Poesias
A bagagem emocional de vidas passadas, nos acompanha e
grafa em pergaminhos, desejos tatuados entre véus da alma.
CAZAUBON, Vera Regina
A poesia é uma forma de expressão marcada pela subjetividade, que tem como objetivo revelar pensamentos, sentimentos e estado de espírito. Ela retrata algo pela ótica da imaginação do poeta e do leitor. As diferenças formais e contextuais da poesia são objeto de estudos recentes que buscam uma definição que possa abranger tais diferenças nas expressões poéticas. Com o objetivo de traçar a evolução do conceito de poesia, o historiador polonês Wladyslaw Tatarkiewicz afirma que existem dois conceitos que podem defini-la. Considerando que o termo poesia é aplicado para dois objetos distintos, o autor assinala que primeiro conceito é o de “arte baseada na linguagem” e o segundo assume um significado mais geral, como “estado da mente”. Cabe ressaltar que o contexto é essencial para o desenvolvimento do gênero e da forma poética. As poesias que registram eventos históricos de forma épica, por exemplo, são narrativas mais longas. As litúrgicas como hinos e salmos são mais curtos e adotam um tom de inspiração espontânea. Fonte:https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/lingua-portuguesa/poesia
Ciclos da Poesia
A poesia é a arte e resulta na arte poética, a obra poema e o poeta, o artífice. É a forma de expressão literária que surgiu simultaneamente com a Música, a Dança e o Teatro, em época que remonta à antiguidade, através da palavra, o berço da poesia. Na forma escrita ou verbal é que o homem se comunica, se relaciona e se integra a sociedade expressando seus sentimentos, como também tem como complemento a expressão gestual, pois reforça o que está sendo transmitido, que expressa de forma mais autêntica as sensações e emoções sobre o exposto no momento. A poesia compreende aspectos metafísicos (no sentido de sua imaterialidade) e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta. O primeiro valor artístico destacável das narrativas primitivas foi o ritmo que designa aquilo que flui, o que se movimenta e, está inserido em tudo na nossa vida, desta forma, o elemento-chave da expressão.
Séculos VIII a.C. a II a.C.
As primeiras obras da História que se tem informação são os dois poemas atribuídos a Homero (Ilíada e Odisseia), narram aventuras do herói Ulisses e a Guerra de Tróia.
Na Grécia antiga, os principais poetas foram: Píndaro, Safo e Anacreonte. Esopo ficou conhecido por suas fábulas e Heródoto, o primeiro historiador por ter escrito a história da Grécia em seu tempo e dos países em seu tempo, quando visitou, o Egito Antigo.
Séculos I a.C. a II d.C.: A literatura na História de Roma Antiga
Vários estilos que se praticam até hoje, como a sátira, são originários da civilização romana. Entre os escritores romanos do século I a.C. podemos destacar: Lucrécio (A Natureza das Coisas); Catulo e Cícero. Na época de 44 a.C. a 18 d.C., durante o império de Augusto, corresponde uma intensa produção tanto em poesia lírica, com Horácio e Ovídio, quanto em poesia épica, com Virgílio, autor de Eneida. A partir do ano 18, tem início o declínio da História do Império Romano com as invasões germânicas. Neste período destacam-se os poetas Sêneca, Petrônio e Apuleio.
Séculos III a X
Após a invasão dos bárbaros germânicos, a Europa se isola, forma-se o feudalismo e a Igreja Católica controlam a produção cultural. A língua (latim) e a civilização latina são preservadas pelos monges nos mosteiros. A partir do século X começam a surgir poemas, principalmente narrando guerras e fatos de heroísmo.
Século XI: As Canções de Gesta e as Lendas Arturianas.
É a época das Canções de Gesta, narrativas anônimas, de tradição oral, que contam aventuras de guerra vividas nos séculos VIII e IX, o período do Império Calolíngio. A mais conhecida é a Chanson de Roland (Canção de Rolando) surgida em 1100. Quanto à prosa desenvolvida na Idade Média, destacam-se as novelas de cavalaria, como as que contam as aventuras em busca do Santo Graal (Cálice Sagrado) e as lendas do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.
Séculos XII a XIV: O trovadorismo e as cantigas de escárnio e maldizer
É o período histórico do trovadorismo e das poesias líricas (é uma forma de poesia que surgiu na antiga Grécia, e originalmente, era feita para ser cantada ou acompanhada de flauta e lira) palacianas. O amor impossível e platônico transforma o trovador num vassalo da mulher amada, exemplo do amor cortês. Neste período, também foi comum o poema satírico, representado pelas cantigas de escárnio (crítica indireta) e de maldizer (crítica direta).
Séculos XIV ao XVI: Humanismo
O homem passa a ser mais valorizado com o início do humanismo renascentista (o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna). A literatura mantém características religiosas, mas nela já se podem ver características que serão desenvolvidas no Renascimento, como a retomada de ideais da cultura greco-romana. Na Itália, podemos destacar: Dante Alighieri autor da Divina Comédia, Giovanni Bócio e Francesco Petrarca. Em Portugal, destaca-se o teatro do poeta de Gil Vicente, autor de A Farsa de Inês Pereira.
Século XIX (primeira metade): O Romantismo
No Romantismo há uma valorização da liberdade de criação. A fantasia e o sentimento são muito valorizados, o que permite o surgimento de obras de grande subjetivismo. Há também valorização dos aspectos ligados ao nacionalismo.
Poetas principais desta época: Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Giacomo Leopardi, James Fenimore Cooper, Edgard Allan Poe.
Século XIX (segunda metade): O Realismo
Movimento que mostra de forma crítica a realidade do mundo capitalista e suas contradições. O ser humano é retratado em suas qualidades e defeitos, muitas vezes vítimas de um sistema difícil de vencer.
Principais representantes: Gustave Flaubert autor de Madame Bovary, Charles Dickens (Oliver Twist), Charlotte Brontë (Jane Eyre), Emily Brontë (O Morro dos Ventos Uivantes), Fiodor Dostoievski, Leon Tolstoi, Eça de Queiroz, Cesário Verde, Antero de Quental e Émile Zola, Eugênio de Castro, Camilo Pessanha, Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire.
Décadas de 1910 a 1930: fugindo do tradicional
Os escritores deste momento da História vão negar e evitar os tipos formais e tradicionais. É uma época de revolução e busca de novos caminhos e novos formatos literários.
Principais escritores deste período: Ernest Hemingway, Gertrude Stein, William Faulkner. S. Eliot, Virginia Woolf, James Joyce, Mário de Sá-Carneiro, Fernando Pessoa, Cesar Vallejo, Pablo Neruda, Franz Kafka, Marceel Proust, Vladimir Maiakovski.
Década 1940: a fase pessimista
O pessimismo e o medo gerados pela Segunda Guerra Mundial vão influenciar este período. O existencialismo de Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir e Albert Camus vão influenciar os autores desta época. Na Inglaterra, George Orwell faz uma amarga e triste profecia do futuro na obra 1984.
Década de 1950: crítica ao consumismo
As obras desta época da História criticam os valores tradicionais e o consumismo exagerado imposto pelo capitalismo, principalmente norte-americano. O poeta Allen Ginsberg e o romancista Jack Kerouac são seus principais representantes. Henry Miller choca a crítica com sua apologia da liberdade sexual na obra Sexus, Plexus, Nexus. Na Rússia, Vladimir Nabokov faz sucesso com o romance Lolita.
Décadas de 1960 e 1970
Surge o realismo fantástico, como na ficção dos argentinos Jorge Luis Borges e Júlio Cortázar, na obra do colombiano Gabriel Garcia, Cem Anos de Solidão, se misturam o realismo fantástico e o romance de caráter épico. São épicos também alguns dos livros da chilena Isabel Allende autora de A Casa dos Espíritos. No Peru, Mario Vargas Llosa é o romancista que ganha prestígio internacional. No México destacam-se Juan Rulfo e Carlos Fuentes, no romance, e Octavio Paz, na poesia.
A literatura muda o foco do interesse pelas relações entre o homem e o mundo para uma crítica da natureza da própria ficção. Um dos mais importantes escritores a incorporar essa nova concepção é o italiano Ítalo Calvino.
A partir de 1970 crítica ao consumismo. As obras desta época da História criticam os valores tradicionais e o consumismo exagerado imposto pelo capitalismo, principalmente norte-americano. O poeta Allen Ginsberg e o romancista Jack Kerouac são seus principais representantes. Henry Miller choca a crítica com sua apologia da liberdade sexual na obra Sexus, Plexus, Nexus. Na Rússia, Vladimir Nabokov faz sucesso com o romance Lolita.
Décadas de 1960 e 1970
Surge o realismo fantástico, como na ficção dos argentinos Jorge Luis Borges e Júlio Cortázar, na obra do colombiano Gabriel Garcia, Cem Anos de Solidão, se misturam o realismo fantástico e o romance de caráter épico. São épicos também alguns dos livros da chilena Isabel Allende autora de A Casa dos Espíritos. No Peru, Mario Vargas Llosa é o romancista que ganha prestígio internacional. No México destacam-se Juan Rulfo e Carlos Fuentes, no romance, e Octavio Paz, na poesia.
A literatura muda o foco do interesse pelas relações entre o homem e o mundo para uma crítica da natureza da própria ficção. Um dos mais importantes escritores a incorporar essa nova concepção é o italiano Ítalo Calvino. A partir de 1970 imperou a poesia lírica contemporânea, foram estudadas obras que tratam tanto da lírica brasileira contemporânea, de autores como Célia Pedrosa (2008), Domício Proença Filho (1986), Fernando Pinto do Amaral (1991), Octávio Paz (1984), Linda Hutcheon (1991), Manuel Freitas (2002), Heloisa Buarque de Holanda (1998), Eduardo Lourenço, Benedito Nunes (2009) e outros.
001 - Rascunhos da Alma
Fecho olhos da visão e medito
De uma forma assustadora
Como um turbilhão
Sem dia, sem hora pré-fixada
Escuto silêncio da alma
Que escreve em minha mente
Letras que formam palavras
Que retratam sentimentos
Apanho a pena e pergaminho
Transcrevo o que aflora
Pois conheço seus mistérios
Segredos e sua essência jovem
Que sem limite poetisa
Entre devaneios e esperanças
Sobre passado de outras vidas, o que foi?
O presente entre sorte e sina, o que é?
O futuro desconhecido, o que será?
002 – Arevares
Entrelaçar de Vera e Ares
Coberta pelo manto de Marte,
Guerreiro que defende
Intempéries árida jornada
Ares, minha fortaleza nos desafios
Salvo conduto à liberdade
Romper portões clausura
Ludibriar sentinelas do tempo
Ser Eu, na plenitude do instante
Algumas vezes rude, impaciente,
Outras dócil, gentil, com reservas
Permeada de mistérios enigmáticos
Transparente nos pensamentos
Cristalina na palavra e escrita
Inacessível nos sentimentos
Que perfaz o todo da existência
Por maior que seja a nitidez
A verdade é oculta na essência.
003 – A arte de saber viver
Sou uma, sou duas, sou três, não importa quantas,
Basta saber que em cada uma delas vivo na plenitude,
Sem misturar sensações, emoções e sentimentos
Pois passado foi incinerado, sem projeções para futuro
Sou uma, sou duas, sou três na fugacidade do instante
Sem me preocupar com Cronos e o decorrer do tempo
Pois tempo significa cronologia de dias, meses e anos
Por caminhos ou atalhos, sorte ou sina do destino
Sou uma, sou duas, sou três, sem precisar mudar de lugar
Pois energia se move e se manifesta de formas diferentes
Como partituras harmônicas e melódicas da sinfonia EU
Idealizada e autenticada pela poetisa em sua obra.
004 – Aprendi
Que rugas do tempo
Advém da essência das estações
Sorve néctar botões primaveris
Qual libélula graciosa na brisa vespertina
Exausta desmaia efêmera ilusão
Entre raios solares que inebriam
Fausto fogo interior que habita
Energia inquieta, exigente
Chama desejo transcendental
Nas cálidas chuvas de outono
Como seiva umedece terra
Amor renasce com sensibilidade
Não se chora de dor, saudade
É ousada a busca, permissão doar
Intenso nevoeiro que nos cobre gélido
Congela alma e se não for lépida
A vertente amor se esvai.
005 – Amor
Enigma a desvendar
Encontro duas Almas
Que percorrem espaço sutil
Sem fronteira, barreiras
Em busca de algo mais
Opostos que se atraem
Diferenças que se distanciam
Preenchendo lacunas vida
Mescla realidade, utopia
Conquistar felicidade dia a dia.
Busca realizações
Soma sensações
Fonte emoções
Nutre vida e tempo
E nos torna meros mortais.
006 – Anoitecer
Dia despede-se e diz boa noite
Sol esconde-se horizonte
Ritual mágico intensa beleza
Permite que noite que se anuncia
Cubra terra alterando cores natureza
Em degrade sequência arco-íris
Momento que sonho e realidade se mesclam
Mãos dadas, verso e prosa, fazem canção
Passarada busca abrigo em ninhos
Seres buscam abrigo em seus lares
Rendem homenagem mistério brumas
Firmamento recebe estrelas ordenadas
Formam fino tapete iluminado
Para a Lua dançar, melodia de amor.
007 - Asas ao Vento
Com delicadas asas
Sobrepostas, emaranhadas
Graciosas, pequeninas
Esvoaçantes em bailado
Ritmado, majestoso
A sós ou em cortejo
Beijam flores jardim
Asas ao Vento são borboletas
Que trazem no corpo arte
Com equilíbrio harmônico
Perfeita sincronia
Agitam-se para frente, para trás
Cada movimento vibrante e singelo
Buscam com novo olhar
Cravo, rosa, jasmim
Para sedutora pousar
Mistura cores e aromas
Em voo majestoso
Despede-se da terra
Tenta nuvens alcançar.
008 – Energia
Meu nome é energia,
Fogo, labaredas
Que animo e fortaleço
Em fluxo constante,
Sem parar, sem cansar
De forma ilimitada,
Sou eu quem te possuo
Preencho teu receptáculo
Teu cálice sagrado interior
Energia cósmica da vida
Espalha em vasos e veias
Néctar exalado dos Deuses
Sou luz, teu fluído vital.
009 - Meus olhos
Fecham-se no ocaso tempo
Lembro passado quando presente
Mãos unidas caminhávamos
Beira-mar, sentindo forte maresia
Invadir olfato e gotas espumas
Salpicarem lábios, gosto do mar
Meus olhos fecham-se noites brumas
Quando fantasia invade pensamentos
Vejo tua tez morena iluminada por luzes
Se infiltram como réstia de luz na alcova
Fecham-se quando habito o sonho
Quimeras, me faço deusa castidade
Enquanto teus desejos acorrentam-me
Tua escrava da paixão e volúpia
Quando acordo para realidade
Sou mendiga infortúnio na vida.
010 – Volúpia
Noite gélida se faz presente
Entre brumas, piar de coruja
Rompe silêncio da natureza
Entre meia luz e sussurros
Dois corpos terno abraço
Olhar iluminado e travesso
Convite explícito para prazer
Atração magnética desejos
Sentidos aguçados sem discordâncias
Mergulhar, no encantamento da paixão
Viajar, nas coordenadas da anatomia
Navegar, na sinuosidade da pele
Mãos ávidas que se movem sensuais
Luar testemunha doces beijos
Suavidade, loucura da luxúria.
011 - Viagem no Tempo
Imperceptível por sua pressa
Sem relógio para marcar horas
Sem ponteiros para contar minutos
Não é um vai e vem, apenas o destino
Entre nascer e extinguir vida
Roda gigante, seu mecanismo
Quando sobe, incógnita do futuro
Ao descer, rápida, sinaliza passado
Enquanto o presente é feito de vertigens
Melodias, aromas que embriagam
Entrelaçada com sonhos irrealizáveis
Busca do oceano de paz que cura
Além da linha imaginária
Horizonte eternidade.
012 – Mãe
Meus versos em sua honra,
Mulher flor, mulher aroma
Essencial à vida como ar
Cumpre missão divina
Espalhar humanidade
Sementes verbo amar
Não há nada na natureza
Comparada com tua essência
Que seca lágrimas tristeza
Se ergue, não conhece fraquezas
E sorri, mesmo nas incertezas
É ternura, paciência, fortaleza
Fiandeira de sonhos, esperanças
Mãe, poema, notas de melodia
Que seja sempre abençoada
Com alegrias, gratidão e paz.
