luciana Peixoto, os artefatos foram colhidos na praça Cipriano Barcelos (praça dos enforcados), por ocasião da construção do Pop Center, em três etapas a partir de 2004. Um agradecimento à professora Ana, pela oportunidade do aprendizado à Luciana e ao LEPAARQ, pelo acolhimento.
Atividades – Intervenção de higienização no acervo de fotografias
O segundo estágio foi orientado, pela Professora. Ana Inez Klein, responsável pela Disciplina de Arquivos Especiais, a qual fez um projeto que visa apresentar, uma intervenção de higienização e a criação de um banco de recuperação de dados, do acervo que já está digitalizado, mas totalmente desorganizado. O acervo é composto por mais de 3000 mil fotos, pertencente ao Museu Etnográfico da Colônia Maciel (MECOM), com diferentes tipologias de várias famílias de etnia italiana. Não postarei fotos e metodologia por ter sido um trabalho de cinco acadêmicos.
CONCLUSÃO
O estágio oportuniza ao acadêmico, a pratica do conhecimento teórico adquirido nas disciplinas correspondentes à área de atuação. Além da compreensão do conteúdo, o acadêmico através da reflexão analisa sua aplicabilidade. A teoria é o instrumento, o estágio é o desafio, o profissional é o mecanismo que de forma produtiva vai ampliar, o universo cultural da sociedade onde está inserido. Observa-se que existe uma lacuna entre teoria e prática, ou seja, fatores externos, causados por falta de políticas públicas à nível Municipal, Estadual e Federal que direcionem subsídios para a manutenção de acervos em Instituições. Considera-se lamentável, o alto teor de deterioração encontrado no acervo higienizado.
Atividades como voluntária no Museu Etnográfico da Colônia Maciel da Colônia Maciel
Desenvolvi atividades como Conservadora e Restauradora até 13.02.2017, quando ocorreu o desabamento do telhado do prédio, onde o Museu estava localizado. O primeiro passo será o escoramento, cujo procedimento está sendo definido entre a Prefeitura Municipal de Pelotas, a Defesa Civil, a Universidade Federal de Pelotas e o Corpo de Bombeiros. Posteriormente foi formada uma equipe com uma equipe formada por profissionais e estudantes das áreas de conhecimento envolvidas (História, Museologia, Conservação & Restauro), com a cooperação dos quatro museus do Circuito de Museus da Serra dos Tapes (Museu De Morro Redondo, Museu Gruppelli e Museu Colônia Francesa), com a finalidade da retirada do acervo para outro espaço, para a restauração do que for possível recuperar, sob a direção da arqueóloga Luciana Peixoto. Diferente do Curso de Conservação e Restauro aqui podemos sinalizar com fotos os acontecimentos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
CURSO DE BACHARELADO EM HISTÓRIA
Aluna: Vera Regina Cazaubon
Estudo de Caso - Relato histórico
Optou-se por relatar o que ocorreu no Museu Etnográfico da Colônia Maciel, localizado no núcleo urbano da Vila Macie, Pelotas/RS, por ter desenvolvido atividades no referido Museu, como colaboradora voluntária, acadêmica do curso de Bacharelado em Antropologia e posteriormente, do Curso de Bacharelado em História, entre 2017 até fevereiro de 2018 no local e posteriormente, no trabalho de conservação e restauração dos bens culturais até setembro de 2018, bem como elencar os tópicos do Plano de Segurança e soluções oferecidas pelo aporte teórico. O Museu estava instalado em um prédio construído em 1929 que pertenceu, a escola da comunidade, “Garibaldi”. Após tratativas entre instituições: O Museu Etnográfico da Colônia Maciel, tendo como temática as memórias dos descendentes dos imigrantes italianos que colonizaram a porção rural do município de Pelotas no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul, foi implantado entre os anos de 2004 e 2006, pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia – LEPAARQ, com o apoio de equipe técnica, vinculada ao Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/rededemuseusdaufpel/museu-etnografico-da-colonia-maciel/. Acesso 27/10/2020
O acervo do Museu é composto por acervo Iconográfico e totaliza cerca de 3.000 itens, documentos que registram o cotidiano atual da região, bem como o acervo de cultura material que é composto por cerca de 390 objetos de diferentes dimensões e materiais, objetos que eram originalmente utilizados como artefatos laborais, objetos de decoração, utilitários, mobiliário, paramentos, entre outros.
A má gerencia de políticas públicas foi evidenciada quando ocorreu o desabamento do telhado do prédio, quase centenário, com estrutura rudimentar e gasta pelo tempo, sem a manutenção necessária na edificação, com relação a umidade, rede elétrica e outros aspectos necessários ao bom funcionamento, na noite do Museu, na noite de 13.02.2017. Por estar distante da cidade, em torno de 40m, no local não existe uma brigada de incêndio ou uma delegacia para registro de fatos. De acordo com o coordenador do projeto, Professor Doutor Fábio Vergara Cerqueira, servidor da UFPel: no segundo semestre de 2016 foi iniciada, junto a Secretaria Municipal de Cultura, uma tratativa que visava uma recuperação física do prédio. “Iniciaria de cima para baixo, pela constatação de se precisar intervir no telhado”, explica Fábio. O professor ainda alegou que, devido a problemas administrativos e pessoais, o início da intervenção foi retardado, e não chegou a tempo. “Agora, vamos precisar de muita força e muita cooperação para recuperarmos o museu”, reforçou. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/empauta/museu-etnografico-da-colonia-maciel-realiza-exposicao-no-centro-de-pelotas/
Outrossim, nas palavras do Coordenador, “o acidente foi causado pelas fortes chuvas e por um ataque fulminante de cupins”. Assim que o fato foi notificado aos órgãos responsáveis deslocou-se: ‘uma equipe técnica, com integrantes da Prefeitura Municipal de Pelotas e da Universidade Federal de Pelotas, acompanhados da Defesa Civil, se deslocaram até a Vila Maciel para averiguar a situação. Verificou-se risco de desabamento, razão pela qual se faz alerta de que a população não se aproxime do prédio. O primeiro passo será o escoramento, cujo procedimento está sendo definido entre a Prefeitura Municipal de Pelotas, a Defesa Civil, a Universidade Federal de Pelotas e o Corpo de Bombeiros. Somente após este, mediante criteriosa análise das condições de segurança, proceder-se à remoção de telhas e demais destroços do desabamento”. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ich/2017/02/17/museu-da-colonia-maciel-sofre-com-desabamento-do-telhado/. Acesso 27/10/2020
Prosseguindo o relato, o Professor Doutor Fábio Vergara Cerqueira alegou que no segundo semestre de 2016 foi iniciada, junto a Secretaria Municipal de Cultura, uma tratativa que visava uma recuperação física do prédio. “Iniciaria de cima para baixo, pela constatação de se precisar intervir no telhado, mas em virtude de problemas administrativos e pessoais, o início da intervenção foi retardado e não chegou a tempo”. Nem sempre os perigos que deixam um Museu vulnerável são identificados com facilidade, mas outras vezes são e órgãos competentes não tomam providências cabíveis, como o que aconteceu com o referido Museu que está na escala de Desastres Naturais