013 - Arte do verbo amar
Não existem regras
Para conjugar o verbo amar
Quando crianças,
Nascem sonhos
Inicia com beijo roubado,
Que deixa faces coradas
Segredos inconfiáveis,
Lembranças guardadas saudade,
Quando jovem é conjugado com paixão
Soma de instantes, sem registros
Atormenta, incertezas angustiantes
Entre sono e acordar
Na maturidade sua essência
Sentimento se enraíza
Sem fronteiras, barreiras
Nem perguntas, respostas
É viver constantemente,
Intensamente, sem limites
A arte de conjugar verbo amar.
014 - Natureza e os amores
Viçosos botões primaveris
Brotam natureza
Mostram energia da vida
Beleza germinar
Inspira poetas, pintores,
O aflorar dos amores
Alimentado por sonhos,
Por carinho extasiante,
Preencher vazio
Solidão com esperança.
Vem verão com flores
Energia da juventude
Inebria o ar o exalar essências,
Amor é como o fogo
Paixão abrasiva incendeia
Alimenta emoções por momentos,
São amores que nascem
Da carne, sem medo
Pois é fome da caça,
Da posse, libido atuante
Vem outono, ventos frios
Despe árvores, folhas despencam
Sentimentos se tornam
Maduros asas da certeza
Terno, repleta sensualidade
Rompem barreiras convencional,
Do proibido, sem ser percebido,
Logo ali se enraízam
Anuncia-se o inverno,
Que cobre de gelo, rios, lagos
Jardins e bosques
Toda florada se veste de branco
Amores, nostalgia fenecem
Emoções hibernam, são raras flores,
E amores, que não vencem a neve.
015 - Poesia Pura
Inebria mente, sensações
Transcende lógico e racional
Para extrair essência cristalina
Reverso, onde sentimentos jorram
Com pena rabiscar pergaminho
Entrelaçados, sensibilidade e mistério
Poeta retrata paixão que incendeia
Ou mesmo, intensa tempestade dor,
Com maestria, retrata êxtase das quimeras
O exalar aromas jardim das emoções
Dedilha com maestria notas de seu interior,
Na sublime inspiração, ao agrupar letras
Com arte, desenha e desnuda sutil silhueta
Poesia Pura, vida em sua essência.
016 - Ser Feliz
Ser Feliz, eis a questão, difícil é ser
Sensação reservada aos sábios
Não depende da calmaria ou tempestade
Caminho de sucessos ou fracassos,
Sorriso franco, vertente de lágrimas
Ser feliz um clik, um despertar
Vivenciar autoamor e aprender doar
Agradecer força para transpor desafios,
Saber ousar e conquistar seus ideais
Permitir que sua criança interior
Salte, pule e grite aos quadrantes
Estar viva, para errar e se erguer
Ser feliz é aprender com humildade
Dividir sua bagagem de sabedoria
Alcançar maturidade e crer
Que felicidade não é sensação duradoura
Parte da soma segundos presentes
Que se oportunizam um de cada vez,
Não existem lugares ou terceiros,
Para proporcionar ou impulsionar esta magia
Ser feliz é uma arte, o artista é você.
017 - Encontro
Tanto tempo perdi em buscas e desencontros
Tornando dias uma sucessão de brumas oscilantes
Transformando meses em soma de desencantos
Vivendo anos vegetando como outros tantos
Percorrendo a vida sem razão para vivê-la
Lutando sem ter campo, sem existir batalha
Até que, cansada, fechei os olhos à ilusão e fantasia
Aquietei as sensações, solidão, desespero
Uma luz fulgurante iluminou minha mente
Encontrei o caminho da verdade e felicidade
Que é amar todos e vibrar na mesma sintonia.
018 - Anseios
Apenas rosto, essência desconhecida,
Habita emoções entre crepúsculos
Apodera-se das sensações que oscilam
Meus sentimentos já seduzidos
Desejo que arrepia e abate
Corpo suado em sonhos agitados
Acordado em eterna letargia
Mente obcecada por voz melodiosa
Aturde e evidencia lembranças
Enfeitiçado caminho veredas distantes
Sinto tuas mãos me acariciando
Lábios lascivos arrebatando beijos
Dois corpos, duas almas, nas asas do tempo.
019 - Porões da Ilusão
Navio iluminado, show musical
Orquestra, Bolero de Ravel
Risos, gargalhadas ecoam
Entre vagas e areia da praia
Tilintar de taças, brindes sensações,
Castiçais velas meia luz convéns
Percepções cinco sentidos brotam
Envolvendo corpos sequiosos ilusões,
Abrem-se de forma triunfal porões
Rasgam-se véus que cobrem sombras
Mar tempestuoso delírio da paixão,
Olhares lascivos convidativos inebriados
Sorriso sensual, úmido, marcante,
Evidencia desejos corpos
Inspiram volúpia incandescente,
Respiram fogo, labaredas de quimeras
Espetáculo degradante se configura,
Cada ator cobre face com máscara
Como se fosse possível encobrir despudor,
Razão naufraga mar insanidade
Instinto mergulha Porões das Ilusões.
020 - Este Poema
Este poema é homenagem
Meu Poeta e minha Poetisa
Para ressaltar tua importância
No universo da poesia
Tu, ser sensível que discursas
Sobre tuas e dores alheias
Com perfeição e maestria
Usas pena dos sonhos
A tinta do arco-íris
Pincelas tela da vida
Doces e inspiradas notas de amor
Tu, que és fiandeiro sentimentos
Poemas fictícios e reais
Que são essências guardadas
Em tua Alma pura e cristalina
Que fala do vento, tempo
Ensina a conjugar verbo amar
Tu não registras horas
Que perfazem dias e noites
Pois, para poetas o tempo urge
Usar inspiração com sensibilidade
E, mais um poema universo poesia
Registrar, pois sabe que se eternizará.
021 - Ilusão
Voa nas asas da imaginação
Cobertas véus de mistérios
Residentes cidade dos sonhos
Onde o Eu reina só
Possuem energia própria
Compartilhada com almas
Chamadas de solidão
Torna-se musa da inspiração
Com todos sincronismos
Tela colorida magia, sedução,
Descortina caminho esperança
Expressa entre versos e prosas
Pois cada letra, cada linha,
Toma forma e, mesmo sutil,
A ilusão é inteira e só minha.
022 - Paixões insaciáveis
Serpente sinuosa
Enrosca e sufoca
Som guiso chocalhar
Encanta, enfeitiça
Raciocínio conturbado
Meandros sedução
Carne não sacia, sede não mitiga
Sentidos se tornam escravos
Febre delirante, desafio tentação
Aroma fascinante acresce fantasias
Sintonia, cumplicidade plena
Adentrar à outra dimensão
Onde desperta feras incontidas
Lobos insaciáveis a alma devorar.
023 - Arte da Sedução
Projeto
Nós a sós, em meio sóis
Escala da vida dó, ré, mi
Uma vírgula na sentença
Que faz ou desfaz sentido essência
Mergulho, a dança, dor na ponta da lança
Risco, faísca, incendeia utopia
Sopro beijo, silêncio do sonho
Sinfonia esquecida.
024 - Primavera
Vestida verde após seu desnude
Terra vorazmente possuída
Energia contida éter fogo
Germina, floresce e traz vida,
Brotam dos botões primaveris aromas
Ritual renascer incessante
Vento forte transformado em brisa,
Aromas inebriam ar, emoções
Encontro celebrar existência
Natureza, elementos, habitantes
Dos ventos nos quadrantes,
Bóreas(N), Zéfiro(O), Euro(L), Noto(S)
Borboletas multicoloridas esvoaçam
Pássaros pousados altos galhos
Gorjeiam em dança altiva de asas
Agradecem o criador esta dádiva,
Elementais que permeiam a estação
Dividem-se entre os Elfos e Fadas
Espargem esperança, alegria
Trazem renascer no amanhecer.
025 - Permita
Que entre mansinho tua vida
Carícias na face, beijo tímido
Ou, úmido e sensual
Que aninhe em teus braços
Conheça verso e reverso teu infinito
Percorra teu corpo com toques audazes
Possa amar-te sem perda de tempo
Sem reticências desde a noite até amanhecer
Libere energias contidas, desejos, fantasias
E após o prazer, ver nossos olhos iluminados
Contendo encanto do éden paradisíaco,
Deste imenso amor.
026 - Aquela que cuida
Bruxa com sabedoria absorve da natureza
Energia intrínseca elementos e elementais
Professa rituais quadrantes às estações
Equinócio primavera celebrar renascer
Solstício verão homenagear fertilidade
Equinócio outono pedir bênçãos à colheita
Solstício inverno saudar o hibernar
Homenageia quatro fases da lua
Adentra portais, entre mundos visível e oculto
Noite densa em segredo, clareiras florestas
Pratica rituais idioma e símbolos indecifráveis
Usa caldeirão, óleos, ervas, poções mágicas
Mergulha conhecimento ancestrais
Traz alivio doenças do corpo físico
À alma asperge bálsamos de energias
Alquimista, maga descontrói estagnado
Recicla e revitaliza fragmentos sentimentos
Por séculos, desde primórdios humanidade
Fugia temida inquisição, sentença fogueira
Hoje, substituída por preconceitos
Inúmeras religiões e sociedades incultas
Desconhecem que bruxas e magas na essência,
São mulheres místicas, valentes guerreiras.
027 - Penso em ti
Quando acordo e vejo sol através da vidraça
Ao escutar o alegre trinar dos pássaros
Em todos rostos que desfilam pelas ruas
No horizonte, que diviso ao longe
Quando a lua timidamente envolve a terra
Quando estrelas brilham no infinito
Quando me vejo em um carro luminoso
Penso em ti pois estás presente em meu ser
Em pensamentos escondidos
Em minha alma solitária e aflita
Em meu respirar, como se fosses a vida.
028 - Alfabeto
Metade do tempo aqui estou ajustando
Grafias desenhadas chamada alfabeto
Agrupar sílabas, escrever, registrar
Acordes emoções apenas poetar
Às vezes, sobressaltos de lembranças
Olhar distante, sem ler o que escrevo
Árida caminhada, sem pausa para saltar
Desafios devastados sentimentos
Pena se rebela e escreve sem nexo
Letras ondulam em minha mente
Como sombras veladas quimeras
Que tempo carrega nas asas do vento
Um alfabeto a me atrair, folhas a esperar
Que letras e inspirações se entrelacem
Rotas delineadas com tinta que jorra
Fonte sensível que habita a Alma.
029 - Auto retrato
Face sulcada marcas do tempo
Lembra nostálgico passado
Quando me orgulhava dos 30 anos
Vida plena e espontânea
Olhar que atraia sedutora
Voz melodiosa como canção
Gestos irreverentes, graciosos, cativantes
Lábios sempre pintados de carmim
Corpo esbelto, vestes provocantes
Cabelos em liberdade ao vento
Hoje, a casca desgastada perdeu brilho
Com maturidade emoções, sentimentos
Essência evoluiu com aprendizados ciclos
Na peneirada entre o joio e o trigo
Restaram sementes sadias
Plantadas e profícua colheita.
030 - Apenas um instante
Fugaz, sem medida e registro mente
Partícula algoz e conhecido tempo
Compositor, sinfonias das vidas
Permanência atemporal, paradigmas
Sua soma, ao passar horas
Ausência, certeza nefasta morte
Vento traz lufadas quadrantes
Brisa acaricia pétalas flores
Chuva grossa ou miúda possui terra
Sol amanhecer se espreguiça
Sombra crepúsculo arrefece
Corpo perene, embotar afetivo
Mente turva em discernimento
Alma busca ascensão e iluminação
Prece que o Espírito nobre glorifica
Energia, inefável, apenas um instante.
031 - Cor da vida
A vida é uma tela
Você é o artista
Pincel a sensação
Cores da paleta
Anseios sentimentos
Pincele verde, traga esperança
Pincele vermelho, traga paixão
Pincele rosa, traga amor
Pincele azul, traga emoções
Pincele lilás, traga transmutação
Que ela não seja preta, mistura das cores
Ou branca, ausência de energia e cor
Libere desejos da alma para que sua vida
Seja arco-íris a iluminar seus caminhos
Na busca felicidade e amor.
032 - Feliz Ano Novo
Renascer, renovar, ousar
Permitir energia fluir
Estagnação não é produtiva
Vida eterno movimento
Necessário aflorar ousadia
Absorver dádivas Universo
Ser audaz metas delineadas,
Humilde para reconhecer erros
Coragem buscar oportunidades
Não permitir que tempo passe inerte
Pois tempo, não espera você
Faça sua vida uma melodia,
Onde acordes musicais vibrem
Unidos na busca da sintonia,
Usar seus dons, se dispor ofertar
Liberar maroto e mágico olhar
Doces palavras, ação solidária
Usar olfato para aspirar aromas
Suas mãos afagos constantes
Desfrutar plenitude dos sentidos,
Descubra seu caminho individual
Vivencie liberdade plena de amar
Homem, Mulher, família, amigos
Você é rei ou rainha seu império
Construa alicerce com esperanças
Com fé, em sua crença e deuses
Desta forma edificará alicerces
O telhado cobrirá início, meio e fim
De seus próximos doze ciclos vida
Ano novo, que em breve nascerá.
033 - Ainda lembro
Escolhas de rotas
Acúmulo derrotas
Melodias sem notas
Soluços sufocados
Lágrimas furtivas
Rotos sentimentos
Vogais e consoantes
Palavras mal traçadas
Páginas amareladas
Registros de chegada
Aceno da despedida
Cortejo inúteis dias
Anoitecer assombrado
Pesadelos renovados
Insônia, inimiga do sono
Rapsódias invadindo sonhos.
034 - Tempo de Viver
Tempo lépido ou vagaroso,
Constantes ciclos nascer e fenecer
Ele doa, extrai, arrasta, esmaga, destrói
Impaciente, algoz, cruel e sorrateiro
Observa-se sua imponência e destreza
Quando se oculta entre auroras e anoitecer
Um enigma indecifrável, sua durabilidade
Não espera e se importa com instante
Pois o homem quem decide presente
Seu Tempo de Viver.
035 - Idade e o Tempo
Juventude é estado de espírito,
Audácia, ousadia, busca incessante
Realizar sonhos e fantasias
Liberar imaginação, arte criatividade
Mergulhar mar sensações e emoções
Vivenciar intensamente ciclo presente
Velhice é estado de espírito,
Quando horizonte é despojado de cores
Você se perde e vive na sombra
De medos, inseguranças e desespero
Olha espelho e não vê viço da face
Apenas as rugas mostram célere tempo
Acomodar-se a rotina, desistir dos sonhos
Entregar-se aos ferrenhos inimigos
Lembranças marcantes de um passado
Cruéis e dilacerantes doenças alma
Até despertar para novo renascer
Acreditar que, a velhice pode ser jovem.
036 - Sambista poeta
Todo sambista é poeta
Fala sobre suas composições
Suas alegrias, dores
Com perfeição nos acordes
Norteado por inspiração
Todo o sambista é poeta
Fala da preocupação de seu povo
Faz críticas e sorri em alerta
Sobre os fatos que maculam
Sua Pátria, seu amado Brasil
Todo o sambista é poeta
Exterioriza na letra sua fé
Respeita a natureza divina
Homenageia com carinho
Culturas e crenças
Todo o sambista é poeta
Mas tem poeta que não é sambista
Um usa a pena e o pergaminho
O outro dedilha com maestria
Mas, os dois rendem homenagens
Vida, música e poesia.
037 - Máscaras
Imponente cobre a face da dama
Esconde pele talvez esfacelada
Deixa descobertos cabelos enfeitados
Ornamentados com intensa extravagância
Longo vestido oculta suas formas
Quando dança coquete ao som das notas
Extraídas cordas de violinos que gemem
Entre chamas velas, olhares lascivos
Acompanham compasso da melodia
Máscara que encobre profundo vazio
Olhos negros perderam encanto
Atraem imensurável abismo
Sorver no cálice negro o absinto
Para enlaçar gélido e rígido corpo
Em abraço que inspira energia
Na insanidade a mente que aspira
Exótico aroma da morte em vida.
038 - Amores de Carnaval
São amores do tempo presente
Regados a samba, suor e cerveja
Ilusão como chuva passageira
Pierrôs e colombinas desfilando
Nos salões enfeitados, coloridos
Confetes e serpentinas jogados
Amar em plena folia é arte
Com brilho de paetês e purpurinas
Corpos alucinados bamboleando
Provocantes, emoção, paixão
Em compasso sentimentos
Melodia desejo e volúpia
Amores de carnaval cuja duração
Inicia com Rei Momo e termina
Na quarta-feira de cinzas
Ou, àqueles que retiram máscaras,
Eternizam em carnavais no futuro
Verdadeiro amor carnavalesco.