Muitos dos desastres naturais são inevitáveis e outros são resultados de eventos regionais ou globais que fogem completamente do controle do museu. Nesses casos, é necessário que o museu esteja preparado para que as consequências sofridas pelo edifício e seu acervo sejam minimizadas. Incluem-se nesta categoria: terremotos, furacões, enchentes, erupções vulcânicas etc. Mesmo nessas situações críticas, os museus contaram com o apoio de boa parte de seus funcionários para o salvamento e a proteção do acervo antes, durante e depois do desastre. Desta forma no plano de segurança, a manutenção da edificação é fator importante para proteção e evitar risco nos acervos. Como no exemplo no estudo de caso, a falta de manutenção do edifício agravou as condições da edificação e do acervo, quando da ocorrência de chuvas fortes e vendaval na região, provocando infiltração indesejada de água, destelhamento, ruína de paredes. As duas reservas técnicas não foram atingidas. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ich/2017/02/17/museu-da-colonia-maciel-sofre-com-desabamento-do-telhado/. Acesso em 27/10/2020
Figura 2 – Desabamento do telhado
O resgate foi realizado em várias etapas seguindo o cronograma delineado pela equipe e na medida de novos desafios, no uso da criatividade para solucionar. Posteriormente, participei da remoção do acervo em conjunto com uma equipe de profissionais envolvidas nas áreas de: História, Museologia, Conservação & Restauro, com a cooperação dos quatro museus do Circuito de Museus da Serra dos Tapes, Museu De Morro Redondo, Museu Gruppelli e Museu Colônia Francesa, deslocando-o para outro espaço, em que se possa, com rigor técnico, realizar a restauração do que for possível recuperar. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/ich/2017/02/17/museu-da-colonia-maciel-sofre-com-desabamento-do-telhado/. Acesso em 27/10/2020
Figura 3: Início da remoção dos bens culturais
Acervo pessoal da acadêmica Vera Regina Cazaubon
Outrossim, na data prevista para a retirada dos bens culturais estavam presentes três equipes, os profissionais de resgate retirando dos escombros, os profissionais das áreas interdisciplinares para receber e embalar e os profissionais para transportar no veículo, um caminhão, para a reserva técnica que ficava há pouca distância, em outro prédio que pertence a comunidade local. No meio da tarefa iniciou, um chuvisco que se transformou em uma chuva forte e foi impossível ser apenas profissionais, pois quando exercemos atividades em um Museu aprendemos, a amar os objetos e eles fazem parte da ética profissional, mas emoções se misturaram, pois lágrimas e chuva molhavam nossos rostos, lembranças que ficarão marcadas em nossas memórias.
Créditos: Membros da equipe de salvamento
Dando prosseguimento, o Coordenador do Projeto, Professor Fábio conseguiu um espaço montamos um Laboratório no prédio do Curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis em Pelotas, para enfrentar outro projeto de pesquisa “Recuperação e Preservação da Memória Histórica da Comunidade Italiana Pelotense” realizado pelo Curso de Antropologia e Arqueologia (LEPAARQ/UFPEL. Outrossim, a equipe desenvolveu suas atividades a partir de 26 de abril à setembro de 2018, composta por Carolina Nagata - Curso de Bacharelado em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis/UFPel; Cristiano Gehrke - Licenciado em História pela Universidade Federal de Pelotas, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da mesma universidade; Marcelo Lima - Bacharel em Museologia e Acadêmico do Curso de Bacharelado em História/UFPel; Ricardo Hammes Stone - Curso Licenciatura em História/UFPel e Vera Regina Cazaubon - Bacharela em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis e Acadêmica do Curso de Bacharelado em História/ UFPel.
1.INTRODUÇÃO
O Museu Etnográfico Eliseu Maciel está localizado na Vila Maciel, no 8º distrito do município de Pelotas, Com a catástrofe ocorrida em sua sede na noite de 13.02.2017, quando seu telhado desabou, o acervo tridimensional dividido em três tipologias: metal, madeira e couro foi transferido para o CAMPUS II/ICH, para o processo de higienização.
2.ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
As atividades iniciaram a partir de 26 de abril, quando ficou estabelecido duas tardes semanais (quarta e quinta) para os procedimentos. Nas duas primeiras semanas o acervo foi conferido e analisada as deteriorações que afetaram os objetos, bem como, solicitado o material necessário.
- METODOLOGIA
Dentro do aspecto metodológico é importante conhecer os procedimentos que ocorrem em intervenções nos acervos: CONSERVAÇÃO, ações que desaceleram a deterioração com procedimentos de higienização mecânicas. RESTAURAÇÃO, procedimentos executados em um laboratório com testes, produtos químicos e equipamentos adequados, com o objetivo de estabilizar ou reverter os danos físicos ou químicos que atuam no acervo e suas diferentes tipologias, sem afetar sua integridade.
Após análise e classificação foi proposta a higienização em 90% dos objetos e encaminhar os 10% restantes ao Curso de Conservação e Restauração, para procedimentos de restauração.
4.MÉTODOS
Para realizar os procedimentos foram usadas bibliografias das disciplinas de Metal e Madeira, do Curso de Conservação e Restauro/UFPel, mas o material orientado pelos autores, por falta de verbas e o alto custo foram substituídos, pois tornou-se urgente, medidas para inibir a evolução da corrosão na tipologia de metal e os ataques biológicos nas tipologias de madeira e couro. Desta forma, o tratamento foi realizado para a imediatidade e não a longo prazo.
O tratamento aplicado nas tipologias de metal e madeira foi a limpeza mecânica: em primeiro lugar com trinchas (secas) para retirar as sujidades e instrumentos diversos como: bisturis, espátulas, pinças, escovas de cerdas macias, tesoura, algodão, palitos de madeira, água deionizada, para retirar incrustações que aderiram aos suportes, limpeza abrasiva: lixas e limpeza química: aplicação de produtos.
4.1. Metais – Agente de Deterioração - Corrosão
Os objetos metálicos apresentam um brilho característico dos metais em virtude dos elétrons livres localizados na superfície que absorvem e irradiam a luz. A oxidação de diferentes metais gera diferentes óxidos, muitos dos quais são caracterizados por cores individuais. O produto correto para aplicar em ferro é o Ácido Tânico que reage com o metal e produz o tanato férrico (película preta azulada) que deixa o objeto uniforme, o qual foi substituído por TEDOX. A aplicação de inibidores e protetores de metais não elimina a necessidade de monitoramento das condições de guarda e exposição dos objetos.
A corrosão é a principal deterioração dos metais, as causas primárias são umidade relativa e a poluição do ar. Pode assumir várias formas, dependendo de sua constituição, o ambiente onde estão expostos ou guardados e às vezes, a fonte da corrosão pode estar no próprio objeto, ou seja, é necessário compreender a complexidade dos fenômenos físicos, químicos e ambientais que fazem parte da vida dos metais e a espessura de seu revestimento.
4.2. Madeira – Agentes de deterioração
Os acervos de madeira são afetados por três agentes agressores:
- Físicos como calor através do aumento da temperatura que ocasiona transformações químicas e estruturais na madeira e umidade, através de infiltrações, goteiras e inundações que propiciam o ataque de agentes biológicos;
- Biológicos como: insetos, fungos, moluscos, crustáceos e bactérias, com a predominância de insetos e fungos. Os fungos responsáveis pela deterioração de madeiras são os apodrecedores, manchadores e os emboloradores. Os insetos que se instalam na madeira são cupins (Isoterma) que possuem hábitos xilófagos, os quais vivem em colônias com atividades específicas distribuídas. O ataque das bactérias é mais difícil de constatar pois é um processo que se desenvolve de forma lenta, mas causa danos na estrutura da madeira e necessita de testes em laboratórios.
- Químicos, produzidos por ácidos fortes como óxidos de ferro e enxofre, os quais em contato com a madeira reduzem suas propriedades físico-químicas, sendo os responsáveis pela sua decomposição.
Observou-se este agente em acervos, onde é agregada a tipologia de metal através de ferragens como pregos, parafusos, etc., bem como, sinais de excrementos de insetos e infestação de cupim em algumas peças.
4.3. Couro – Agentes de deterioração
O couro como material orgânico é sensível aos danos causados pela oscilação da temperatura e umidade relativa do ar, bem como, luz e sujidades que facilitam a proliferação de fungos e microorganismos. Observou-se fragilidade, fibras danificadas, desbotamento, ressecamento, ataque de fungos, desidratação e oxidação por metais. Os objetos desta tipologia, .com deteriorações mínimas foram higienizados, com água deionizada e para o ressecamento foi usada, a vaselina líquida, óleo mineral e Gimo cupim em gel. Após a higienização, os acervos de madeira e metal, não receberam a camada de proteção com os produtos Paraloid B72 e cera Microcristalina. Os procedimentos foram fotografados.
5. CONCULSÃO
Além da catástrofe ocorrida no prédio, onde o acervo tridimensional estava sob guarda sabe-se que, anteriormente, a edificação apresentava deficiência em seu telhado com goteiras, desta forma, com a precipitação de chuvas ácida, o acervo era umedecido por poluentes atmosféricos causando fragilidade. Outrossim, as tipologias também são afetadas pelo processo de degradação normal por envelhecimento e as reações que ocorrem em sua estrutura.
Os bens culturais têm um tempo limitado de vida e sua conservação depende, das condições ambientais onde estão inseridos e o controle dos mecanismos de deterioração. Torna-se necessário ressaltar a necessidade da estabilização e proteção do acervo através do controle do ambiente, com o uso do Termo-higrômetro que mede simultaneamente, a temperatura e a umidade relativa do ar.
Se este processo de conservação tivesse ocorrido em Laboratórios do Curso de Conservação e Restauração por certo, o resultado seria ótimo, pois os mesmos possuem equipamentos que disponibilizam outros procedimentos, principalmente, no que se refere aos metais como: exames globais e pontuais, limpezas galvânica e eletrolítica.
As políticas públicas usadas pelos órgãos competentes, com relação aos Museus situados nas Colônias de nossa cidade afasta-se do mecanismo necessário para sua manutenção, como recursos financeiros e humanos. Deveria ter um profissional na área de conservação para monitorar amiúde as coleções, onde seriam aplicados procedimentos emergenciais no primeiro sinal de deterioração. Desta forma, não seria necessário a restauração que, embora respeite a mínima intervenção e a reversibilidade afeta o bem cultural.
A totalidade de tarefas de higienização está a seguir discriminada: Acervo de metal: 127 peças; Acervo de madeira: 45 peças; Acervo de couro: 10 peças; Acervo de vidro: 6 peças; Acervo de livros: 32 livros.
6. NOTAS FINAIS
Para concluir o Estudo de Caso, a Coordenação do Projeto firmou parceria entre a Universidade Federal de Pelotas, que administra o Museu e a Prefeitura Municipal da cidade, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, para possibilitar uma exposição intitulada “Memória em três atos: desafios e superação de um museu de imigração italiana”: o desabamento, o esforço para salvar e recuperar o acervo e o futuro do museu. A exposição trata, assim, de fragilidades do patrimônio, de procedimentos de conservação e restauro, de potencialidades de acervos de imigração e de possíveis futuros do museu. Foi inaugurada no dia 28 de setembro, na Praça Coronel Pedro Osório nº 6 (Casarão 6), no Centro de Pelotas/RS, no aguardo na reforma do prédio na Colônia Maciel.
Como Conservadora e Restauradora e por ter passado um longo tempo, no exercício das atividades como voluntária observou-se, o descaso com a Instituição, a precariedade do prédio com um odor a umidade e mofo, um banheiro sem o mínimo de condições de uso e como ficava fechado durante a semana, quando chegávamos no final de semana tínhamos que tirar a sujidade dos bens culturais, com material adquirido pela equipe, pois ali não tinha o necessário. Se políticas públicas fossem administradas de forma correta na manutenção por certo, o desabamento mão teria ocorrido e bens culturais não teriam sido abalados em suas especificidades. Este relato autentica o descaso com as redes de Museus a nível Nacional, o que poderia ser revertido, pois as tragédias são anunciadas com antecedência e mostra a necessidade de um Plano de Segurança pelos administradores, com recursos das esferas governamentais ou, com recursos próprios ou, no uso de contratação de firmas particulares que executam esta tarefa ou, parcerias com o mundo empresarial da sociedade local. A teoria que aprendemos na academia e a prática que vivenciamos ao trabalhar em um Museu tem uma lacuna, a qual deve ser preenchida com criatividade e iniciativa.
Acervo pessoal da acadêmica Vera Regina Cazaubon
Acervo pessoal da acadêmica Vera regina Cazaubon
Ainda dentro do Curso de História tive, a honra de produzir um trabalho individual de Restauração. O Coordenador do Projeto afastou-se para uma viagem e deixou em minha residência, em março de 2017, uma peça do Museu considerada de relevante importância, o qual não sofreu danos com o desabamento por não estar no Museu.
Projeto “Recuperação e Preservação da Memória Histórica da Comunidade Italiana Pelotense” – Museu da Colônia Maciel
Vera Regina Cazaubon
Acadêmica do Curso de Bacharelado em História
Bacharela em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis
RELATÓRIO DOS PROCEDIMENTOS
INTRODUÇÃO
Antes de iniciar o processo de intervenção é essencial refletir exatamente no que se pretende realizar, pois todo o objeto possui um valor histórico, cultural e de memória. O que deve permanecer, o que deve se retirar é uma decisão que exige reflexão consciente das várias partes interessadas e deve ser feita respeitando, a condição do objeto assumindo os sinais do tempo como parte imprescindível da sua identidade e da comunicação entre o objeto e o observador. Desta forma mostrará, sua história, seu percurso até nós e o que representará para futuras gerações.
A intervenção deve ser mínima e usada para garantir a sobrevida do objeto, principalmente no que se refere à estabilidade e deve estar alicerçada na “reversibilidade”, que de acordo com Cesare Brandi é: [...] o que se pode reverter; passível de reversão; que pode voltar atrás” justifica a reversibilidade como algo indissociável das ações de restauro a fim de “facilitar e não impedir as eventuais intervenções sucessivas[...] (BRANDI, 2004, p.146).
- IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO EM ESTUDO
1.1. Registro patrimonial encontrado no tampo (interno), número 05.03.0955, com as seguintes dimensões: Altura (0.43), largura (0,41) e comprimento(0,77).
1.2. Discriminação: Um baú de viagem no suporte de madeira, para uso doméstico. Observa-se que o objeto é composto por três elementos de constituições diferentes, a madeira, material de origem vegetal, sem informações sobre sua classificação, composição química, propriedades físicas e mecânicas, o couro, material orgânico que pelo (raros pelos) tem, grande probabilidade de ser vacum (bovino) e metais, material inorgânico, sem conhecimento de sua composição.
1.3. Análise Histórica: O objeto é proveniente da Itália e chegou ao Brasil, no Estado do Rio Grande do Sul, em 1887, com a finalidade de transportar os pertences do Sr. Giusto Casarin. Foi doado ao Museu Etnográfico da Colônia Maciel pelo Sr. João Casarin. O referido Museu foi inaugurado em 04 de junho de 2006 e localiza-se na Vila Maciel, ao 8° distrito do município de Pelotas-RS. Sua criação resulta do projeto “Recuperação e Preservação da Memória Histórica da Comunidade Italiana Pelotense” desenvolvido pelo Laboratório de Ensino e Pesquisa em Antropologia e Arqueologia (LEPAARQ) da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), em parceria com a comunidade italiana pelotense.
1.4. Estado de conservação: O estado de conservação de qualquer objeto depende do material que o constitui, bem como, local adequado para exposição. O objeto, infelizmente estava exposto as intempéries e sem os cuidados de conservação necessários. Desta forma ocorreram, danos e deterioração necessitando manutenção, para sua conservação e intervenções de restauração, para sua estabilidade.
- METODOLOGIA
Para exames usou-se métodos não destrutivos, respeitado a integridade física da obra, sem alterá-la ou modificá-la:
2.1. Organolépticos: desgastes, sem brilho, inodora, textura áspera.
2.2. Visualização pontuais com microscópio manual MG100-4 (45x): onde observou-se presença de sujidades e detalhes não revelados nos exames organolépticos.
2.3. As imagens foram obtidas através de registro fotográfico (Câmera Nikon COOLPIX 20.1 Megapixels) e imagens microscópicas com Microscópio Digital DigiMicro USB de 1.3 Megapixel e 400X de Zoom., de propriedade da Conservadora e Restauradora, as quais serviram como base documental.
O microscópio digital eletrônico serve para o estudo de micro-organismos que atingem um objeto. Este instrumento de transmissão amplia a imagem por meio de feixes de elétrons, As imagens são vistas no computador. Foi usado para captar imagens dos danos nos suportes de madeira, couro e metal.
2.4. Utilizou-se de leituras bibliográficas sobre conservação e restauração, para uma reflexão teórica e aconselhamento nos procedimentos a serem executados.
- DIAGNÓSTICO:
3.1. Agentes de deterioração
3.2. Agentes físicos: as oscilações de temperatura e umidade causaram, as fissuras e rachaduras. A madeira também é sensível a degradação fotoquímica ocasionada pela radiação ultravioleta emitida pela luz natural e por certos tipos de lâmpadas, como as fluorescentes, bem como, o couro também é afetado pelos mesmos fatores.
3.3. Agentes químicos: poluição ambiental causadas por substâncias suspensas na atmosfera provocam alteração de cor e de textura nas peças sem proteção.
As ferragens sofreram alterações químicas e eletroquímicas, sob a ação do tempo e do meio ambiente, pois o ferro se altera em contato com o oxigênio e a umidade relativa do ar, formando a ferrugem. Observou-se resíduos e incrustações nas superfícies. Nas taxas de metal foram identificadas manchas e camadas de oxidação de coloração verde, que possivelmente, sejam acetatos de cobre.
No couro observou-se sujidades como, poeira, manuseio incorreto, vincos, quebras, craquelês, manchas, partes faltantes, a pele encontra-se esfoliada e desidratada.
3.4. Agentes físicos mecânicos: guarda inadequada expondo o objeto à chuva ácida (carregada de poluentes produzidos pelas atividades humanas), através das goteiras do telhado que ocasionou umidade excessiva e fragilizou o objeto. Observou-se encaixes soltos e perda de suporte.
3.5. Agentes biológicos: insetos (cupins), atualmente não ativos. Na madeira identifica-se indícios de áreas esbranquiçadas e linhas escuras, manchas, bolor e apodrecimento e, em alguns locais esfarelando-se, o que sinaliza, possivelmente, a presença de ataque de fungos. Não foram retiradas amostras para exames laboratoriais, os quais identificariam com maior clareza as causas da deterioração em sua constituição.
- PROCEDIMENTOS
Todos os procedimentos foram anotados informando os produtos utilizados nas intervenções, com registros fotográficos. As informações vão facilitar o trabalho futuro de outros profissionais, quando se fizer necessário.
4.1. Desmontagem: Foram retiradas partes do couro que estavam soltas e o tampo, cujas dobradiças estavam soltas.
4.2. Higienização: Trinchas, pincéis, escovas de cerdas macias, swab, para retirar sujidades.
4.3. Limpeza mecânica: A limpeza mecânica é um procedimento comum, que faz uso de ferramentas simples, podendo ser associada a produtos químicos. Deve ser utilizada como primeiro recurso antes de métodos eletroquímicos, pois oferece maior controle sobre a intervenção. São utilizadas espátulas e uso pontual do bisturi, para remover sujidades incrustradas.
4.4. Limpeza abrasiva: Lixas de ferro números 50, 60 e 100 no metal oxidado e Lixas de madeira números 220 e 320
4.5. Limpeza química – metal: A maior parte dos produtos comerciais para converter a ferrugem tem na sua composição o ácido fosfórico ou seus derivados que forma um filme estável de fosfato férrico na superfície do metal, mais resistente à corrosão. Foi usado o produto TEDOX, em duas demãos. A seguir foram lavados e secos e, posteriormente. passou-se Paraloid B72 com acetona 3% (uma demão) e Paraloid com acetona 5% (três demãos). O Paraloid tem a finalidade de estabilizar os procedimentos.
4.6. Limpeza galvânica – metal: O fecho do baú foi retirado, envolvido em uma folha de alumínio, colocado dentro de um pote plástico com hidróxido de sódio (soda cáustica) a 10 %. Este processo foi repetido duas vezes em um intervalo de 48hs. Posteriormente foi utilizado um estilete para retirar os resíduos e após ser lavado e seco recebeu Paraloid B72 com acetona 3% (uma demão) e Paraloid com acetona 5% (três demãos), no intervalo de 24hs.
4.7. Limpeza do couro: A higienização foi feita com água deionizada com (swab), algodão enrolado em um palito de madeira, para retirar sujidades. Após 24hs as peças de couro foram umedecidas com vaselina líquida através de um pincel, para sua hidratação, pois o couro enfrenta o desafio adicional da perda de umidade e suavidade ao longo do tempo. O processo foi executado 4 vezes com intervalo de 72hs.