039 - Apenas Mulher
Ilha,
Inexplorada e sedutora
Por sua misteriosa geografia
Vento,
Oscilante quadrantes
Corpo,
Prevalece beleza da anatomia
Objeto de desejo e conquista
Alquimia,
Mestria consciência
Discreta, ícone da luxúria
Alma,
Receptáculo quimeras
Sentinela sua real essência
Musa,
Inspiração desde antiguidade
Dos poetas, penas e pergaminho.
040 - Orquídea Selvagem
Noite fria em negritude
Ela, oculta entre brumas
Esguia, exalando perfume
Na floração de beleza
Espera que orvalho a banhe
Limpe aveludadas pétalas
Que adormecidas recolhem-se
Profundo silêncio noite
Sua nudez espera amanhecer
Para do Sol, receber cálido beijo
Sentir raios em suas pétalas
Orquídea selvagem, orquídea negra
Dotada rara beleza.
041 - Disfarçados
Quem? Eu, tu, a humanidade?
No disfarce diversas emoções
Esconde cristalina face
Cada oscilação, coberta por máscara
Esconder, inúmeras frustrações
Sentimentos, produzem fato
Mente prepara autodefesa
Alma, cenário destino
Tempo, maestro incerteza
Vida, camarim disfarces
Sorrisos, tristeza cruel, lágrimas
Irônicas, gargalham cinismo,
Hediondas, projetam tragédias
Sem eles não há sobrevivência
São hábitos cotidianos disfarces
Desafios e duelos existência
Assim se faz percurso ciclos
Sob aplausos dos iludidos
Emaranhados, fantasia, hipocrisia
Disfarces iludem todos, menos a si
Sem aviso se tornam fragmentos,
Rompem barreiras insanidade
O EU, energia identidade
Não se mascara, assim como consciência.
042 - Astros
Universo misterioso, desconhecido
Eterna evolução entre morrer e nascer
Sem depender ciência e mão humana
Sistema Solar se mantém inexplorável
Composto por planetas, asteroides, luas e anéis
Sol, Astro Rei irradia energia, luz e calor
Mantendo em sua órbita corpos celestes
Girando em perfeita sintonia redor
Mais próximo ao Sol temos Mercúrio
Filho de Júpiter, mensageiro de Hermes
Que faz revolução rápida em torno do Rei
Resplandece Vênus, estrela vespertina
Deusa Romana responsável pela beleza
Percepções, sensações, emoções, amor
Terra nosso habitat, origem e estabilidade
Onde vida é semeada, germina e floresce
Natureza, com seus reinos e Elementais
Marte traz tom avermelhado e ventos
Divindade Ares, guerreiro tenaz e valente
Temido, como estrela da morte conhecido
Observamos Saturno e seus lindos anéis
Com Cronos, divindade da força e justiça
Conhecido, filho Céu e Terra
Eis Urano, personificado como Céu
Filho da Noite, irmão de Gaia, Pai dos Titãs
Netuno, Rei dos Mares e águas correntes
Das fontes que jorram energia vida
Posêidon, consagrado Deus supremo mar
Lua, apenas um satélite natural da terra
Explorada, invadida cobiça humana
Que de si desconhecem, a própria essência.
043 - Festa de Gala
Maestro Vento rege sinfonia
Com o zangarreia cigarras
Estridula dos grilos cantantes
Firmamento bordado estrelas
Lua, rainha da noite, vestida gala
Flores enfeitam caramanchão
Aguardando abertura festa
Simboliza despedida da Primavera
Algumas se escondem do tempo
Usam máscaras, fantasias e afirmam
Pertencerem futura estação
Pois sabem que final da festa
Fadas, mensageiras flores
Recolherão dos jardins espécies
Para guardar no mundo encantado
Onde sementes se transformarão em
Lírios, orquídeas, antúrios e cravos
Fazem balé de intensa sedução
Girassóis e amor-perfeito
Ousam fazer promessas de amor
Tulipas e brinco-de-princesa
Desejando selar os sentimentos
Para perdurarem todas as estações
Colibris e borboletas pousam
Suavemente cada corola flor
Com carinho, depositam último beijo
Sinfonia silencia entre ais e suspiros
Flores recolhem suas frágeis pétalas
Estrelas apagam-se por instantes
Lágrimas da Deusa lua orvalham
Natureza e seus habitantes.
044 - Invisíveis
Percepções, emoções
Sentimentos na barra do tempo
Palavras em labaredas
A crepitar na memória
Uma a uma com digitais
Desconhecidas para o Poeta
Receptáculo sensações
Que circulam entre veias
Sem grilhões, à mercê do destino
Tatuam na pele cicatrizes
Mantidas nos segredos de desencontros.
045 - Inspiração
Quero me aproximar de você
Em um tempo de silêncio
Entre brumas que cobrem o mundo
Envolvida pelo fogo que aquece e queima,
Por entre águas mansas dos lagos
Como brisa suave dos quatro ventos,
Estender cama macia de flores
Onde te amarei como criança
Como mulher sedenta desejos,
Que seja tua inspiração,
Rastro de busca a ser revelado
Presente não ser esquecido
Passado a ser lembrado
Futuro, sentimentos e ilusão,
Mas que fique sussurro nas almas
Sem registro livro da vida,
Gravadas em cada emoção.
046 - Fina Estampa
Véus transparentes, esvoaçantes, multicoloridos
Acariciam matizes infinito ao nascer do sol
Prenuncio aurora que desliza sobre terra
Primavera que na vida flui e eterniza
Fina estampa, gerânios simples ou dobrados
Madressilvas, cheiro doce de silvados
Com néctar rosas que de amor falam
Jardim de azaleias que o poeta inspira
Fina estampa qualidades e cores alma
Onde renasce, brota e germina sentido vida
Emoções, entalhadas entre seda e organdis
Fina estampa, amor em vicissitude floresce
Desenho ramos de sentimentos
Acaricia terra ao atravessar o tempo.
047 - Amores de Outono
Outono desnuda os frágeis galhos
Transforma beleza colorida
Em tons e matizes envelhecidos
Mas é o melhor tempo para amar
Sentimento é maduro, consciente
Traz quietude, sabedoria e leveza,
Transborda coração esperanças
Realiza desejos e sonhos confinados
Simboliza verdadeira recíproca
Que de mansinho, conquista e se fixa,
Alguns permanecem por toda vida
Outros, em transitórias sensações,
Unem corpos em acalanto e aconchego
São apenas amantes que, em alcovas
Inebriam-se, com emoções outonais
Entre os crepúsculos do tempo.
048 - Folhas de Outono
Brisas mornas brincam com folhas
Caem ressequidas das árvores
Flutuam entre veredas da vida
Carregadas pelo vento nas asas
Em balé mágico e estonteante
Prenúncio maturidade, fim de ciclo
Folhas enrugadas, úmidas do orvalho
Meditam em silêncio com sabedoria
Apenas passageiras de estação
Breve existência, vestida de verde
Em nudez, não resistem ao vento e tempo.
049 - Semblante materno
Procurei rostos conhecidos e desconhecidos
Senhoras classes rica, média e pobre
Mães que carregam crianças sorridentes e rosadas
Semblante que luz divina se manifestasse
Encontrei em inúmeras mulheres da classe miserável
Espalhadas em terras secas, improdutivas e sem água
Esquálidas, acuadas, sem morada, bandeira ou futuro
Que entregam seus murchos seios com pele ferida
Para engambelar choro convulso filho desnutrido
A mercê de homens que um dia foram pequenos filhos
Hoje, egos inflados pelo poder, selvagens humanos
Alimentam guerra e sádicos incentivam extermínio
Te homenageio, por ti oro e peço misericórdia ao Criador
Por tua humildade e resignação silenciosa
Em cumprir, um Karma sofrido.
050 - Ares de Poesia
Ar que corre pelos quadrantes vento sutil
Brisa na primavera florida e multicolorida,
Orquestra, dança com folhas outonais
Indomável, intempestivo quando chega o inverno
Ou, passageiro de verão que viaja nas asas tempo
Ares de poesia quando sente um beijo cálido
Carícia suave e melodiosa em nossas faces
Horas que sol escaldante queima pele
De forma matreira, sensações diferentes
É o Ar, mensageiro que traz e leva sementes
Que germinam e proliferam frutos e flores
Oferta alimento corpo sedento e faminto
Ar é um instrumento dedilhado pelos poetas
Dando Ares de Poesia aos românticos e romances,
Descrevem emoções e sentimentos amantes,
Que foram levados pelo vento e tempo
Deixou nos corações, vazio imenso,
Ou àqueles, entregues ares benfazejos
Por energia, alegria e felicidade
Para permanecerem na eternidade.
051 - Inverno
Melancolia reveste natureza
Metamorfose mais uma estação
Céu sombrio, fantasmas desenhados
Chuva e vento assustam pássaros
Galhos são bordados com gelo
Folhas vestidas de tênues cristais
Jardins tesouros de diamantes
Cobertos manto da alva neve
Introspecção permeia o homem
Inverno abre baú incertezas
Tempo hibernar sentimentos
Lembranças, sonhos e quimeras
Entre nuvens esfumaçam passado
Presente, entre amanhecer e ocaso
Futuro, incógnita longínqua
Na ininterrupta rota do tempo.
052 - Ame
Sem pressa, velocidade é paixão
Paixão é desejo, desejo é carne
Carne é sedução, sedução é instante
Mude direção, não busque ilusão
Ilusão é utopia, utopia machuca
Atalhos frustração e solidão
Veja amor por outras perspectivas
Viva belo e intenso romance
Com novo método e sabor
Novo aroma e prazer
Invista, experimente, seja criativo
Não caia rotina, ela deprime
Importante é mudança
Permita fluir emoções
Ame a cada instante, sempre.
053 - Brota a poesia
Quando acuada alma grita em versos
Dilacera pele com pena úmida de sangue
Molhada no tinteiro de lágrimas que jorram
Quando lembranças afloram memória
Desfilam espectros e fantasmas
Interagem monólogo rude e desafiante
Quando reflexo no espelho desnuda tempo
Mostra cicatrizes tatuadas sentimentos
Descortina portas secretas labirintos
Quando solidão sem convite senta mesa,
Insônia faz companhia, se cobre sedas
Bússola tempo não aponta Norte.
054 - Poeta
Inspiração borda sentimentos
Delicadas filigranas entrelaçadas
Prata, veladas percepções
Ouro, preciosas sensações
Bronze, emoções em dualidade
Lampejo transmuta em alquimia
Poeta preenche linhas em branco
Alegorias e metáforas em poesia.
055 - Loucura
Réstia de luz em brevidade
Infiltra-se frestas porta milenar
Danificado tempo e adentra
Grotesca forma humana
Coberta manto decrépito
Sem cor, apenas névoas
Presa sentença da existência
Enquanto a casca se esvai
Paisagem externa e no avesso
Face mostrando cicatrizes
Nome enodoado incompleto
Uma escultura, “A Loucura”.
056 - Amanhã
Quando o último ciclo chegar
Estiver sentada na cadeira de balanço,
Cercadas de flores, crianças ou anjos
Quero ter certeza que não passei em vão,
Pelo caminho destinado e percorrido,
Quero ler as páginas do Livro da Vida
Ver que não possui folhas em branco
Apenas inúmeras páginas amareladas
Mostra que tempo passou e foi longo,
Quero ter certeza que venci desafios
Aprendi cultivar a desejada felicidade
Conduzi com maestria o Livre Arbítrio
Cumpri destino florido ou espinhos
Lucidez para na trajetória semear
Amanhã, na vida é chamado futuro
Tempo de mistérios, desígnios
Quando será presente, mais uma vez.
057 - Criatividade
Vestir vida com tecido de seda
Bordar filigranas ouro e prata
Fantasiar sonhos, desejos contidos
Aspergir aromas de alegria, felicidade
Cobrir caminhos pétalas coloridas
Apurar audição acordes universo
Exercitar linguagem sabedoria
Transformar lágrimas estrelas
Que iluminarão rotas realizações
E, agradecer à Deus este Dom.
058 - Secularidade e Temporalidade
Passa o tempo, passam séculos
Entre arrebóis, amanhecer e ocasos
Que se atraem e distanciam
Entre passado, presente e futuro
Intempéries que decisões alteram
Metáforas e incógnitas crescentes
Qual clepsidra e elemento água
Ou ampulheta e elemento terra
Transitoriedade existência
Entre aromas que a alma fixa
Brilho fugaz gotículas chuva
Mudanças curso nosso destino
Escritas pergaminho divino
Secularidade, temporalidade
Incontestável, inexoráveis registros
Desde vagido até o último suspiro
Certezas viagens passadas e futuras
Sementes, raízes na vida, a subsistência.
059 - Arte de grafar
Milenar, atravessou os séculos
Registros folhas de pergaminhos
De filósofos, moribundos, poetas
Para perpetuarem-se no tempo
Filósofos escrevem suas verdades
Com seus conceitos de vida
Mesmo que sejam jogadas ao vácuo
Moribundos escrevem despedida
Confessam infrações cometidas
Ou até mesmo, simples até breve
Poetas grafam notas melódicas
Das sensações e sentimentos ocultos
Inspiração real ou quimeras
Que afloram no instante da fonte
Onde jorram emoções que transbordam
Arte grafia é desenhar letras
Palavras que em qualquer idioma
Simbolizam verdades, mentiras
Após pronúncia, cristalinas ou veladas
Soltas aos ventos por continentes
Que atravessará novos séculos
Mas, jamais serão esquecidas.
060 - Peregrino da noite
Com passos cansados,
Respiração ofegante
Entre idas e vindas
Caminha o peregrino
Sedento e faminto,
Brumas da escuridão
Homem sem nome
Sem predicados
Garganta travada
Débil sopro vida
Na insanidade se esvai
Sem temer vento forte,
Chuva que encharca
Parcas vestimentas
Lá vai ele, o peregrino lá vai
Esfolando pés nos cascalhos
Busca abismo fatal, povoado sombras
Encontro marcado sua alma imortal.
061 - Pranto
Pranto sulca minha face
Que perdeu viço e beleza
Desde que, em mensagens mudas,
Nas veredas da vida te encontrei
Pranto silencioso que escorre
Quando pensamento voa ao teu encontro
E, sem direção certa perde-se tempo
Entre idas e vindas, sem entrever
Pranto dilacera alma, cumplicidade perdida
Sonhos compartilhados, doce ilusão
Esperanças distante novo amanhecer
Resta sentimentos, grande certeza
Que vida inteira esperei por você.
062 - Primavera da Alma
Alma desperta de seu hibernar
Alimenta-se energia primaveril
Germina jardim emoções
Floresce essência dos sentimentos
Alma primaveril é eterna
Não apenas estação ano
Qualidade e opção íntima
Metamorfose espiritual vida
Alma primaveril é conectada
À pureza, paz, equilíbrio, felicidade
Verdade, amor, poder, iluminação
Dedilhar com maestria notas musicais
Melodia germina e floresce em cada ser
Orquestrar sinfonia eterna do renascer.
063 - Quero viver
Quero viver além de
pensamentos e julgamentos
Oposições aos desejos da alma
Escolhas por um sistema decrépito
Sentidos oprimidos pelo choque
Proibições desnecessárias e obsoletas
Discriminações por opções e ódio racial
Infinitas guerras pelo poder entre povos
Separação dos homens entre classes
Algozes de sentimentos negros
Incertezas que atingem a humanidade
Bem-estar ilusório e caótico
Gerações que apenas sobrevivem
Sem ter sentido digno na vida
Ficção do tempo que cria artifícios
Conceito arbitrário e imprevisível
Sociedade sem igualdade de classes.
064 - Alma Poeta
Poeta é aquele que faz poesias
Versos, formando estrofes
Obedece a rima e métrica
Sou apenas, aprendiz de poeta
Sigo que minha alma determina
Com maestria, poetizo minha vida
Sem temer o verbo, com alquimia
Expressa em mistério e magia
Percepções, sensações, emoções
Ela tem origem, raiz, sentimentos
Que oscila entre sorriso maroto,
Olhar penetrante, audacioso
Vertente infindas lágrimas
Torrente insaciáveis desejos
Sem nome, nem sobrenome,
Pois energia não se rotula
Impulsionada pela essência
Renasce através do tempo.