4.8. Ferragens (pregos e taxas): O principal objetivo desta intervenção foi a remoção dos produtos de corrosão que desfiguravam a superfície e ameaçavam a estabilização das ferragens de metal. As dobradiças e os pregos apresentavam alto nível de corrosão. A corrosão dos pregos e taxas foram observadas na superfície e hastes embutidas nas paredes da madeira. Foi necessário a remoção de taxas para liberar resíduos de couro, uma consequência inevitável, a qual viola o princípio de intervenção mínima, mas impediam a possibilidade de manter o procedimento de limpeza e proteção. A limpeza é um dos pontos mais importantes a considerar em um tratamento de metais e requer prudência e experiência, porque pode: modificar a aparência dos objetos e danificar sua superfície, bem como, sua estrutura e traços históricos, impedindo a preservação de importantes informações culturais.
4.9. Madeira: O fundo do baú estava em situação precária e apresentava aspectos de podridão branca indicando, ataque de fungos. Visualmente observou-se a falta de brilho na madeira, em certas áreas esbranquiçadas, com linhas escuras que demarcaram regiões atacadas. Algumas áreas esfarelam-se no contato com a lixa. A melhor solução foi pincelar com Jimo cupim. (duas demãos). Após as áreas esfareladas foram preenchidas com a mistura de cola branca com serragem. Nas travessas laterais também foi usado o mesmo procedimento, nos encaixes. Após secagem foram lixadas com uma lixa fina e, posteriormente foi passado Paraloid B72 com acetona 3%. Após 24 horas foi dada a primeira demão de cera microcristalina dissolvida em querosene e, 48h após outra demão.
4.10. Consolidação: Após os procedimentos mencionados o material retirado foi reposto com adaptação da cola e troca das taxas que caíram durante as intervenções em virtude da oxidação e usado parafusos para fixar laterais e dobradiças.
6. FONTES
BRANDI, Césare. Teoria da Restauração, 2014
FIGUEIREDO JUNIOR, João Cura D’Ars. Química aplicada à conservação restauração de bens culturais. Editora: São Jerônimo, Belo Horizonte, 2012
GONZAGA, Luiz Armando – Madeira: Uso e Conservação. Disponível em http://portal.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=4355.
MORESCHI, João Carlos – Biodegradação e Preservação da Madeira – 3ª edição 2011pg. 6 a 28
GRANATO, Marcus, CAMPOS, Guadalupe do Nascimento, MARROQUIM, Ricardo Guerra., 2015. Pesquisas sobre a conservação de objetos metálicos: Área estratégica para museus no Brasil. GT 9 - Museu, Patrimônio e Informação. XVI Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (XVI ENANCIB). ISSN 2177-3688
TEIXEIRA Lia Canola e Vanilde Rohling Ghizoni. Coleção Estudos Museológicos. Volume 1 – Conservação preventiva de acervos, 2012
VIÑAS, Salvador Munhoz - Teoria contemporânea de La Restauración. Editorial Sintesis, 2005 pág. 53 a 58.
ANEXO I - MATERIAIS UTILIZADOS
Algodão, Água deionizada, Acetona, Álcool 70%, Cera Microcristalina, Cola branca, Desengripante, Goma laca indiana, Gimo Cupim, Paraloid B72 3/4LB 345G, Querosene, Soda Cáustica, Tedox, Vaselina Líquida. Diversos: copos, cotonetes, escovas de cerdas macias, espátulas de diversos estopa, tamanhos, estiletes, ferramentas plásticas, instrumentos odontológicos, palitos de madeira, peneiras, parafusos, pincéis, pós de serragem média e fina, recipientes plásticos, taxas, tecido de voal, tesoura, trinchas, vidros. EPis (jaleco, luvas, máscaras).
ANEXO II
BANCO DE IMAGENS DOS PROCEDIMENTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - INSTITUDO DE CIÊNCIAS HUMANAS - CURSO DE BACHARELADO EM MUSEOLOGIA
Ao chegar em Santa Catarina, no final do segundo semestre de 2017 me dirigi à UFSC, com uma pasta de documentos referentes as disciplinas concluídas na UFPel e optei pelo Curso de Museologia. Quando me dirigi à Secretaria e conversei com a Secretária conclui que era, mais um Curso que conhecia, o que era Ciências Humanas. Ingressei no primeiro semestre de 2018. Excelentes professores e ótimos colegas. Aqui também conheci um Professor Especial que incentivou minha trajetória como Museóloga, Prof. Dr. Valdemar de Assis Lima (Vavá), que se tornou um grande amigo. Com muito orgulho posso dizer que fui, a primeira formanda da turma 2018, em virtude de ter aproveitado 7 disciplinas das outras duas Faculdade que cursei. Minha formatura foi em gabinete em virtude de estarmos, em período de pandemia e por minha idade. Foi uma cerimônia bonita e Prof. Vavá representou o Curso.
A Criação do Curso ocorreu através da Resolução nº030/CEG/2009 de 30 de setembro de 2009. Portaria Normativa nº 40/2007/MEC – O Curso é reconhecido pela Portaria nº68/03/2016 e Publicada no D.O.U em 28/03/2016. Tem por objetivo formar de maneira qualificada bacharéis capacitados para identificar e analisar processos museológicos, além de desempenhar atividades de pesquisa, preservação e comunicação para o campo do Patrimônio, compreendendo o museu como um fenômeno podendo assim atuar de maneira responsável sobre o patrimônio tangível e intangível. O Curso tem um leque de oferta por sua grade curricular e os Mestres procuram passar seus conhecimentos de forma harmônica, para seus discípulos. Meus colegas de turma mantiverem um ótimo relacionamento no cotidiano, nos trabalhos de grupo, trabalho de campo, relatórios, apresentação de seminários, pois todos exerciam sentimentos nobres como solidariedade e empatia. Nas primeiras 7 fases o acadêmico adquire conhecimentos específicos, faz escolhas de suas optativas e nas últimas fases, tem que cumprir com a elaboração da montagem de uma Exposição, o Estágio Curricular Obrigatório, Horas Extracurriculares e Trabalho de Conclusão de Curso. As disciplinas proporcionaram o incentivo de somar saberes e desenvolver o pensamento crítico.
EXPOSIÇÂO DA TURMA DE 2018
1 DADOS GERAIS
1.1 TIPO DE EXPOSIÇÃO
Exposição virtual de curta duração.
1.2 PERÍODO DE REALIZAÇÃO
Entre julho e setembro de 2021.
1.3 PRAZO PARA REALIZAÇÃO
De fevereiro a setembro de 2021.
1.4 LOCAL DE REALIZAÇÃO
Meio virtual em Wordpress, domínio e hospedagem no site da Universidade Federal
de Santa Catarina - UFSC.
1.5 HORÁRIO DE VISITAÇÃO
Acesso disponível 24h na internet.
2 APRESENTAÇÃO
2.1 TEMA
A Exposição denominada "9inha NÃO!”, foi pensada pelas graduandas da disciplina de Expografia II (MUS7506), sob orientação da professora Thainá Castro. A prática da exposição (MUS7911) está prevista para o primeiro semestre de 2021. Por meio de pesquisas acerca do tema, erotização infantil, buscamos trazer à tona a emergência em discutir esse assunto, expondo todo risco previsto no desenvolvimento da criança e em como a exposição de corpos infantis, por meio de veículos midiáticos, está atrelada aos altos índices de abusos e violências.
No que concerne ao conceito de criança, a definição foi construída historicamente e se modificando ao longo de décadas. No entendimento atual do que é ser criança, pegando o recorte do Estado brasileiro que reconhece através da Lei 8.069 de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA, na qual é considerado criança quem tem até doze anos incompletos.
A contemporaneidade, com seu progresso dos últimos anos circunda estes agentes com uma diversidade de perigos que atentam para o seu desenvolvimento sadio. O grupo de alunas da disciplina de Expografia II (MUS 7506) buscou elencar esses perigos e propor uma reflexão da família e da sociedade sobre seus deveres para com esta faixa etária, através de pesquisa bibliográfica, em artigos científicos, em fontes jornalísticas disponíveis na internet, em redes sociais (Instagram, Facebook, entre outras), assim como em sites com mecanismos de busca como da Google. A temática debatida será dividida entre Infância, Mídia e Patriarcado através de textos, vídeos e imagens. Desta forma, a exposição sugere novas e diferenciadas relações com a sociedade, atribuindo a si próprio também, a função de formar o ser humano para o exercício da cidadania, através das mediações entre o acervo exposto e os públicos.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO REITOR JOÃO DAVID FERREIRA LIMA
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
COORDENADORIA DE MUSEOLOGIA
CURSO DE BACHARELADO EM MUSEOLOGIA
VERA REGINA CAZAUBON
ESCRITOR JOÃO DA CRUZ E SOUSA:
Análise de sua trajetória como patrimônio cultural
Florianópolis, Santa Catarina
2022
“Dedico este trabalho à vida e seus ciclos. O tempo presente é a ponte que une o passado ao futuro. A cada instante, o homem grafa, nas linhas da existência efêmera, seu legado para a posteridade.”
(Cazaubon, 2012)
INTRODUÇÃO
Ao iniciar uma tarefa de pesquisa, tem-se a sensação de adentrar em um universo secreto, o que impulsiona quem escreve a dialogar com diversas fontes para a análise de conceitos sobre o tema proposto. A pesquisa “Escritor João da Cruz e Sousa: análise de sua trajetória como patrimônio cultural” foi desenvolvida com a finalidade de cumprir o requisito do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do Bacharelado em Museologia da Universidade Federal de Santa Catarina.
A historiografia registra que, em 24 de novembro de 1861, na antiga cidade de Desterro, atual Florianópolis, em Santa Catarina, nascia um menino que recebeu o nome de João da Cruz e Sousa, filho do mestre-pedreiro Guilherme da Cruz e da lavadeira Carolina Eva da Conceição, negros, escravizados libertos. Naquela época, era costume da sociedade escravocrata e paternalista dar um sobrenome e proteção, firmado no apadrinhamento e na educação formal (enquanto, simultaneamente, os pais continuaram vivendo no porão da casa senhorial). O menino, com a idade de 8 anos, já declamava versos de sua autoria, que homenageavam seu padrinho, Marechal Guilherme Xavier de Sousa.
Na época do nascimento de João da Cruz e Sousa, no século XIX, havia, na cidade de Desterro, uma edificação construída, conhecida como a Casa do Governador ou como Palácio Rosado. A partir do final do mesmo século, passou por novas reformas e tornou-se, no ano de 1879, uma arquitetura eclética, com uma mistura de estilos entre o barroco e neoclássico. O edifício está localizado na Praça XV de Novembro nº 227, no Centro de Florianópolis, e foi rebatizado como Palácio Cruz e Sousa, uma homenagem ao escritor catarinense. Posteriormente, o palácio é tombado como patrimônio histórico de Santa Catarina e, desde 1986, tornou-se a sede do Museu Histórico de Santa Catarina.
O escritor João da Cruz e Sousa deixou um legado cultural à sociedade catarinense e ao país. Seu patrimônio imaterial está representado por seu trabalho intelectual, verve literária entre poesias e sonetos, os quais falavam das vicissitudes que ocorriam em sua vida, mas também contribuiu com sua postura abolicionista com artigos, em diversos jornais locais e em outros estados, como no Rio de Janeiro. Outrossim, Cruz e Sousa foi homenageado com uma menção honrosa, pois, de acordo com a Academia Catarinense de Letras, recebeu o título de Patrono e ocupa a cadeira de nº 15. Entre seus livros, Missal (poemas em prosa) e Broquéis (versos), inaugurou oficialmente o Simbolismo[1], um novo movimento literário no Brasil.
Também fazem parte do seu patrimônio cultural a arquitetura eclética tombada: o “Palácio Cruz e Sousa” e o Memorial Cruz e Sousa edificado e interditado para visitação, nos jardins do palácio, e seus bens culturais musealizados, entre os quais: documentação, livros, fotografias e a urna funerária sob a guarda do Museu Histórico de Santa Catarina.
Sendo assim, ressalta-se a necessidade da reflexão da sociedade catarinense sobre o homem que transitou seus ciclos de vida em uma sociedade escravista, assumindo sua cor e sua história. Trata-se de um intelectual que permitiu fluir sua verve filosófica na aceitação do homem em relação à morte, que é a única realidade insuperável da existência humana, a luta contra o racismo estrutural enraizado, o devaneio de uma sociedade igualitária, o misticismo que acompanhava seus pensamentos.
Com relação ao preconceito pela sua cor, que Cruz e Sousa enfrentou em sua época e que permanece em nossa sociedade, segundo Almeida (2019, p. 15), o racismo estrutural: "É sempre estrutural, ou seja, de que ele é um elemento que integra a organização econômica e política da sociedade. Em suma, o que queremos explicitar é que o racismo é a manifestação normal de uma sociedade, e não um fenômeno patológico ou que expressa algum tipo de anormalidade. O racismo fornece o sentido, a lógica e a tecnologia para a reprodução das formas de desigualdade e violência que moldam a vida social contemporânea. Em suma, procuramos demonstrar neste livro que as expressões do racismo no cotidiano, seja nas relações interpessoais, seja na dinâmica das instituições, são manifestações de algo mais profundo, que se desenvolve nas entranhas políticas e econômicas da sociedade".
Cárcere das Almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
Que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?!
Estrutura da pesquisa
Com relação à estrutura deste trabalho acadêmico, optou-se por apresentar três capítulos divididos em subcapítulos:
(Cap. 2) Trajetória pessoal e intelectual do escritor João da Cruz e Sousa – Esse capítulo tem como objetivo reconhecer na literatura interdisciplinar a trajetória da vida pessoal, intelectual e profissional de Cruz e Sousa, do seu nascimento até sua morte. As principais fontes utilizadas são os autores: Alves (2008), Beléssimo (2010), Le Goff (1992), Meneses (1998), Pauli (1973) e Prandini (2011), os quais retratam o cotidiano do poeta e os desafios impostos pelo preconceito e outras instituições públicas, com assuntos pertinentes ao tema. Inicia-se o percurso no conhecimento do espaço geográfico e histórico de sua terra natal, Desterro, em Santa Catarina. Será construída, posteriormente, sua biografia, trajetória intelectual como escritor, o poeta com sua verve literária, o jornalista com seus artigos na defesa do abolicionismo, o profissional e seus campos de atuação, como também sua trajetória final, com os últimos acontecimentos da existência dele. Optou-se por subcapítulos para explanar os conceitos: (2.1) Quem foi Cruz e Sousa?; (2.2) Escritor João da Cruz e Sousa, o poeta, o jornalista e o profissional; e (2.3) Trajetória final de sua vida.