065 - A terra canta
Melodia dos ventos
Sussurro brisas que
Traz farfalhar folhas
Lufadas que movem
Fazem redemoinhos
Dunas ou beira-mar
Murmúrio das águas
Que jorram da fonte
Descem aos rios e formam
Lagos, riachos, córregos
Marulhar estonteante
Balé das vagas mar
Crepitar labaredas
Que de forma antagônica
Aquecem ou incendeiam
Trazem à consciência
Energia e purificação
No recôndito cálice interior
Reinos cantam uníssono
Sintonia e harmonia perfeita
Canta quando o ventre fecunda
Quando a semente da gestação
Brota e embala em canção,
Seres, flores e frutos.
066 - Até breve verão
Lá se vão os ventos quentes e secos
Dias de alegrias, lazer, preguiça
Raios solares que inundam terra
Com energia abrasadora
Despede-se verão acenando
No firmamento azul distante
Aves em harmonia esvoaçam
Folhas que vestem galhos
Espumas ondas murmuram
Canções melancólicas vagas
Doces águas rios e lagos
Aquietam-se, silêncio de até breve
Novo olhar sobre tempo
Evidencia que energia fenece
Ruma viagem para outro Norte
Lá se vão castelos de sonhos
Amores, entre marés, alta e baixa
Naufragam, entre ondinas e sereias.
067 - Intimidade
Ser autossuficiente, não temer reflexo
Ao olhar-se no espelho do tempo e captar
Dor insuportável que perpassa Alma
Conhecer solidão no meio de tantos
Ser capaz traçar seu caminho individual
Sem necessitar apoio na jornada
Intimidade é reconhecer necessidade básica
Ser feliz, ter certeza que ela habita, seu interior
Aguardar despertar e conscientização
Você é unidade, identidade única
Seja íntimo de você e se faça feliz.
068 - Jardinagem do Amor
Amor é semeado na percepção
No aflorar de todos os sentidos
Receber e interpretar estímulos
Para cada um, entendimento
Da vivencia no presente
Sem ilusão fatal dos sentidos
Ou até com a insanidade desvarios
É movimento, cores, luminosidade,
Voz, timbre, intensidade
Química, o aroma que inebria
Gustação através beijo que sacia
Tato que reconhece geografia
Temperatura vulcões ativos
Cobertos por excitada pele
Amor germina maduras sensações
Na semeadura eram simples percepções
Hoje, com forma definida se conectam a mente
Fixam-se sem percebermos, nos pensamentos
Com semente germinada, hora alimento
Entre emoções sensíveis e intuitivas
Que oscilam em intensidade
Jardineiro se conscientiza sua sina
Se o adubo foi paixão volúpia, desejo
Logo ali tem fim, pois é fogo que apaga
Ou se foi semeado a essência do sentimento
Que por certo unirá enquanto existir vida
E, na passagem, faz companhia, pois se eterniza.
069 - Lágrimas furtivas
Uma, duas, três, lágrimas furtivas teimam em rolar
Por um rosto de suaves contornos, mas esquálido
De uma palidez translúcida como fios de prata
Tecidos por estrelas para encobrir nudez do luar
Caminha solitária veredas agrestes vida
Arrasta fugazes lembranças acorrentadas
Promessas, sonhos, saudade, desamor
Sentimentos esfarrapados desesperanças.
Madrugadas frias, úmidas, nevoentas
Silhuetas, fantasmas insanidade dançam
Levam à sina intermitente, à inércia pardacenta
Alma desnuda, gélida é possuída pelo vento
Enquanto o corpo é sacudido por um pranto
Condenado ao abraço mortal do esquecimento.
070 - Boneca de Porcelana
Quando pensei que a vida,
Dar-me-ia uma triste rasteira
Quando conformada desisti
Realizar grande sonho
Guardados longos anos
Deus, que já tinha escrito
Em seu livro do destino
Presenteou-me com uma vida
Minha filha, boneca de porcelana,
No ventre se gerou e floresceu
Me fez realizada em ser mãe
Apta para cumprir missão
Olhos azuis como firmamento
Cabelos loiros encaracolados
Foi doce e meiga criança
Adolescente cônscia de deveres
Hoje, mulher, linda e madura,
Anos apressados se sucederam
Aos poucos, fui entendendo
Âmago benevolência Divina
Não era apenas uma filha
Um Anjo que desceu a terra
Com a missão de iluminar
Não só o caminho dos pais
Familiares, geração de amigos
Na defesa dos injustiçados
No aconselhamento dos aflitos
Na proteção aos necessitados
Esta boneca de porcelana,
É minha filha - SHAYDA.
071 - Busca
Opostos, conflitos,
O que está preenchido
Ou adentrar no vazio
Início envolvente
Degradante final
Agrestes caminhos
Ou tapete de flores
O comum, o inusitado
Tudo que é contrastante
Silêncio que me acalma
Movimento que me atiça
O indecifrável, impalpável
Vida nasce, se transforma
Amanhecer com sua energia,
Anoitecer com seu mistério,
Ser ou não ser, eterna busca.
072 - Ecos
Foi ontem, o presente
Destruição ética, moral
Morte de ideais, conchavos políticos
Discriminação social
Ser negro é ofensa, ser pobre é pecado
Corrupção é legal, poder é ditatorial
Fim honestidade, transparência
Mídia apregoa barbáries dos homens
Guerra civil, guerra psicológica
Guerra egos insanos, caos será global
Paz em óbito, homens, nações
Pois mata-se a cada minuto
E morre-se a cada instante.
073 - Chuva de Outono
Outono chega com densa neblina
Oculta Sol, trazendo chuva fria
Monotonia se faz presente natureza
Tudo se aquieta, contemplação pacífica
Tons verdes perderam luminosidade
Árvores escondem sinuosidade
Folhas chicoteadas pelo vento despencam
Flores recolhem delicadas pétalas
Pássaros buscam abrigo entre galhos
Homem circunspecto angustiado medita
Olhar da face alonga-se horizonte perdido
Alma melancólica analisa suas sentenças
Natureza seca agradece chuva bendita.
074 - Cores de Outono
Folhas coloridas cobrem bosque
Enquanto árvores envergam seus galhos
Por saborosos frutos da temporada
Vegetação é carregada de cores
Entre ouro, ferrugem e fogo
Amanhecer cinza em névoa fria
Crepúsculo entre nuances
Rosa, vermelho, marrom e roxo
Noite chega em tons prata
Poesia escreve metáforas outonais.
075 - Dança da Vida
Cada vida com seu próprio ritmo
Em compasso louco ou comedido
Aos acordes de uma sintonia livre
Decorrentes expressões únicas
Dança inebriante no movimento
Pensamentos acelerados
Palavras sussurradas
Sua energia dança e você sabe
Reverencia energias em ti ocultas
Último acorde da orquestra cessa
Você analisa se a dança foi produtiva
Ou se foi fuga para iludir a vida.
076 - Deus Mabon
Novo ciclo, troca estações e deuses
Terra se veste de âmbar e senta-se Mabon
No trono da Natureza para reger o Outono
Estação do mistério e autoconhecimento
Retorno ao interior espiritual
Busca da igualdade, harmonia e equilíbrio
Tapete de folhas secas cobre a terra
Fertilidade, frutos que alimentam a vida
Tempo de contemplação e depuração
Em busca de nossa identidade única
Tempo de colher frutos da semeadura
Aprendizado que resulta na sabedoria
Que sem a morte, não existe renascer.
077 - Dois sorrisos
Ela, com um sorriso fingido
Lábios tingidos de carmim
Carnudos e doces como mel
Mulher misteriosa e sensual
Que na dança balança o corpo
Em convite matreiro, cativante
Que atrai, promete e engana
Ele, com sorriso exuberante
Dentes cerrados de desejo
Valente guerreiro busca caça
Corpo gingando, mãos suando
Um abraço de posse sufocante
Possui ali mesmo é somente sua
Unidos corpo e alma
Sintonia, compasso definido
Entregam-se sem limites sorrindo.
078 - O Viajante
Noite fria, calçadas molhadas, intensa neblina
Noite gélida, frio trespassa o corpo
Arqueado pelo tempo, castigado pelo vento
Alma vazia, perdida, em desalento
Noite sem fim, sem abrigo, sem sentido
Sem sons, sem ecos, sem luz do luar
Sem rumo se perde o viajante
Sem coragem de ir ou, desejo de ficar
Noites assim se multiplicam
Viajantes se anulam entre brumas
Escondendo-se de tantos, fugindo de si.
079 - Espelho, espelho meu
Ao te olhar, assusto-me
Não me vejo, reflete a alma
Sua existência, cor translúcida
Transcendência, imaterialidade
Sapiência, dimensão
Paz, virtudes
Equilíbrio, zelo
Seu verso, seu reverso
Onde estou? Sou quem?
Espelho do Karma.
080 - Discorra
Com autenticidade sobre sonhos e desejos
Do aroma da terra, seiva úmida da chuva
Gostos, desgostos, livros abertos
Vida, alegria, metas, realizações
Discorrer é descobrir que cada palavra
Tem sabor de energia, doce felicidade
Fale com o tempo, vento
Fale com astro-rei, estrelas, lua
Habitantes reino natureza
Fale de esperança, porvir risonho
Nos pensamentos e sentimentos.
081 - Inverno da Alma
Alma, energia não necessita de aparatos
Também tem seu gélido inverno
Quando homem se entrega nostalgia
Acompanhado solidão e tristeza
Emoções, sentimentos perdem-se a esmo
Fenece energia essência interior
Quando fogo ardente vital da vida
É apagado por lágrimas saudade
Quando homem é pálido violáceo
Pele perde viço, elasticidade
Brilho do olhar dá lugar opacidade
Voz enfraquecida, sem musicalidade
Quando sentimentos hibernam
Emoções despencam no abismo
Alma sem alimento congela
Nevasca gélida infelicidade.
082 - Lampejo poético
Pena escreve rápido
Ranhuras fugazes instantes
Apreensões sobre futuro
Tempo temido, desconhecido
Alma mergulha no voo
Quimeras aprisionadas
Habitam lembrança, nostalgia
São sentimentos que renascem
Suavidade da sabedoria
Transcreve rota escolhida
Pela mão divina do destino.
083 - Livro da Vida
Nossa vida é feita de ciclos
Cada ciclo tem seu tempo
Onde a mente projeta metas
Que delineiam trajetória
Nas páginas são registrados
Desafios e obstáculos
Sabedoria de remover
Estagnação, entulhos
No final de cada ciclo
Ocorre óbito necessário
Para novo renascer
Decretos esperanças
Projetos, oportunidades
Assim é jornada do homem
No uso de seu Livre Arbítrio
Assim cada homem escreve
Seu patrimônio, sua história
Folhas ficarão amareladas
Pelo destrutível tempo
Este tempo tem nome,
Sua Vida.
084 - Entre céus e infernos
O coração do poeta é uma lira
Com acordes de suaves brisas
Que sopram lânguidos desejos
Notas de paixões ardentes
Acordes de ais em labaredas
Um turbilhão insano luxúria
Melodias tempestades lascivas
Sinfonia entre céus e infernos
Inspirado na arte e beleza efêmera
Da musa coberta de sedas e filigranas
Néctar do beijo que escraviza
Na liberdade de sua voluptuosidade.
085 - Mais uma Manhã
Com humildade
Aceitar natureza e intempéries
Agasalhar corpo, pois neve é fria
Pés afundam alvura flocos gelados
Com solidão
Acordar emaranhado da vida
Juntar papéis, descoloridos e amassados
Garatujados linhas de nostalgia
Com razão
Despertar, se vestir de consciência
Incinerar sonhos do inconsciente
Sacudir a sujidade da poeira do tempo.
086 - Noite de Inverno
Noite escuridão, vento sacode
Parcas folhagens galhos desnudos
Curvados ao rés do chão
Atmosfera pesada, silêncio estarrecedor
Lá fora chuva ruidosa assusta
São lágrimas da lua entristecida
Pois tempo lhe veste de brumas
Esconde seu manto de estrelas
Minha Alma também está triste
Minha mente faz prece
Enquanto lágrimas tatuam a face
Delineiam silhueta da solidão.
087 - Inquietude
Pena úmida no tinteiro, papéis amarrotados
Mente divaga entre labirintos poesia
Âmago sensibilidade, insights memória
Tatuo letras mal formadas, não encontro rimas
Percepções em sarcasmo, sensações em reticências
Emoções, sentimentos lacrados em silêncio
Prisioneira da inquietude momento
Companhia melancolia e medo
É noite, enlouqueço, adormeço.
088 - Marcas do Tempo
Observamos indeléveis marcas do tempo
Rugas da pele, desgaste do corpo físico
Não usamos tempo para discernimento
Ao analisar o que é felicidade, alegrias
Concluímos que foram companhias
Mas velocidade tempo não permitiu entender
Quando decidimos abrir baú de recordações
Enfrentar obstáculos que não foram superados
Nossa essência interior desperta feras
Adormecidas e nos impele lutar
Entender que passado não retorna
Presente deve ser pleno e futuro, a Deus pertence.
089 - Violino Mágico
Janela aberta paisagem esplendor
Cortinas esvoaçam sopro da brisa
Acordes melodia mágica e fascinante
Timbres aveludados, aprazível
Penetra audição, mente, alma
Emoções que transcendem vivências
Alimentam quimeras e expectativas
Homem, apoiado no espaldar da cadeira
Olhos cerrados entregue aos devaneios
Segura o violino como fosse sua musa
Tato, acaricia cordas que gemem
Ais de amor da frequência musical
Notas aquecidas, desejo insano
Emocionadas, embevecidas, saltitantes
Dançam pelos ares balé de sedução
Arco como maestro reascende cinzas
O dó, ré, mi, fá, sol labaredas da paixão.
090 - Amigos Especiais
São feitas energia e cores
Onde sentimento da amizade
Tem lugar de destaque
Na lembrança e carinho
São aqueles que entendem
Respeitam tempo e silêncio
Cedem espaço ao semelhante
Para que realize seus ideais
São vocês, que me amam
Escrevem, me incentivam
Porque sabem que cada ser
Exerce seu Livre Arbítrio
São tesouros, não feitos de metais
Moldados emoções e sentimentos
Usam asas vento como veículo
Para enviar mensagens de amor.
091 - Chonos
Ampulheta Chronos irreverente
Minutos e horas que escoam
Se repetindo, se consumindo
De forma lenta ou vertiginosa
Tempo produtivo ou evasivo
Entre nascimento e morte
Viagem com rota indefinida
Labirintos medo e ansiedade
Ontem, proliferando perdas
Hoje, estático e obsoleto
Amanhã permeado de incógnitas.
092 - Aparências
Universo permeado aparências
Soma de luzes, cativantes brilhos
Onde permanece oculta sabedoria
Roda de a vida eterno oscilar
Entre os sonhos, quando ascende
Emoções flutuam ao acaso
Busca futuro janela de luz
Crua realidade ao despencar,
Pois o destino inconsistente é sina
Escala do tempo, fatias de vida
Irônico, frio, tornando-nos órfãos
Sonhos, esperanças e vãs aparências.
093 - Vida
Fluxo de energia interior, movimento constante
Primavera aromas, verão vestido rendas
Outono folhas secas, inverno gélida neve
Quimeras flutuantes, cobertas esperança
Caleidoscópio ilusões, semeaduras, colheitas
Entre projetos, petições, tropeços
Lágrimas, sentimentos petrificados
Labirintos confundem, tempo definha
Ciclos que se encerram.
094 - Viagem de Amigos
Despertar de uma forte amizade
Deu-se em momento grande vazio
Quando soma perdas e dores
Resultou em grande viagem
Viajamos ruas coloridas da alegria
Vivenciamos emoções fortes ansiedade
De chegar destino projetado
Colher jardim florido esperança
Flores, sem se machucar com espinhos
Juntos, em cada instante, viver a eternidade.
095 - Mansidão
Sinfonia da brisa
Farfalhar folhagens
Ramos que balançam
Silêncio do espírito
Flutua sua energia
Mansidão das lágrimas
Que vertem da alma
Sussurro tormentos
Isolamento da plenitude
Eternidade momento.
096 - Visita de um amigo
Oi amigo, vieste me visitar?
Te acerca sem constrangimento
A casa é tua, te sintas bem
Aqui moram unidos, amor e união
Escolhe onde desejas sentar
Tenho almofadas de solidariedade
Sofá revestido fraternidade
Sentarei, ao rés-do-chão
Para alma tenho gotas sabedoria
Adoçadas com cristais de harmonia
Para você, bombons sabor compreensão
Flores amizade foram colhidas agora
Orvalhadas pelas bênçãos Amor Universal
Vamos agradecer o dia que se anuncia,
Vida nos aguarda com ansiedade,
Dá-me a mão, vamos semear a paz.
097 - Artesão das letras
Poeta é artesão sonhos e poesias
Molda letras, dando cor e forma
Por emoções e sentimentos
Dedilha com maestria a alquimia
Entre seu interior e realidade
No peito esconde dores e cansaço
Busca pena e desenha pergaminho
Silhueta percepções entrelaçadas
Lágrimas selam, papel molhado
Lembranças projetadas em disfarces
Não sentir como tempo passa
Letras soltas, frases inacabadas
Assim vive artesão letras
Tempo atemporal amor enobrece.
098 - Bruxa
Noite tétrica, velada por brumas
Bruxa enlouquecida em ritual
Causando terror habitantes
Bosques, florestas, campinas
Segue ermos caminhos
Praguejando impropérios
E, sob a tênue claridade do luar
Desnuda-se, mergulha seu corpo
Nas águas do lago encantado
Pronuncia palavras mágicas
Emerge linda mulher
Com sorriso encantador
Convida trôpego eremita vida
Sorver em lábios sedentos
Doce veneno rotulado, amor.
099 - Limites
Fica entre o consciente
Presente, a realidade
Inacessível, inconsciente,
Âmago individualidade
Entre olhos face
Que vislumbram o trivial
Da alma que alimentam
Esperanças e utópicos sonhos
Entre saber conjugar verbos
Sentir, desejar e realizar
Essência do verbo ousar
Entre a lágrima que disfarço
Com sorriso amargo e tênue
Angústia que permeia a vida
Entre sentimentos construídos
Revestidos de tabus e traumas
Energia fenece e entra óbito
Limites é não fazer parte de regras
Alicerçados morais decrépitos
Estar cerceada por elos
Que aprisionam, algozes.
100 - Alma nua
Inexplorada seu estado virginal
Privacidade conquistada liberdade
Nas asas sonhos guarda segredos
Enigmas indecifráveis, desejos
Receptáculo medos, impossível
Luz tênue, após labaredas intensas
Tempestades caminhos íngremes
Espelho reflete augures tormenta
Divindade afaga com sentimentos
Rabisca emoções em poesias
Alma nua se entrega suaves brisas
Mitiga sede gotas de orvalho
Cobre-se com estrelas firmamento
Sem pressa, sem compromissos,
Pois seu tempo é atemporal.
101 - Despede-se a primavera
Bagagem pronta, Deusa Flora acena, até breve
Olha horizonte, os quadrantes e vê a carruagem
No silêncio do adeus lufadas dos ventos
Sobrevoam o firmamento para transportar
À outra direção, outras terras florir
É a estação Mãe, gera, faz brotar a vida
Pincela a terra com diversos tons de verde
Enfeita campos com margaridas brancas
Veste os jardins com floradas perfumadas
Faz da terra um arco-íris, tempo de paz
Na despedida entrega à Mãe Natureza
Aos ventos quentes, ao Sol, sua luminosidade
Quando os humanos se envolvem com alegrias
Esquecendo das mimosas flores que secam
Sem o alimento da água, sem o afago amigo
Até que Chronos dono do tempo permita
Um novo ciclo na terra, o semear e renovar.
102 - Reis Magos
Estrela da anunciação fez um rastro de luz
Silenciosa iluminou o negro firmamento
Traçou a rota para cidade de Belém
Reunindo os três sábios Reis Magos
Em uma longa jornada de fé e esperança
Levavam em suas comitivas, presentes
Agrados, ao Menino Santo que nasceu
Dia e noite, guiados por sua luz e poder
Entre descansos e caminhadas, até Jesus
Belchior partiu da Europa e ofertou ouro
Enquanto Baltazar, da África, ofertou mirra
Levando incenso, rei Gaspar veio da Índia
Assim foi cumprida a profecia de Deus
Messias será adorado por todos os Reis.
103 - Antagonismo
Pássaro impulsionado pela brisa
Alça seu gracioso voo ao infinito
Sem medo, em desafio ao desconhecido
Em migrações ao encontro da liberdade
Nas asas douradas do amigo vento
Planando na imensidão do infinito
Sem amarras, deveres, sem medo
Viajantes com movimentos graciosos
Cantam ode à Mãe Natureza
O homem, no cárcere da existência.
Definha nas profundezas da Alma
Entrega-se ao desalinho dos sentimentos
À escuridão sombria que envolve o corpo
Aos inúmeros infortúnios da existência
Mergulha no labirinto de sonhos utópicos
Na memória fotográfica da mente
Estático espera a liberdade da morte
À mercê das sentinelas algozes do tempo.
104 - Despertar
Não faço parte do mundo dos sonhos
Sou energia, sem forma definida
Autocrítico, detesto drama, melancolia
Esperto, às vezes perto, às vezes longe
A espreita da meta a ser definida
Não tenho amigos covardes ou eternas vítimas
Não tenho amigos com o Ego desmedido
Sei esperar que a letargia finde
Sou pedra, sou cajado para apoiar desvalidos
Meu nome, renascer
Sobrenome, recomeçar
Meu habitat é o interior de cada Ser.
105 - Falta de Tempo
De olhar-me no espelho
Descobrir que através das rugas
Que sulcam a face, ainda existe vida
De olhar relógio do Cosmo
Não sentir divisão do tempo
Mistura do passado e presente
Sem aspirações do futuro
De não olhar o caminho
Pois ele se tornou conhecido
Palmilhado e não vivido
E assim passa a vida
Sem saber se faltou tempo
Ou não quis viver o tempo.
106 - Mulher
Tem em ti o receptáculo da vida
Ora criança, trazendo alegria e graça
Quando dia é emoção, água jorrando
Ora madura, ousada e insinuante
Quando noite é paixão, fogo queimando
Mulher, te amar é uma viagem sem rumo
Por labirintos perigosos e desafiadores
Penetrar em universo desconhecido
De luxúria e pensamentos insanos
Mulher és deusa sem coroa e sem cetro
Despes o corpo sem preconceitos
Conquistas e te entregas vorazmente
Mas esconderás sempre, tua essência.
107 - Amanhecer
Da noite escura só lembranças
Sonhos despedem-se na aurora
Escondem-se sombras da madrugada
O amanhecer desperta sonolento
A brisa fresca brinca com folhas
Libélulas esvoaçam graciosas
Rei Sol espalha seus cálidos raios
Reina com soberania e elegância
A realidade se faz presente
Orvalho beija flores silvestres
Imagens dos passageiros do tempo
Transeuntes que passam nas ruas
Multidões de várias raças e credos
Absortos em seus pensamentos
Caminham em busca da esperança
Atalhos em companhia do silêncio.
108 - Magia de viver
Viver é uma magia constante
Às vezes, como mágicos,
Saltitamos as linhas do destino
Perdemos o equilíbrio
Usamos notas do coração
Idealizamos fantasias
Somos reis ou lindas rainhas
Habitamos castelos encantados
Confinamos segredos no porão
Às vezes no picadeiro,
Somos palhaços mágicos
Mascarando toda a face
Para a tristeza esconder.
Ou, sentados em camarotes,
Aplaudimos emocionados
Quando de uma cartola saem
Pombas brancas em sinal de paz
Às vezes, somos Anjos alados,
Que sobrevoam as alturas
Caminhamos entre nuvens
Para beijokar as estrelas
Recebemos dons divinos
Como poder o verbo expressar
Soltar versos mágicos
Para caminhos iluminar
Somos mágicos na arte da vida
Previsível ou imprevisível
Encerramos o espetáculo
Sob o som de mil aplausos.
109 - Nas asas dos sonhos
Aceitei convite do senhor do Tempo
Em suas asas viajei por este Universo
Adentrei, sem medos, em novo espaço
Onde é possível abraçar a felicidade
Esperança, harmonia, união, amor
Um espaço sem nuvens grossas
Livre das tempestades que assolam
Onde lições de sabedoria são ofertadas
Ao pé dos pensamentos, na raiz da lógica
Esculpindo formas de lembranças na memória
Espaço de ar puro, com brisa em sussurro
Cantando doces melodias para reflexão
Horizonte distante, onde mora arco-íris
Almas repousam, homens sonham.
110 - Navio Negreiro
Navio negreiro que navegas pela imensidão
Carregando acorrentados sentimentos de dor
Sem leme, sem comandante, sem tripulantes
Sem rota definida no tempo, do ir e voltar.
Calabouço de negras ilusões, caos sem fim
Correntes que se arrastam como um lamento
Almas que se debatem e choram ao sentir
A frustração dos corpos feridos e desfalecidos.
Odor fétido dos moribundos inunda o ar
Corpos apodrecidos, que como fantasmas
Sepultados, habitarão as profundezas do mar
Apenas a lua e as estrelam iluminam teu nome
Mal escrito quem sabe, por trêmulas mãos
VIDA, uma soma de ciclos a findar.
111 - Negro é filho de Deus
Além do horizonte, em um continente africano
Um povo que nasceu livre e feliz em sua terra
Por brancos inescrupulosos foi sequestrado
Transportado em calabouços de navios negreiros
Do Congo, Angola, Guiné, Moçambique, Luanda
Para escravizados, viverem neste Brasil imenso.
Teus antepassados tinham marcas na Alma
Cerceados, sem a liberdade física e religiosa
Aprenderam que o negro vai para o inferno
Enquanto, o branco vai residir no céu
Tuas divindades foram rotuladas de maléficas
Pois os lamentos na senzala eram para atrair o mal.
Não esquece que teu povo no passado
Foi marcado a ferro e fogo como gado
Acorrentado, chicoteado e dilacerado
Derramando lágrimas, vertendo sangue
Fugindo dos brancos para os Quilombos
Por não suportar a humilhação e a dor
Honra o que as raízes que tua história registra
A memória do líder Zumbi dos Palmares
Que teve sua cabeça cortada e salgada
A qual foi exposta impunemente em praça pública
Para desmistificar a lenda de um guerreiro
E a crença na imortalidade de Zumbi
Não permita que te roubem a identidade
Que teus atabaques falem em toques
Que tuas divindades sagradas dancem a paz
Pedindo a Deus, “nosso sinhô do branco”
Ao Pai Olorum, que é o “nosso sinhô do negro”
A igualdade, em um Brasil de Paz.
112 - Descolonizar o Brasil
Passado
Invadiu nosso Brasil com a colonização
Considerou índios, nossos habitantes
Selvícolas, sem religião e cultura
Resultou o tráfico negreiro
Dilaceraram corpos e sentimentos
Em nome do progresso e dinheiro
Presente
Deixaram como herança colonizadora
O preconceito enraizado na Pátria
Hoje, negros e índios fazem parte
De uma casta denominada subalternos
Índios sem direito a voz e suas terras
Negros considerados seres abjetos
Futuro
Nas mãos e mente dos homens do poder
Corrupção, semeada por povos europeus
Sistemas falidos, Instituições em suas instâncias
Desigualdade social entre irmãos e raças
O que nos resta? Grilhões e mordaça?
Ou, a resistência que mata antes do tempo?
113 - Essência do Verbo
Qual o tempo que é expresso?
Quais os motivos da oratória?
Povoar mente de inquietações?
Ou emoções de sensações?
Até transformar em sentimentos
São palavras que criam formas
Ou, escritas em pergaminhos
Para registrar dores ou alegrias
Autenticar vidas com biografias
Grafias que nos falam da existência
Movimento ou tétrico silêncio
Passado, insight da memória
Presente afirmando sentenças
Futuro, enigmas de sua essência.
114 - Nostalgia
Hoje, abri as portas para a nostalgia
Com serenidade recepcionei lembranças
Hospedei fantasmas, visitantes noturnos
Soprei as nuvens que cobriam memórias
Coletei fragmentos de quimeras
Sem medo, olhei para o espelho do tempo
Encontrei perguntas sem respostas
Segredos etiquetados por ciclos
Entulhos de desesperanças
Sentinelas, trancafiando desejos
Silêncio de pêndulos enferrujados
Evocando contornos excluídos
Pela palidez das faces nos retratos
Invadi o receptáculo dos sentimentos
Joguei nas labaredas baú dos mistérios.
115 - Mar
Magia infinita o vai e vem das ondas
Que explodem na muralha do cais ou beira-mar
Sem obstáculos, como sentinelas de ronda
Responsável para cada sonho acalentar
A maresia traz de volta emoções
Profundas dentro de nosso ser
Reflexões em oração com devoção
Esperanças alegrias ao amanhecer
Vagas, em sua imensidão tempestuosas
Arrastando, destruindo tudo em seu caminho
Inquietas, turbulentas, intensas, violentas
Espumas serenas, pacíficas
Fonte de doce inspiração e melancolia.
116 - Notívaga
Solidão noturna é ponte
Sobre vazio da existência
Onde indefesa notívaga busca
Rotas para alcançar metas
Mas a noite tem seus perigos
Lúgubre sua paisagem
Sons e palavras ilusórias
Esperanças que se avolumam
Entre pêndulo velho relógio
Teias estendidas do tempo
Direção ao despenhadeiro insone
Indeciso, atravessa a ponte dos sonhos
Envolvido por suas doces quimeras.
117 - Poema
São acordes do infinito
Sincronia com a alma
Do poeta que sente a melodia
Permear suas emoções e sentimentos
Música no compasso dos ponteiros
Relógio do tempo na existência
Poema é inspiração que jorra
Fonte eterna da sensibilidade
Narra vivências pessoais
Ou sobre a vida da humanidade
Poema não tem barreira nem fronteira
Repercute em todos os idiomas
Permeado de sentimentos e magia.
118 - Esperança
Era verde como as águas do mar
Ultrapassava o horizonte distante
Mergulhava no mistério do infinito
Nasceu como estrelas no firmamento
Ultrapassou os ciclos do tempo
Cresceu crepitando como labaredas
Invadiu as emoções e sentimentos
Vestiu-se de paixão e amor
Até que a desilusão se fez presente
Vestiu-se de negro, fez-se luto
Como herança, desejos contidos
Refletidos em um passado de mágoas
Espinhos que dilaceram o presente
Um óbito sem quimeras e certezas
Fogo-fátuo da desesperança.
119 - A mão livre
Desenho de caminhos traçados
Entre alamedas suavemente pintadas
Suas nuances pinceladas e esmaecidas
Ao rés do chão, um tapete macio
Cor de ouro com tons de ferrugem
Presente da natureza, folhas outonais
Silhuetas aconchegadas no passado
Hoje, distantes, registros na lembrança
Amanhã, doces quimeras em cinzas
Fazem parte do tempo, ciclos da vida
Dos trilhos dilacerados que habitam a alma.
120 - Amor Proibido
Quem fala em amor proibido,
Não sabe o que é amor
Sentimentos não são aprisionados
São sensações, emoções lapidadas,
Que o tempo transforma para germinar
Faz parte da carne e alma
Vive no cárcere dos tabus e traumas
Pois não existem amores pecaminosos
Existem sim, seres insensíveis
Que não conjugam o verbo amar
Pois o amor acontece naturalmente
Não vive passagens do tempo
Pois as regras traçadas no passado
São grilhões da moral que se arrastam
Frustrações que se acumulam.
121 - Meu outono de vida
Hoje, recebo o outono em minha vida
Com lembranças tênues da primavera florida
Com inúmeras recordações de meu verão
As quais, já não fazem parte de meu dia a dia
Não importa a pele enrugada pelo tempo
De quem viajou por outras estações se despedindo
Carregando na bagagem as experiências vividas
Semeando, arando, para nesta estação colher.
Meu Outono é o presente, tem que ser pleno,
Mesmo amareladas as folhas recebem o orvalho
E a alma, não tem idade, não tem tempo
Para deixar fluir sua essência escondida
Permitirei que meu Outono espalhe as folhas
Deixando que a brisa as faça rodopiar
Sem me preocupar com a direção ou destino
Quero ser eu, apenas eu, nada mais.