(Cap. 3) Memória do escritor João da Cruz e Sousa na Grande Florianópolis – O objetivo desse capítulo é dialogar sobre conceitos de memória, esquecimento e identidade. Quando se diz ‘entrelaçar’, considera-se que a memória individual é constituída por lembranças que estão armazenadas em nossos processos cognitivos, as quais brotam como insight. Porém, como a memória é seletiva, construída e organizada por cada indivíduo, ela se faz acompanhar do esquecimento. Por outro lado, com certeza, é a memória coletiva que constrói a identidade cultural. Outro objetivo é identificar o discurso da sociedade e instituições sobre a identidade do intelectual Cruz e Sousa, e como essas homenagens instigam sua memória, tendo como recorte o espaço geográfico da Grande Florianópolis. As principais fontes pesquisadas são os autores: Halbwachs (1990), Le Goff (1990), Meneses (2018), Nora (1983), Pollak (1992) e outras instituições públicas com assuntos pertinentes ao tema. Foram estabelecidos subcapítulos para explanar os conceitos: (3.1) O entrelaçar da memória, esquecimento e identidade; e (3.2) Homenagens pós-morte ao escritor João da Cruz e Sousa na Grande Florianópolis.
(Cap. 4) Patrimônio cultural do escritor Cruz e Sousa na Grande Florianópolis – Esse capítulo tem como objetivo dialogar sobre o patrimônio cultural material e imaterial do escritor Cruz e Sousa sob a guarda do Museu Histórico de Santa Catarina. É composto por uma arquitetura tombada, o Palácio Cruz e Sousa, pelo Memorial nos jardins do palácio que leva o seu nome, e também por seus bens culturais destinados à preservação, em exposição no espaço destinado à sala do poeta: fotografias, livros, painéis que narram sua vida e urna funerária com seus restos mortais. Escolheu-se como aporte teórico: Cândido (2013), Ferrez (2016), Chagas (1994, 2003), a Fundação Catarinense de Cultura (FCC, 2012), o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM, 2019), e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Os subcapítulos que explanam os conceitos são os seguintes: (4.1) História do Palácio Cruz e Sousa; (4.2) Bens culturais móveis e imóveis do escritor João da Cruz e Sousa; e (4.3) Patrimônio musealizado do escritor João da Cruz e Sousa no Museu Histórico de Santa Catarina.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha de um tema para o Trabalho de Conclusão de Curso é a realização da trajetória de aprendizado no decorrer do Curso de Bacharelado em Museologia. É aqui que os sentidos são aguçados, a bagagem de conhecimentos é testada, o profissional é instigado a elaborar questões e sair em busca de respostas ao conectar-se com o universo do patrimônio cultural, para os quais a sociedade atribui valor artístico, histórico e documental, e analisar com minúcia o porquê “as coisas são como são”.
Para realizar a pesquisa intitulada Escritor João da Cruz e Sousa: análise de sua trajetória como patrimônio cultural, buscou-se aporte teórico que ofertasse argumentos plausíveis inseridos na interdisciplinaridade, para uma visão ampla sobre os conceitos dissertados nos objetivos propostos. Considera-se que os objetivos elencados, os quais estavam no patamar de uma pesquisa com aporte teórico e consultas às instituições de nível federal, estadual e municipal, foram alcançados.
No primeiro capítulo, o aporte teórico foi unânime em retratar a trajetória do escritor Cruz e Sousa, possibilitando o fluir da interpretação dos dados e a conclusão de que a sua vida foi alicerçada em sonhos e devaneios, na busca de uma sociedade desterrense igualitária, expressando seus sentimentos através de sua verve literária e seus artigos abolicionistas publicados em jornais, uma forma de vencer o preconceito que cerceava sua existência. Ele aceitou suas alegrias como formação de uma família, ter amigos fiéis e ser considerado o primeiro simbolista brasileiro; e sua sina, uma vida efêmera, pois veio a falecer de tuberculose muito cedo, com a companhia da penúria financeira.
No segundo capítulo, o diálogo com os teóricos foi sobre a necessidade de preservar a memória a nível individual e social, para que não caia no patamar do esquecimento. Na busca de comprovação sobre a memória de Cruz e Sousa nos municípios da Grande Florianópolis, constatou-se que a memória coletiva, no decorrer dos séculos, contribuiu para a afirmação de sua identidade, por grupos sociais e instituições; uma memória simbólica, pois remete a um acontecimento vivido por um grupo de pessoas que já foram a óbito, mas trazem a representação para a maioria que não participou da sociedade do século XIX.
No terceiro capítulo, o ancoramento foi sobre teóricos e instituições que dialogam sobre patrimônio. Ali o estudo direcionou-se ao patrimônio cultural material e imaterial do escritor Cruz e Sousa. Observaram-se fatos que incidem em desabono às instituições governamentais (estadual e municipal), no que concerne à preservação do patrimônio material edificado, o “Memorial Cruz e Sousa”, que foi inaugurado em 6 de maio de 2010, porém interditado por problemas na estrutura pouco tempo após a sua abertura, e que permanece fechado. Essa análise ficou sem resposta, pois depende da gestão de políticas públicas. Outro fato observado foi com o olhar de Conservadora e Restauradora de Bens Culturais Móveis/UFPel, com relação à conservação preventiva no assoalho de madeira da Sala Cruz e Sousa, para que patologias não venham afetar os bens culturais ali localizados.
Outro questionamento, no decorrer da pesquisa, foi sobre os seus restos mortais retornarem a Florianópolis para fazer parte das coleções no museu. Sabe-se que o Museu Histórico de Santa Catarina é voltado para a memória histórica deste estado, mas esquece de relatar a verdadeira história de Cruz e Sousa, pois a vida no século XIX lembra o Brasil atual em muitos aspectos: mesmo sem senzalas, correntes e pelourinhos, o negro continua perseguido pelo preconceito e, desse modo, carrega o estigma social pela sua cor.
Conclui-se com esta pesquisa que há um descaso de políticas públicas em relação à preservação e conservação do patrimônio cultural do Memorial Cruz e Sousa, que reforça o silenciamento da identidade do indivíduo na Grande Florianópolis. Identificou-se também que, no audioguia do Museu Histórico de Santa Catarina, que descreve os acervos culturais salvaguardados pela instituição, não se menciona a Sala Cruz e Sousa para os públicos que desejam conhecer a história do anfitrião que dá nome ao museu.
Ademais, Almeida (2019, p. 89) menciona que as tratativas sobre a legislação da questão racial iniciaram no Brasil em 1951 e que, posteriormente, a Constituição Federal de 1988 “trouxe as disposições mais relevantes sobre o tema, no âmbito penal, ao tornar o crime de racismo inafiançável e imprescritível, disposição que orientou a Lei nº 7.716 de 1989”. A cada década, uma nova lei é promulgada, como a de 1997, na qual foi incluído o artigo “140 no Código Penal, para que constasse o tipo penal da injúria racial ou qualificada” (ibidem).