122 - Meu nome é felicidade
Realmente, não estou em nenhum lugar
Porque resido em você,
Como não sou concreta, você não me vê
E, em sua vida, tudo que te rodeia
E pode te fazer feliz você afasta,
Seus olhos perdem o brilho
Sua face não tem sorriso
Seus pensamentos oscilam como o vento
Suas percepções são condicionadas
Suas emoções desconcentradas
E eu, lá estou tentando fazer,
Com que você desperte e renasça
Que aprenda a dar valor ao que merece
Como ao acordar, dar um bom dia a vida
Se concentrar no trinar dos pássaros,
Observar as pessoas que por ti passam
Agradecer a chuva que molha a terra,
Estender a mão para fazer um afago
A uma criança que vive nas ruas
A um ancião que carece de atenção
A uma flor que desabrocha
A despertar teus cinco sentidos,
Eu sou intocável, sou emoção, sou qualidade
É preciso apenas, comigo querer conviver
Estar pronto para me conquistar
Desejar ser afortunado, contente, satisfeito
Construir teus projetos de vida e realizá-los
Individualizar teu Universo interior
Pois, ser feliz é somar os instantes plenos
E conservá-los através do tempo.
123 - Paixão
Liberada pelo fogo em labaredas vorazes
Soma sentimentos com insanos desejos
Torpor invade e embriaga a mente
Incendeia sentidos. na carne se faz presente
Paixão não tem medidas, regras coerentes
Nasce ousada se instala sem pedir licença
Crepitar de fogo interior constante
Acorrenta e encarcera sua libido
Corpos nus, pensamentos devassos
Sussurros de palavras sem nexo
Fusão em chamas, verso e reverso.
124 - Aprendi ter amigos
Desenvolver auto amor
Respeitar minha individualidade e liberdade
Meu direito de ser, cada um tem seu DNA
Sem ser mais ou menos que alguém
Desta forma, os aceitando sem querer,
Que pensem e que ajam como eu
Energias se sintonizam ou se confrontam
E, se não houver equilíbrio pleno
Não serão encontros que se eternizam
Não conheceremos o querer bem
A vida é tão fugaz que não percebemos
Sua essência, nem a nossa, nem dos amigos
Que o tempo urge, almas anseiam
Que todos encontros marcados, sejam alicerçados.
125 - Anciã
Brisa já não desfaz teus cabelos
Tua face corada foi substituída
Pela nítida palidez violácea
Sulcada de rugas pelo tempo
O qual não perdoa e deixa marcas
Teus olhos são fixos no vazio
Perderam o viço e a luminosidade
Tuas mãos, enrugadas e gélidas
Não se erguem mais para um afago
Em teus raros momentos de lucidez
Lembras energia que te envolvia outrora
Esboças um trêmulo sorriso de criança
A lágrima suave escorre pela face
Não sabes quando,
Mas queres que o adeus seja breve.
126 - Apenas sou
A brisa que teu rosto beija
Nas cálidas noites de verão,
O vento forte que movimenta
As marés das emoções,
Aroma de flores silvestres
Que germinam nas estações,
A máscara da alegria
Que acompanha o cotidiano
Arquivo de memórias
Da alma que em segredo
Confina sentimentos,
Inspiração para novos rumos
Esperanças de realizações,
Luz, energia e cor
Que ilumina teu caminho,
Onde teus passos compassados
De mim, se distanciam.
127 - Palavra
Palavra é verbo
Liberdade de expressão
Soma de letras soltas
Vivenciadas na alma
Escritas em papel
Quando pronunciadas
Ficam à mercê do vento
Que carrega como plumas
Por este Universo imenso
Quando escritas em uma folha nua
Tatuam como em corpo despido
Tornando o poeta amante
Como cúmplices formam elo de amor
Pois ali deposita mistérios e segredos
Espalhados entre linhas para se perpetuar
E, mesmo que os papéis se rasguem
A palavra do poeta, lembrada será.
128 - Natureza é um poema
Galhos se cobrem de folhas
Campos se vestem de verde
Ornamentados de singelas flores
Margaridas, papoulas, centauras
Malmequer e formosos girassóis
Beija-flores fazem acrobacias
Para sugar o doce pólen das flores
Dálias, açucenas e begônias
Borboletas pousam suavemente
Na zínia, lantana, verbenas
Natureza é poema sem letras
Sem linhas nos pergaminhos
Melodia para cinco sentidos
Beleza incomparável captada
Pela visão da janela da alma.
129 - Setenta
Despertei lépida e agradeci
Nova década para vencer desafios
Ergui os olhos ao infinito
Entrei em conexão divina
Pedi saúde, alegrias e paz
Ousadia para alcançar metas
Impulsionada pela esperança
Desfrutar a liberdade cotidiana
Sem ultrapassar meus limites
Sem invadir a privacidade
Dos indivíduos, meus semelhantes.
130 - Solidão
Quando cerro olhos na noite
Sinto-me só meio a tantos
Companhia fantasmas solidão
Fiel companhia que lembra
Vibração insensata e incessante
Erros, perdas, agonizantes
Entre horas que somam tempo
Convivo com sonhos desfeitos,
Realidade cruel, sem formas e cor
Reticências, vírgula, ponto final
É voltar-se ao interior, ao caos
Sentir-se livre, sem liberdade ter
Carne dilacera e sangra
Percepções entre as brumas da vida
Como rastro vazio imenso
Memória ocupada esquecimento
Onde alma presa chora
Em prantos, seu desalento.
131 - Feliz Natal
Pedi carona amigo vento
Para trazer cesta pesada
Enfeitada com laços de fitas
Flores coloridas e perfumadas
Separei em caixinhas enfeitadas
Todos sentimentos nobres
Cuidado ao abrir as maiores
Trazem presentes encantados
Solidariedade e amor
Dividir com humanidade.
132 - Feliz Ano Novo
Enfim, Ano Novo se avizinha
Vamos recebê-lo com grande magia
Como sou uma pessoa solidária
Ajudarei com amor e carinho
Peça licença ao Elemento Terra
Junte gravetos dos bosques e florestas
Vamos chamar o Elemento Fogo
Acender a lenha com maestria
Colocar no fogo caldeirão da bruxa
Chamar o Elemento água preencher
Murmurar pedidos Elemento Ar
Para que brasas não deixem de arder
Agora o ápice da poção mágica
Fadas trazem flores perfumadas
Duendes carregam raízes encantadas
Gnomos trazem cesta de cristais
Ondinas no lago entoam cantos
Elfos levitando nos sopram a paz
Alquimia da poção ferve até a ebulição
Agora acrescente grandes dosagens
Esperança amor, paixão, união e saúde
Lembre-se da estabilidade e equilíbrio
Sucesso, bonança, prosperidade
Quase pronta, vamos dar toque final
Desejar para semelhantes bênçãos
Na mesma proporção que deseja a si
Missão concluída, agora é só sorver
Receita mágica de Ano Novo. para você.
133 - Amigos são elos
Não se deterioram com o tempo
Pilares que sustentam sentimentos
Mesmo distantes se fortalece e permanece
Unidos por fraternidade através do tempo
Amigos são aqueles que nos dizem não
Tecem críticas e nos afastam do perigo
Incentivam o despertar e o renascer
Alertam sobre desafios no caminho
Amigos de honra, caráter ilibado
Valorizam a palavra empenhada
Acompanham trajeto com fidelidade
Amigos elos de ouro trazem força
Amigos elos de prata ensinam justiça
Amigos elos de cobre mostram temperança
Amigos elos de aço alertam prudência.
134 - Notas poéticas
Poesia acordes do infinito
Música relógio no presente
Horas passadas, mas não medidas
Alma, energia sutil
Vida, energia plena
Nuances coloridas natureza
Tonalidade vozes em enlevo
Esplendor, alegres sorrisos
Transcendência, olhar permeado magia
Lágrimas que vertem da face
Chuvas que alimentam a terra
Horizonte íntimo dos sonhos
Ventos que sopram brisas
Em um tempo sem tempo.
135 - Odoiá
Iemanjá, divindade mares
Quando tudo era imenso oceano
Imperscrutável, silencioso e destruidor
Senhora da energia misteriosa e criadora
Mãe que embala vida em suas entranhas
Sopro das emoções e inspirações
Vagalhões ruidosas que dançam
Explodem espumas beira-mar
Protetora dos que navegam teu reino
Que não temem desafios profundezas
Buscam alimentos à sobrevivência
Mãe, sonhos oníricos que invadem a noite
Enquanto Lua te reverencia no mar
Abençoa a humanidade,
Odoiá Mãe Iemanjá.
136 - Mar e Lua
Eis o mar,
Vertente de energia e poder
Misterioso, pragmático, indomável
Vagas se agitam melodia do vento
Rugido ensurdecedor quebrando ondas
Explodem majestosas na areia
Eis a Lua,
Dama da Noite, ousada e sensual
Cobre mar com manto prateado
Esconde o idílio envolvente
Iluminado por estrelas cadentes
E suave, silêncio profundo,
Seus raios possuem o mar
Êxtase mágico e profano,
Até Sol despontar.
137 - Sentenças
Um dom, verbo, união de sílabas
Que penetram na essência
Grafia que tatua e deixam mensagens
Verdade, autênticas, zelosas,
Inverdades, sentimentos sem cuidado
São vogais, consoantes, pronunciadas
Pelo poder ou magia, sementes
Escolhas que vento lépido carrega
Tuas e minhas.
138 - Asas da Liberdade
Convite subir às alturas
Descortinar mistério da vida
Viajar rastros imenso infinito
Mergulhar vácuo célere tempo
Repousar sem pressa âmago alma
Despir-me vestes ilusórias da terra
Romper grilhões que forja a vida
Conhecer nudez da essência
Novos horizontes sem fronteiras
Plenamente viver outras venturas
Ser apenas eu, melodia e poesia.
139 - Poesia uma vida
Um verso, uma rima?
Nem sempre,
Pois poesia não pode ser violentada
Um verso tem métrica?
Nem sempre, pois poesia não tem medida
Sílabas necessárias são aquelas
Que compõe o sentimento retratado
Sílabas átonas, tônicas, ditongos, tritongos
Lembra-me aulas de Português e Literatura
Não busques palavras que combinem
Como jovem apaixonado que necessita
Encontrar palavras para conquistar amada
Libere suas palavras, que jorrem da fonte
Na intensidade em que são escritas
Quentes, frias, secas, melódicas,
Banhadas pelo orvalho celeste, pois ele é
O refrigério das emoções e sentimentos
Renova o que está desgastado e exaurido
Libera o poeta para magia noturna
Com a cumplicidade da deusa Lua
Para que palavras sejam precisas
Permeadas de significados que germinem
Em ti, através de sementes
Como mistério da gestação
Que cria vida e nela se perpetua.
140 - Desejos
Hoje quero ser desconhecida
Não quero compromissos
Lembrar o passado, pensar no amanhã
Quero viver a noite sob a luz do luar
Ver firmamento estrelado deitada na relva
Escutar murmúrio das águas, dançar entre flores
Ver arco-íris de sonhos e voar livre como borboletas
Sem saber para onde ir, sem querer retornar
Quero permitir minha alma, realizar sonhos
Tempo certo para viver, sentir, despertar.
141 - Brevidade
Tudo é breve nas frações do segundo que circunda
Habitat do homem, a Mãe Terra, seus reinos
Ciclos transcorrem sem que vejamos
Nascer, fenecer e renascer de cada instante
Por quantas dimensões a matéria transita
Entre duelos para o polimento da consciência
Labirintos ardilosos do Ego, a inconsciência
Até mesmo a adversidade que traz sofrimentos
Revestida de desencanto e desassossego
Brevidade são energias incontáveis, enquanto vida
Brevidade são suspiros, na alegoria da morte.
142 - Mães abençoadas
Deus inspirado escolheu Mães
Ofertou a cada uma, atributos divinos
À Maria, a benção de ser Mãe de Jesus
Com desvelo semear a terra de amor
A Mãe Natureza cuidar dos três reinos
Proporcionar o abrigo e alimento
Entre a vastidão da terra, rios e mares
À mulher deu a benção da sabedoria
Para cuidar do fruto gerado, seu filho
Guiá-lo pelos tortuosos labirintos
Dos tentadores engodos da existência
Ser farol na escuridão dos caminhos
Dos frágeis homens que necessitam
Deu aos seres dom do Livre Arbítrio
Inúmeros frutos pútridos proliferaram
Maculam Mãe Maria renegando a fé
A Mãe Natureza destruindo seus reinos
Crucificam a Mulher Mãe com desamor
Mãe és patrimônio da humanidade
Dos filhos, homens de boa vontade
Pois as fiandeiras de nosso senhor
Teceram teu nome com fios de ouro
E será guardado na eternidade.
143 - Estações, flores, amores
Viçosos botões primaveris brotam na natureza
Mostram energia da vida e a beleza do germinar
Inspira poetas, pintores, aflorar dos amores
Amor criança que o coração se enamora
Alimentado por sonhos, carinho extasiante
Preenche vazio solidão com esperança.
Chega verão flores viçosas, energia juventude
Inebria ar com exalar de essências
Paixão como fogo abrasivo incendeia
Alimenta emoções vividas por momentos
Amores que nascem da carne, sem medo
Fome da posse, caça, libido atuante
Vem outono e ventos despem árvores
Flores despencam, cobrem a terra
Sentimentos maduros nas asas da certeza
Tornam-se meigos, ternos, repletos de sensualidade
Rompem barreiros do convencional, do proibido
Sem ser percebido, se infiltra se fixa
Anuncia-se inverno que cobre de gelo, rios e lagos
Jardins, bosques, florada, se vestem de branco
Amores transformam-se em nostalgia
Emoções hibernam viagem inconstante
São raras flores e amores que vencem a neve.
144 - Vindima
Vindima, dia alegre, néctar são preparados,
Colheita, homens, mulheres, crianças,
Nas mãos carregam baldes, cestos, tesouras,
Deuses Dionísio e Baco observam inebriados
Ir e vir entre canções que instigam sentidos
Máquinas e pés esmagam suculento fruto,
Porções do mosto são deitadas em pipos
Armazenados longos meses até ser sorvido
Abençoado por deuses, vinho atravessa a história
Com destaque no altar de várias religiões
A videira e o vinho sempre presentes
Rituais em quase todas as celebrações
Às vezes sagrados, outros profanos,
Desde os primórdios da civilização.
145 - Falar de amor
Impossível descrever este sentimento
Envolve a percepção, sensação, emoção
Profundidade transcende palavras
Incandescente chama que arde
Lembranças que afloram nos instantes
Quando eu e tu alquimizamos o “nós”
História de amor, mágica, perfeita
Emocionante, inspiração de vida
Intensa e fascinante que sobrevive
Intempéries que tempo apresenta
Falar de amor é versos de poema
Transcrito no alfabeto do silêncio
Para não acordar o eco e o vento
Neste percurso íntimo de prazer.
146 - Encontros marcados
Registrados no tempo
Se expandem e cobrem
Universo e homens
Para realizar sentenças
Sem predefinição ciclos
Início, meio é término
Pois tempo é inconstância
Apenas o acaso propulsiona
Encontros de quimeras
Àquelas vivências passadas
Ou, metas e objetivos presente
O destino viaja entre multidões
Escolhe sucessos e insucessos
Entre douradas auroras
Tênues tons crepusculares
Pensamentos e sentimentos
Unindo semelhantes em assemelháveis.
147 - Eros
Banquetes, uvas, vinhos
Homens e mulheres sedentos
Com movimentos lascivos
Dançam, se enroscam, se tocam
Homenagem irreverente
Ao Amor e Eros, seu Deus
Audaz, corajoso e guerreiro
A espreita de corpos curvilíneos
Caçador, astucioso, ardiloso
Entre ser mortal e imortal
Entre amor e a sensualidade
Eros, um Deus entre Deuses
Mito que se rendeu à Psique,
Uma simples mortal
Até que, Zeus em sua complacência
Imortaliza a bela Psique,
Para unidos, jovens amantes
Transformarem o Olimpo
Jardim do Éden paradisíaco
Para imenso amor eternizar.
148 - Eu queria
Eu queria uma vida assim com você,
Sem compromisso, sem ver o tempo passar,
Sem deveres com hipócrita sociedade,
Sem tempo para ficar, sem programar dizer adeus.
Eu queria uma vida assim com você,
Mas sei que querer não é ter
Sei que não posso dizer-te isso
Talvez, por medo, de você não querer
Eu queria uma vida assim com você,
Sem nome, documento, barreiras, fronteiras
Limitações, sem consciência
Sem fugir, me esconder.
Eu queria uma vida assim com você,
Mas é muito querer, é muito não ter
Viro mais uma página da vida
É bem mais fácil esquecer.
149 - Êxtase
Nós, na busca caminhos inexistentes
Nas sinuosas curvas atalhos
Estradas povoadas ilusão
Emaranhado sensações
Teu olhar sensual permeado desejo
Teu beijo, onde sorvo o néctar dos deuses
Tuas mãos que dedilham meu corpo
Extraindo dos ais, sinfonia.
Sentir que és minha âncora prazer
Ânfora transbordante para saciar sede
Fonte seca e desfalecida do amor
Dias frustrados e noites de desejos.
Um tempo de doce ilusão
Eu e Tu, na sintonia das emoções
Entre nós, tempestade da paixão.
150 - Elemento Fogo
Sou fogo, energia, vida
Em todos reinos, todos sentidos
Inquieto, irreverente, sem barreiras
Nas labaredas vivas me pronuncio
Habito e navego entre Leste e Oeste
Na mente sou criatividade e inspiração
Nas entranhas do homem sou paixão
Projeto sensualidade emoções
Conhecido como mestre da sedução
Sou espírito da aventura e ousadia
Movido por vingança e destruição
Nas guerras, nos vulcões que acordam
Nos raios e relâmpagos que assustam
Início e fim, contínuo movimento
Presença da fé que traz a purificação
Esperança do renascer caminhos.
151 - Invernada
Veste natureza branco e cinza
Dias tristes, gélidos
Noites tétricas sem sono
Acompanhadas de lembranças
Fantasmas percorrem mente
Acentuando solidão e perdas
Silêncio toma forma se faz presente
O vento se torna surdo ao meu suspiro
Vendavais assobiam assustadores
Ecos retornam invadindo natureza
Acordando animais hibernando
Marés com vagas violentas
Água invade terra, natureza humana
Anunciam morte madrugada.
152 - Na próxima estação
Trilharemos mesmos caminhos
Sem distâncias e desencontros
Bagagem, confrontos,
Desembarcaremos ofegantes
Sem perguntas e remorsos,
Caminharemos de mãos dadas
Desde o amanhecer até o ocaso,
Relembraremos sonhos coloridos
Alimentados por esperanças
Seremos dois em uma energia só,
Para liberar sensações e emoções
Sentimentos puros e conflitantes
Que aqui, não é possível vivenciar,
Pois és como o Sol
Que de energia inunda a terra,
Eu como a Lua
Vivo nas brumas da saudade,
Que passam dias e noites esperando
Um eclipse para se amar
Próxima estação é passagem de todos
Sem dia e hora pré fixada na mente
Registrada apenas na alma
O eternizar.
153 - Canção para Zéfiros
Canção preenche a floresta encantada
Inúmeras folhas friccionam cordas de aço
Produzindo sons em violino afinado
Escala musical entre semitons
Cada corda com seu timbre sonoro
Sol, encanto e mistério,
Ré, sonoridade profunda,
Lá, estação outonal abraçar,
Mi, Zéfiros, o vento incisivo,
Que pincela tela do firmamento
Nuvens velozes, sem norte, em desalinho,
Na terra, entre bosques, planícies e veredas,
Folhas secas e mortas em redemoinho.
154 - Falando em Borboletas
Lagartas misteriosas se escondem em casulos
Sua beleza, evidenciada por matizes coloridas
Enclausuradas que permanecem em silêncio
Até o momento do despertar para a liberdade
Ao romper a seda se entregam ao sopro da brisa
Transformando-se em borboletas repletas de energias
Voando sem rumo, desconhecendo destino
Livres, levando mensagens de amor e alegria
Abram a porta meu Jardim Secreto
Onde cultivo flores coloridas e perfumadas
Se sirvam, do néctar, do mel, ali escondido
Beijando suavemente, as flores que tem vida
Quando saciarem fome, sede, cansaço
Abro a porta para seguirem seu rumo
Quando alçarem voo na imensidão
Recolho-me ao meu jardim secreto.
155 - Discurso
É falar de cores e flores
Florais aldeídos
Ou Chipre florais
Inebriam sentidos
Lembra ventos e brisas
Gorjear asas coloridas
Folhas em balé farfalham
Renascer da vida e alegria
Verde esperança que se fixa
É falar de fadas saltitantes
Que em mágica transmutam
Dor, tristeza e desesperanças
Daqueles passageiros itinerantes
Que acenam em sua despedida.
156 - Crianças
Vem brincar para ser feliz,
Abram alas para dar passagem
As trombetas dos Arcanjos e Anjos
Que anunciam um renascer
Vida que ainda crê
Que a brisa dos ventos
Como arauto da felicidade
Traz mensagens alicerçadas
Do semear nos sentimentos
De ver germinar no silêncio
O tempo, de felicidade e paz.
157 - Creio em Fadas
Nas doces imagens da infância
Para adormecer contavam estórias
Que embalavam sono inocente
Sem saber que as mesmas
Fizeram parte da história
Povos, que em sua época
Cultuavam estes seres mágicos
Creio em Fadas,
Nas desenhadas por mãos hábeis,
Que dançam e cantam,
Afastando nossos pesadelos,
Aquelas que realizam sonhos
Vivem em castelos encantados
Que em um passe mágico
Encantam a vida com alegria.
Creio em Fadas,
Porque creio em Deus,
Natureza circundada de Magia
Em seres com desígnios especiais
Habitam plano invisível
Porque creio nos espíritos
Com uma missão definida
Para cuidar dos três reinos
Criação Divina
Creio em Fadas, pois são energias
Energia não se rotula
Seus nomes foram escolhidos
No universo da fantasia,
Onde moram sonhos
Que habitam o recôndito alma
Para transpor a realidade da vida
Fantasia que serve de âncora
Para o peregrino solitário
Que entre as brumas do destino
Espera sorte, na varinha de condão
De sua Fada Madrinha.
158 - Mestres
Ser especial, missão especial
Artesão das letras e números na formação
Tua voz sempre é melodia de poesia
O giz em tua lousa é um mágico pincel
Que traz um colorido alegre para a vida.
Mestre sábio divide conhecimentos
Doação sem limites, sem restrições
Desbrava caminhos por onde passarão
Milhares de pequeninos que amanhã
Adultos, maduros e responsáveis serão
A recompensa para quem fez a escolha
Carreira de espinhos com abnegação
Chama-se respeito e reconhecimento
Sejam abençoados em todos os dias de vida
Professores, Mestres, Educadores
159 - Bandeira do Brasil
Bandeira com cores, símbolos
Representa identidade de uma Nação,
E, quando tremula com brisa dos ventos
Lembra liberdade, soberania do povo
A Bandeira traz verde da esperança
Simboliza matas onde pássaros gorjeiam
Verdes campos com solos produtivos
Aptos à semeadura e colheita para alimento
Traz amarelo do Sol, ouro de nossas riquezas
Poder, herança da casa Real de Bragança
Tem azul que simboliza abóboda celeste
Cravejada de estrelas que, como diamantes
Representam cada Estado que forma Pátria
Ainda traz a cor da Paz, alvura do branco
Onde está nosso lema de honra e dignidade
Escrito por homens sonhadores do passado.
160 - Brasil varonil
Meu Brasil varonil desperta
Teu deitar em berço esplêndido
Não vê o que está ocorrendo
Que o todo no tudo é imperfeito.
Não viste a gangue da corrupção
Tomar conta dos poderes
Virar doença grave, epidemia
Sem ter antídoto
Relembra dos que aqui não mais estão
Lutaram pela nação com coragem
Deixaram registros na honrada história.
161 - Inexorável tempo
Tempo abre os portais da natureza
Para receber o astro rei e sua corte
Ciclo feito alegria, preguiça
Sol vermelho, dunas escaldantes
Vento morno abraço envolvente
Gotículas ondas beijando areia
Forte aroma no olfato, maresia
Céu diurno que veste anil
Enquanto cigarras entoam canções
Borboletas visitam floridos jardins
Céu noturno cravejado de estrelas
Grama seca iluminada por pirilampos
Serenata solitário trovador
Homem, impulsionado pela ousadia
Navega nas emoções em busca da caça
Mergulha ondas desejo e paixão
Sem refletir que verão é tempo curto
Sol alimenta labaredas ilusão.
162 - Boa tarde verão
Cheiro de mar, gotas sal
Salpicam minha face e acariciam a pele
Maresia, magia, mistério.
Mistura vida que germina no solo
Em abraço envolvente
Traz da água, dádivas à terra.
Mar lágrimas, oceanos da vida
Infindas lembranças, murmúrios dor
Do que o tempo, sem tempo, levou
Aroma maresia de amor.
163 - Dezoito Horas
Sol majestoso, silencioso despede-se
Natureza de forma mágica reveste-se
Matizes pincelam bela tela, o anoitecer
Longínquo, único som na quietude,
Carrilhão dos sinos, doce angelitude
Hora sagrada, religiosos em romaria,
Alma se recolhe para Ave-Maria
Sinfonia dedilha melodia celestial
Reúne fiéis para a constância da fé,
Ajoelhados, rezam em fervorosas preces
Hinos dulcíssimos entoados à Virgem,
Homens e Anjos em um coral uníssono.
164 - Antepassados
Antes de nós, para nós, em nós
Heranças, semelhanças, lembranças
Alianças indissolúveis e eternas
Pois somos a manifestação direta
Culturas e crenças incontestáveis
Soma de hábitos e comportamentos
Simbolizam a árvore genealógica
Sementes que na época germinaram
Outros corpos no porto da vida
Navegaram e zarparam para o além
Esta conexão com o passado
Ajuda encontrar força e sabedoria
Para a jornada do presente e futuro.
165 - Aquarela do Amor
Dois corpos, um arco-íris
Olhar azul índigo
Entre pálpebras semiabertas
Estremece o vermelho da paixão
Beijos voluptuosos tom grená
Nos recônditos pele laranja
Acariciada leveza do lilás
Enquanto véu prata lua
Cobre com manto estrelas
Pincele, toques e retoques
Branco na tela das percepções
Sombras nuances gris projetando
Turquesa sensações e emoções
Amarelo aquece sentimentos
Suaves linhas traçadas de anil
Curvas róseas sedutoras
Explosão desejos carmim
No translúcido cálice do amor.
166 - Amor ao Luar
Recebe tua noite como um presente divino,
Que envia luz do luar para banhar tua nudez
Deita em lençóis e almofadas seda,
Bordados com brilhantes estrelas
Permite despertar desejos secretos
Que afloram desvairados,
Em transe ou misteriosa magia
Não dorme, não sonha, não fantasia,
Permita que másculas mãos percorram teu corpo
Que beijos cálidos umedeçam tua pele,
Que de tuas entranhas brote desejo
Entrega-te as carícias, volúpia
Não te envergonhe gemidos e ais
Libera cumplicidade afagos ousados,
Insanos sussurros, palavras mal pronunciadas
É realidade, união de mentes, emoções,
Corpos cansados, suados, esgotados de paixão.
167 - Bloco ilusão
Ruídos incessantes
Foguetes espocando
Galera cantando
Ritmo samba
Carnavais de outrora
Salões enfeitados
Pierrôs, colombinas
Palhaços, arlequins
Confete, serpentina
Fantasias exuberantes
Aroma de lança perfuma
Carnavais do presente
Máscaras cobrem faces
Exageros, artifícios
Mentes embriagadas
Olhares perdidos, aflitos
Emoções apimentadas
Povo sem rumo definido
Violência, insanidade
Delírio surreal
Trio elétrico sacode o povo
Foliões do Bloco Ilusão
Até quarta-feira de cinzas
Nas avenidas da solidão.
168 - Insights
Tempo viaja entre ciclos
Acompanhado lembranças
Quando longo silêncio descortina
Compartimento da memória
Ativado por insights desnudos
Habitam fantasmas passado
Desejam dizer até breve
Outros permanecem, sonhos
Alimentam vida dias mortos
Às vezes, permeados de doçura
Outros, lágrimas da amargura
Sussurros de palavras antigas
Tempo de melodia e suspiros,
Onde notas partitura acordaram o amor
Amor seres que não pode fenecer
Até refletir nos espelhos da vida
Beleza da morte em sua essência.
169 - A ti Poesia
Por tudo que significas
Cultura desde o início
Do Homem na humanidade
Propriedade do intelecto
Bem imaterial, intocável,
Aos Poetas,
Seres sensíveis, dedicados
Todos segundos de vida
Usam penas e pergaminhos
Através do verbo expressar sentimentos
Tristezas sufocadas, alegrias afloradas,
Ao teu corpo sutil,
Percepções, por um prisma de olhar
Sensações, nossos cinco sentidos
Emoções, naturais e fisiológicas
Transformadas em sentimentos
Palavras que como sopro de vida
Jorram da essência da alma,
Criatividade, sensibilidade, inspiração
Melodia, sonhos, quimeras
Expressa musicalidade
Individual de cada ser.
170 - Me vesti de Poesia
Vestido de brocado na cor da paixão
Bordado com gotículas cristalinas de orvalho
Cobri nudez ombros manto estrelas
Que despontou na negritude firmamento
Escrevi na brisa convite felicidade
Violino dedilhou notas canção
Sussurrou em prece, pedido de amor
Respondeu-me com suavidade a Poesia
Poeta mesmo que verta lágrimas
Atravessa solidão e nostalgia
Entrega-se ao renascer dos sonhos
Transforma fictícias realidades
Encontro de almas, corpos e sedução.
171 - Meus Sonhos
Fogem do passado
Encostas suavemente sombreadas
Entre tempestades ventos quentes
Busca aurora e contínuo renascer
Versos apaixonados, bênçãos de amor
Rapsódias melódicas que atraem
Dedilhar na lira notas de sedução
Meus sonhos voam em suspiros
Rápidos, busca dos desejos secretos
Para realizá-los presente efêmero
Onde teares tecem quimeras
Busca fonte etérea da felicidade
Saciando sede com orvalho da paixão.
172 - Nós
Nós, a sós, caminho inexistente
Estradas povoadas de quimeras
Sinuosas curvas da fantasia
Labirinto e emoção das esperas
Olhar sensual de desejo
Onde sorvo néctar dos deuses
Mãos que dedilham meu corpo
Extraindo dos ais, sinfonia
Ânfora transbordante saciar sede
Fonte seca e desfalecida amor
Dias frustrados, noites desejos
Tempo de doce ilusão Eu e Tu
E, entre nós, a tempestade da paixão.
173 - Vida e Arte
A vida se reproduz em arte
Balé união de corpos
Sintonia intocável almas
Coração palpita forte
Lira de cordas dedilhadas
Canções paz e alegria
Vida é apaixonar-se pelo tempo
Arte é esculpir emoções e sentimentos
Quimeras pinceladas mente
Vida e arte grandes magos
Na magia alquímica felicidade.
174 - O tempo passa
Célere e impiedoso
Não hesita em sua rota
As horas são regidas
Pelo ruído do pêndulo
No relógio da sala
Na ampulheta do tempo
Fotografias desbotam
A memória arrefece
Esquecimento se acentua
Os capítulos são ciclos
Registros da existência
Na capa, vestígios do desgaste
Folhas, papéis amarelados
O homem, distraído com fantasias
Não vê o passar dos minutos
Não tem tempo disponível
Para colorir a tela da vida
E, assim passa o tempo ou,
Quem sabe o tempo passa
Nas metáforas das quimeras
Nos labirintos ilusórios
O último capítulo é escrito
Linhas tortas, grafia trêmula
Alguns rabiscos inteligíveis
Uma lágrima, um suspiro
Fantasmas nas lembranças
Ponto final para a vida.
175 - Almas Afins
Almas corpos errantes, buscas incessantes
Que em vidas passadas marcaram um encontro
Sem data, hora, nem lugar para ficar
Sem saber em que plano, em que circunstâncias,
Em que tempo, o sinal de alerta as acordará
São tênues energias que vivem em silêncio,
Aguardam a fusão para o resgate saldar
Para Almas Afins, só tem dois caminhos,
O destino une em encontro harmônico
Onde possam na plenitude unidade expressar,
Ou vibram em sintonia, por semelhança
Sem pretensões, aprendendo o querer ou o amar
São como estrelas brilhantes no firmamento
Que se olham ao longe, sem poder alcançar
Almas Afins, só tem certeza em sua essência
Que mesmo sem presente ou antever o futuro
Sabem que fazem parte de um tempo sem tempo
A eternidade, quem sabe? Nada mais.
176 - Amizade
São laços que unem
Através de um olhar
Simples gesto
Palavra solta ao ar
Elos que nos circundam
Sente-se falta quando ausentes
Preenchem vazio quando presentes
Não conhecem horas, não registram tempo
Energias que iluminam momentos
Não depende da fé, cor, sexo
Posição intelectual ou social
Isentos de formalidades, documentos
Todos residem em espaço imutável
Onde se crê e, não se mede sentimentos.