Não faltam leis, mas sim aplicar aquelas já promulgadas, de forma rigorosa, mediante os órgãos que compõem a estrutura jurisdicional de nosso país, para que a luta abolicionista de Cruz e Sousa, feita no passado, resulte no presente em “uma sociedade igualitária”. Os séculos transcorreram e, no Brasil, temos a Lei nº 12.288/2010, que rege o “Estatuto da Igualdade Racial”. Se a referida lei fosse cumprida em sua totalidade, a mesma seria o instrumento necessário para direcionar os jovens desde a idade escolar, a fim de reconhecer o direito à voz, o respeito à cultura diferenciada, assim como a quebra da intolerância aos povos étnicos que formam a sociedade brasileira.
O escritor Cruz e Sousa nos deixou um legado sobre a resistência na luta contra o racismo estrutural, pois, embora não existam mais senzalas e pelourinhos no presente, os feitores se multiplicam. É de suma importância evocar sua memória, como modelo de força e resistência, entre aqueles marginalizados pela cor. O Brasil necessita de inúmeros Cisnes Negros e Dantes Negros, tanto na oralidade como na escrita, em prol da equidade entre os seres humanos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A CASA Senhoril – Portugal/Brasil & Goa. Anatomia de interiores. Disponível em: https://acasasenhorial.org/acs/index.php/pt/fontes-documentais/plantas-antigas/199-palacio-do-governador-de-santa-catarina. Acesso em: 03 fev. 2020.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Normas da ABNT – 2021. Disponível em: https://www.normasabnt.org/. Acesso em: 04 mar. 2021.
ACADEMIA Catarinense de Letras. Agraciados com medalha Cruz e Sousa. Disponível em: https://www.sc.gov.br/noticias/temas/cultura/conselho-estadual-de-cultura-divulga-nomes-de-agraciados-com-a-medalha-cruz-e-sousa-em-2021. Acesso em: 01 dez. 2021.
AGÊNCIA Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução – RDC nº 68, de 10 de outubro de 2007. Dispõe sobre o Controle e Fiscalização Sanitária do Translado de Restos Mortais Humanos. (Ministério da Saúde, 2007.) Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2007/res0068_10_10_2007.html. Acesso em: 12 mar. 2020.
ALMEIDA, Silvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.
ALVES, Uelinton Farias. Cruz e Sousa Dante Negro. Rio de Janeiro: Editora Pallas, 2008.
AMORIM, Luís Carlos. Nosso grande Cruz e Sousa na senzala. In: A Tribuna News, 2017. Disponível em: https://www.atribunanews.com.br/artigos/nosso-grande-cruz-e-SousaSousa-na-sensala. Acesso em: 20 mar. 2020.
ASSEMBLEIA Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC). Deputado Fabiano da Luz encontra trineta de Cruz e Sousa e faz homenagem ao poeta. 2021. Disponível em: https://agenciaal.alesc.sc.gov.br/
index.php/gabinetes_single/fabiano-encontra-trineta-de-cruz-e-sousa-e-faz-homenagem-ao-poeta. Acesso em: 06 dez. 2021.
ASSEMBLEIA Legislativa do Estado de Santa Catarina (ALESC). Lei nº 17.565, de 6 de agosto de 2018. Consolida as Leis que dispõem sobre o Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina. Disponível em: http://leis.alesc.sc.gov.br/html/2018/17565_2018_lei.html. Acesso em: 02 abr. 2020.
BELÉSSIMO, Angelo Renato. Grandes fortunas em Santa Catarina. Dissertação (2010). Faculdade de Letras. Universidade de Lisboa. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/3358/1/ulfl087140_tm.pdf. Acesso em: 12 jan. 2020.
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BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 20 fev. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei Federal nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11904.htm. Acesso em: 10 mar. 2020.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009. Da criação do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11906.htm. Acesso em: 23 mar. 2020.
CÂNDIDO, Manuelina Maria Duarte. Sobre a Resolução da 23ª Conferência sobre Museus (memória + criatividade = mudança social). 2015. Disponível em: https://www.icom.org.br/. Acesso em: 12 mar. 2021.
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DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
No quarto semestre já iniciei a elaboração de meu Pré-Projeto do TCC, com tempo e tranquilidade, mas consciente do tema que queria trabalhar. A Banca no dia da Defesa me deixou à vontade para dissertar sobre o assunto. Agradeço a orientadora Professora Renata Padilha que foi, pacienciosa para fazer sugestões e diversas correções, o Professor convidado por mim, Igor Amorin que foi um excelente guia nas correções pontuais e a Professora Thainá Castro Costa por todo incentivo em minha trajetória no Curso. Um especial agradecimento a presença dos colegas que se tornaram amigos, sempre dispostos a colaborar, Ilione Lima Alves, Rúbia Stein do Nascimento e Pedro Henrique dos Santos Wolter, pois tínhamos um lema “ninguém solta a mão de ninguém” . Encerrada a arguição do trabalho, os membros da banca aprovaram o trabalho, com as seguintes considerações: Parabenizamos a escolha da temática e originalidade da pesquisa. Rever juízos de valor, fortalecer pontos de crítica textual e análise final. E a banca recomenda para publicação de artigos a partir do TCC. As notas atribuídas foram as seguintes: 1. 8,5 2. 9,0 e 3. 9,5 - Nota Final: 9,0.
REGISTROS DE VIDA DO POETA CRUZ E SOUZA DESDE O NASCIMENTO - ACERVO DA FOTÓGRAFA SHAYDA CAZAUBON PERES E DA FORMANDA VERA REGINA CAZAUBON.
29 abril DE 2022 - Formatura do Curso de Museologia/UFSC
Em virtude da Pandemia e estar dentro da faixa etária do grupo de risco optei pela solenidade de formatura no Gabinete do Centro de Filosofia e Ciências Humanas.
Cumprimentos Professora Renata Cardozo Padilha
Vera querida, Parabéns pela sua formatura! Muito feliz por ter te acompanhado ao longo desses anos e por fecharmos juntos está fase sendo sua orientadora. Desejo muito sucesso e sempre muitas realizações e alegrias na tua caminhada. Conte comigo! Forte abraço e beijão. Comemore!!!
Cumprimentos da Coordenadora do Curso Professora Thainá Castro Costa Figueiredo Lopes
Querida Vera, por conta dos últimos acontecimentos as coisas ficaram bastante desorganizadas por aqui e infelizmente não consegui ir a UFSC para te dar um abraço, mas quero muito que você saiba que pra nós é uma felicidade tua formatura e ter uma colega como você na Museologia. Desejo que tua trajetória seja de muito sucesso, que a Museologia te traga coisas boas. Foi um prazer acompanhar tua formação, e o curso estará sempre aberto para você. Beijos.
Cumprimentos do Professor Valdemar de Assis Lima representante dos Docentes na formatura
Vera querida! Te admiro e te gosto muito, minha estimada colega! Agora é colega! Agradeço pelo carinho e consideração. Tu és imensa, Veroca! Um grande abraço.
Meu primeiro café como Museóloga no dia da Formatura.