177 - Eu Sou
Dia
Borboleta em metamorfose
Sol
Abraça e renova energias
Noite
Silhueta que dança elegante
Lua
Aconchega paixão e amantes
Vento
Serpenteia nos crepúsculos
Garoa
Umedece face e vestes
Tempestades
Relâmpagos, trovoadas
Mar
Espumas melodia vagas
Maresia
Aromas volúpia e desejos
Completude
Som, letras, emoções, poesia.
180 - Breve Vida
Palavras que encantam
Aromas que exalam
Face com sua máscara
Canto aves soturnas
Luz que atravessa o corpo
Gritos assustadores
Imagem refletida
Vento feroz destruidor
Segredos propagados
Formas que a noite da cria
Desconfortante sinfonia
Silêncio circunscrito.
181 - Caos
Foi ontem
É o presente
Destruição
Da ética
Da moral
Morte de ideais
Conchavos políticos
Discriminação social
Indígena é selvagem
Negro é marginalizado
Corrupção é legal
Poder é ditatorial
Fim dos tempos
Da honestidade
Da transparência
Pois a mídia apregoa
Barbáries dos homens
Guerra civil
Guerra psicológica
Guerra Egos insanos
No futuro,
O caos será global
Paz entrou em óbito
No homem, nas Nações
Pois mata-se a cada minuto
E morre-se a cada instante.
182 - Coletâneas
Infinitos sentimentos distribuídos
Percurso da existência
Qualitativos, quantitativos
Sem ver ou saber a quem
Palavras que não calam
Crítica construtiva e destrutiva
Discernimento da lógica
Ou suaves, benfazejas
Dando alento necessitados
Infinitos sentimentos guardados
No percurso das rotas da alma
Sem peso e medida definidos
Sem grandes pretensões ou buscas
Pensamentos aniquilados silenciosos
De lembranças que ora esvanecem
Entre vislumbre da razão e equidade
Sem desvendar a essencialidade
Da intimidade com verdade.
183 - Folhas secas
Brisas mornas brincam com folhas
Que caem ressequidas das árvores
Flutuam entre veredas da vida
Carregadas pelo vento em suas asas
Um balé mágico e estonteante
Prenúncio de maturidade, fim de ciclo
Folhas enrugadas, úmidas do orvalho
Meditam em silêncio com sabedoria
Pois são apenas passageiras da estação
Breve existência, vestida de verde,
Em nudez, não resiste ao vento e ao tempo.
184 - Ermitão da Saudade
Passos trôpegos pelas veredas
Brumas da noite, lágrimas contidas
Assim eu vou, assim vou eu, só
Enfrentando e sobrevivendo intempéries
Aceitando sem lamento o destino
Não por mim desejado
E sim, o que a vida traçou
Ermitão da saudade consciente
Mesmo que o tempo passe
Mente gravou doces lembranças
Na alma, registro da certeza
Reencontro na eternidade.
185 - Árvores
Majestosas, misteriosas
Inúmeros formatos
Caule fino ou grosso
Na terra, todas se enraízam
Absorve do sol energia
Mitigam sede com orvalho
Crescem seus inúmeros galhos
Por folhas são agasalhados
Singelas, entre folhas
Lindas flores despontam
Irão gerar inúmeros frutos
Que produzem sementes
Para semear novas árvores
Energias autossuficientes
Vivem só no meio de tantas
Pois germinam e florescem
Sem depender uma da outra
Nascem verdes planícies
Aconchegantes e floridos bosques
Até nos áridos desertos
Fustigadas pelos ventos
Folhas dançam em lamento
Lágrimas vertem pela seiva
O golpe mortal do machado
Destrói beleza e fortaleza
Homens que esqueçam
Que é fonte de abrigo
Fornecem alimentos
Simbolizam pureza ar
E que sem Ar, vida é extinta.
186 - Primaveril
Sussurro deste vento primaveril
Traz renascer da vida
Exala multicoloridas flores
Fragrâncias que inebriam
Aromas trazem mensagem secretas
Amendoeira em flor novas esperanças
Flores roxas alecrim, muita paz
Amor-perfeito é teu meu pensamento
Açucena certeza de não fraquejar
Gérbera branca pureza e alegria
Rosa vermelha quero te amar
Escrevi resposta às mensagens secretas
Nas asas borboleta e beija flor
Com suave sopro na brisa
Entregar jardim florido de teu amor.
187 - Crepúsculo da Vida
Lareira, fogo crepitando
Fugazes labaredas iluminam noite
Cadeira balança suavemente
Corpo recostado, decrépito pelo tempo
Envolto xale tricotado em cinza
Rosto, frágil, olhar embevecido
Memória em ausências, desfalecimentos
Vento que assobia tem débil sopro,
Na janela amareladas cortinas
Natureza adormecida um deserto
Existência desliza em crepúsculo
Lágrimas inundam faces descarnadas
Entre sombras ser alado se anuncia
Morte estende mãos com sorriso
No isolamento profundo silêncio
Alma lírica tece fios de poesia.
188 - Destino
O homem, diante do vendaval
Que perfaz amargos ciclos
De sua caminhada na vida
Atribui culpa dos insucessos
Ao enigmático destino
Aceita sobrevivência
Submete-se à condenação
Crendo ser seu quinhão de sina
Sem entender a causa e efeito
Letárgico ignora a essência
Que existência é patrimônio
Única herança individual
Destino é traçado na mente
Construído cada instante
Criatividade pensamento
Por nós, em nós, nas obras
Por nós, em nós, no verbo
Na única certeza absoluta
Livre Arbítrio equilibrado
É veículo da felicidade.
189 - Sintonia
Sintonia um clique, um encontro
Que une todos os seres vivos
Atração pelo aroma e beleza da flor,
Pelo brilho de estrelas no infinito
Pela chama ardente do amor
Quando aquilo ou alguém nos faz falta
Sua ausência se transforma em vazio
Esperança de conservar em segredos
Pensar, sentir e, este espaço nada ocupar
Silêncio que fala a iluminada linguagem da alma
Energia sutil, não necessita de forma ou de cor.
190 - Arte do tempo
Aprendi que rugas do tempo
É mestre na arte de amar
Extrai essência de cada estação
Por onde vida passa.
Sorve o brotar dos botões primaveris
Qual libélula graciosa
Ao voar brisa vespertina
Exausta desmaia inconsciente
Névoas efêmera ilusão
Entre raios sol que inebriam
Fausto fogo interior que habita
Energia inquieta e exigente
Chama desejo transcendental
Cálidas chuvas de outono
Como seiva umedece a terra
Amor renasce com sensibilidade
Não se chora de dor, saudade
Ousada busca, permissão de doar
Intenso nevoeiro que cobre gélido
Congela Alma se não for lépida
Vertente amor se esvai.
191 - Sinfonia Vento
Céu pintado de nostalgia
Notas melódicas despem
Folhagens galhos
Para acariciá-los ternamente
Cumpriu seu tempo
Mistérios e magias
Maturação frutos
Em brandos sussurros
Outono diz a terra
E sua nudez – Adeus
Deixa emoção partida
Sentimento saudade
Leva asas do vento
Seiva pulsante vida.
192 - Impulso
Brota sem planejamento
Impulsiona a realização dos sonhos
Alimenta os textos em sua construção
Surge das aquarelas da vida
Onde o colorido das paisagens
Refletem-se nos desejos da Alma
Oferta-nos asas para voar no tempo
Germina a tranquilidade e paz
Promove a beleza em todos os seres
Mostra os milhares sóis e luas
Um universo da alegria
Desfaz os grilhões
Que em nós se arrastam.
193 - Sintonia
Um amigo, dois, três amigos
Não importa número na colheita
Percurso existência
Fazem parte de lembranças
Quando estão em silêncio e distantes
Ou, quando partiram outro plano
Fazem parte alegria cotidiano
Quando estão presentes
Alegram-se com nossas vitórias
Consolam quando ocorrem derrotas
Amigos são feitos sutis energias
Circulam sensações, emoções
Se sustenta de forma atemporal
Desconhece passado, presente, futuro
São sementes plantadas sentimentos.
194 - Utopia
Sentada no penhasco
Na íngreme encosta
Acima, azul índigo infinito
Abaixo, murmúrio profundo oceano
Entre vagas explodindo pedras
Com ondulações retornar mar
Gaivotas graciosas sobrevoando
Anunciando liberdade plena
Sintonia essência criação
No horizonte tremulam velas
Sopradas calmos ventos
Veleiros beijam espumas
Lemes não seguem rotas
Tripulantes entregues deriva
Busca porto para ancorar.
195 - Boa noite Poesia
Brisa suave envolve entardecer
Prado repleto de margaridas
Sol faz sua despedida
Brumas tristes densa noite
Escondo alma no refúgio
Encontro minha essência
Entre emoções, sentimentos
Grafando versos e prosas
Odes ao amor, sonetos, poemas,
Expresso tempestade de ventos
Sinto-me fenecer cada momento,
Encontro tênue esperança
Alma Poeta renasce como Fênix.
196 - Obscuridade
Tantos sem pátria e abrigo
A margem pérfida sociedade
Guiados insanos instintos
Descem ao abismo
Lugares profundos, inacessíveis
Acompanhados dor e loucura
Movimentos impetuosos
Claridade de relâmpagos
Corta céu, infiltra-se terra
Incendeia mágoas entrelaçadas
Com tempestade do infinito.
197 - Crepúsculo Outonal
Cores do crepúsculo alimentam poetas
Sintonizam seu arco-íris com Alma
Neste momento, emoções afloram
Um olhar perplexo a perscrutar
Imensidão infinito, cores amenas
Tempo reflexão, fluidez pensamento
Enquanto brisa dedilha notas vento
Canção nostálgica que faz lembrar
Idas e vindas guardadas saudade
Um tempo de sonhos realizar,
Muitas vezes, sem registros
Pensamento ou escrita
Por timidez ou repressão
Vento do outono dispersou.
198 - Crer no amanhã
Nostalgia, passado distante
Tristeza, deserto árido presente
Inquietude, indagações do futuro
O Eu, esquálido, melancólico, perdido
Sem roteiro definido veredas vida
Sobrevive revestido de inércia
Sem ver segundos escoar no relógio
Confundem-se vozes e ecos noturnos
Intempéries, vento fustigante
Esfarrapa vestes, dilacera pele
Despencam estertor mortal
Cumpriram destino, no silêncio da sina.
199 - Cupido
Flechas atravessam emoções
Menino brincas sentimentos
Mostras estrelas desconhecidas
Despertas sonhos esquecidos
Sintonia acordes celestiais
Em silêncio alimentas ilusões
Sensações entre corpos nus
Revestidos desejos, sedução
Dueto entrelaçado, cego pela paixão
Mas a posse, ainda encontra prazer
Entre sombras e medos da luxúria
Busca de real projeto de amor.
200 - Devaneios
Raios solares
Iluminam a natureza
Flores
Desabrocham multicoloridas
Aromas
Exalam jardins e alamedas
Ventos
Se espreguiçam entre folhas
Águas
Jorram da fonte por rios e lagos
Homem
Notas emoções, sensações
Vida
Canção paz, felicidade, alegria.
201 - Ode
À Poesia entreguei minha vida
Minha transcendental paixão
Seduz-me a intensa Alquimia
Transmutar sensações e emoções
Descrever notas musicais
Que vibram aos olhos da alma
Pincelar belezas universo
Paisagens com tons e nuances
Ousar na arte sedução
Descobrir véus, mistérios
Ânforas segredos invioláveis
Devaneios, carências, desejos
Que tatua cada grafia
Energia vital que ascende
Fogo da paixão em labaredas
202 - Inverno
A melancolia reveste a natureza
Metamorfose de mais uma estação
Céu sombrio, fantasmas desenhados
Chuva e vento assustam pássaros
Pois os galhos são bordados com gelo
Folhas vestidas de tênues cristais
Jardins são tesouros de diamantes
Cobertos por gotículas de neve
Introspecção permeia o homem
Inverno abre o baú das incertezas
Tempo de hibernar nos sentimentos
Nas lembranças, sonhos e quimeras
Entre névoas que cobrem o passado
Presente entre amanhecer e ocaso
Futuro, incógnita longínqua
Na ininterrupta rota do tempo.
203 - Adeus Outono
Bagagens prontas
Apenas folhas mortas
Soluços entrecortados
Assobios do vento
Sinos que tangem
Para o firmamento
Triste e cinzento
O cair da tarde
Lânguido e monótono
Estação da despedida
Outono diz adeus à vida
Abraça o horizonte
Entre a neblina cinzenta
Lágrimas e uma silhueta
Um suspiro em solene silêncio.
204 - Canção do amor
Cantarei suavemente
A partitura com as notas
Que permeiam o amor
Em ritmos compassados
Onde fluem emoções
Cantarei as notas da paixão
Dos desejos que se mesclam
Entre auroras e crepúsculos
Onde corpos se enlaçam
Se fundem em esplendor
Cantarei, cantarás, cantaremos
Melodia física e espiritual
No sublimar dos sentimentos
Canção deste imenso amor
E do âmago do infinito
Ecos da Alma responderão.
205 - Ovos de Páscoa
Doçuras brancas
Como neve invernal
Escuros, brilhantes
Recheados com néctares
Frutais ou alcoólicos
Delícias para degustar
Grandes e majestosos
Pequenas formas ovais
Embalados em papéis
Transparentes, nacarados
Enfeitados com laços
Esvoaçantes e coloridos
Simples ou esculpidos
Satisfazem crianças
Jovens e idosos
Uma semente, um ovo
É energia, é vida.
206 - Fale
Com autenticidade
Sobre sonhos e desejos
Aroma da terra
Seiva úmida da chuva
Gostos, desgostos,
Livros fechados
Vida, alegria,
Falar é descobrir
Que cada palavra
Tem sabor de energia
Da doce felicidade
Fale com o tempo,
Fale com o vento
Fale com o astro-rei,
Com estrelas e lua
Fale com esperança
Nos pensamentos
Nos sentimentos.
207 - Um par
Uma pena
Papel linho
Desenhos
Rabiscos
Lânguidos
Rasgados
Esverdeados
Que imploram
Sedentos
Apaixonados
Carentes
Suplicantes
Esperando
Um tempo
Entrelinhas
Do poema
Doce olhar
Momentos
De paixão.
208 - Parabéns Poesia
Vestido de brocado na cor da paixão
Bordado com gotículas cristalinas orvalho
Nudez dos ombros manto de estrelas
Que despontou negritude firmamento
Escrevi na brisa convite com teu nome
Meu violino dedilhou notas de uma canção
Um sussurrou em prece, um pedido de amor
Respondeu-me com suavidade senhora Poesia
Um Poeta mesmo que verta lágrimas de sangue
É o único ser que atravessa a solidão e nostalgia
Entrega-se ao renascer dos sonhos com magia
Transforma a fantasia e ilusão em realidade
Um encontro entre almas, corpos e sedução.
209 - Melodia Distante
Silêncio na mente
Onde tento abrir espaço
Divagar em pensamentos
História da trajetória
Que memória não apagou
Feridas não cicatrizadas
Fragmentos sentimentos
Cacos emoções dispersos
Esboços sonhos tisnados
Visões entre véus de seda
Sem imagens pinceladas
Apenas melodia distante
Pêndulos em sincronismo
Inexorável senhor tempo
Convite à eternidade
Ascender à mil estrelas.
210 - Verão
Sol ardente
Luz que me habita
Raios flamejantes
Água transparente
Nudez do oceano
Espumas cristalinas
Castelos de areia
Sonhos náufragos
Brisa morna do leste
Arrepia pele
Palavras amor
Revoam infinito
Como asas abertas
Planando, sem destino.
211 - Seja bem-vinda Primavera
Curvo-me aos teus aromas
Aos teus botões multicoloridos
Que se abrem e enfeitam jardins
Curvo-me à tua prudência
Paciência para o tempo florir
Inspirar os reinos da natureza
A sabedoria que em nosso interior
Existe uma primavera para renascer.
212 - Parabéns Poesia
Vestido de brocado na cor da paixão
Bordado com gotículas cristalinas orvalho
Nudez dos ombros manto de estrelas
Que despontou negritude firmamento
Escrevi na brisa convite com teu nome
Meu violino dedilhou notas de uma canção
Um sussurrou em prece, um pedido de amor
Respondeu-me com suavidade senhora Poesia
Um Poeta mesmo que verta lágrimas de sangue
É o único ser que atravessa a solidão e nostalgia
Entrega-se ao renascer dos sonhos com magia
Transforma a fantasia e ilusão em realidade
Um encontro entre almas, corpos e sedução.